Menino de 2 anos tem AVC depois de pegar catapora: "Agora não sabemos se ele vai voltar a falar", diz mãe

Agora, os pais do garoto têm se esforçado para conscientizar outras famílias sobre o risco de consequências graves após casos de catapora em crianças


Pode até ser uma doença comum na infância, mas a catapora nem sempre é tão inocente quanto parece. Diferente do que muitos acreditam, em alguns casos, ela pode evoluir, sim, para complicações graves. Foi o que aconteceu com o pequeno Reuben, de Bromsgrove (Inglaterra). Com apenas dois anos de idade, ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A hipótese dos médicos é de que, justamente, tenha sido uma consequência rara de um quadro de catapora.

Reuben teve um AVC depois de pegar catapora — Foto: Reprodução/The Mirror

No último dia 1 de maio, a mãe, Holly Mather, estava dando banho no filho, quando percebeu que havia algo de errado. Ele fazia uma expressão de dor e, de repente, um dos lados de seu rosto começou a ficar paralisado. Imediatamente, ela chamou o serviço de emergência. "Ele era um menino saudável e normal de dois anos de idade. Foi completamente do nada", disse em entrevista ao The Mirror.

O pequeno Reuben, então, foi levado ao pronto-socorro e teve de ficar esperando até que fosse finalmente atendido. "Quando chegamos ao hospital, eles disseram que achavam que era improvável que ele tivesse sofrido um derrame e pensaram que ele melhoraria sozinho", contou Liam, pai do menino. "Cheguei lá e Reuben nem me reconheceu. Eu estava dizendo aos médicos, 'ele precisa de uma tomografia computadorizada'. Levei meia hora para convencê-los."

Só oito horas depois dos primeiros sinais, os médicos finalmente descobriram que ele havia sofrido "danos significativos" no lado esquerdo do cérebro. Segundo o pai, a equipe do hospital disse que nunca havia visto um quadro de AVC em uma criança tão jovem. A suspeita é de que a situação tenha acontecido depois de um quadro de catapora.

O pequeno Reuben ficou com algumas sequelas. Ele está com dificuldades de mexer o braço e a perna direita. "Ele também perdeu a habilidade de falar, apesar de estar conseguindo emitir alguns sons, ele vai ter que aprender a falar de novo", afirmou a mãe.

Agora, Liam e a esposa têm se esforçado para conscientizar outras famílias sobre o risco de AVC em crianças que já tiveram catapora. "Holly reconheceu o rosto caído imediatamente e sabia que precisava de uma ambulância o mais rápido possível. Por isso é tão importante agir rapidamente, o tempo é crucial."

Qual a relação entre AVC e catapora em crianças?

De acordo com o pediatra e diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (RJ), Paulo Cesar Guimarães, o caso reforça que a catapora nem sempre tem uma evolução benigna, como muitos acreditam. “Qualquer infecção deixa o corpo mais suscetível a outras doenças”, explica.

No caso da catapora, o que pode acontecer é ela causar uma agressão nos vasos do cérebro e uma consequente mudança de fluxo sanguíneo que pode provocar um AVC. Se esse problema ocorrer nas artérias do coração, o infarto também é uma complicação possível, apesar de serem raríssimos em crianças”. O AVC pode acontecer até 6 meses depois de os sintomas da infecção viral desaparecerem.

Sintomas de AVC em crianças

Apesar de as causas serem diferentes, os sintomas de um AVC são bem parecidos em adultos e crianças:

  • Fraqueza em alguma parte do corpo
  • Perda de equilíbrio
  • Dificuldade de caminhar
  • Letargia
  • Sonolência
  • Problemas de visão
  • Dificuldade para falar e engolir
  • Crises convulsivas
  • Irritabilidade
  • Repuxamento da boca
  • Tontura ou dor de cabeça

"Os sintomas em crianças são muito nítidos. Os pais, certamente, saberão que se trata de algo grave. O mais comum é um déficit motor, quando a criança para de mexer um lado do corpo, para de andar, enrola a língua, para de falar. E, na criança, diferente do adulto, em que tudo acontece gradativamente, tudo acontece muito rápido", explica o neurocirurgião Osmar Moraes (SP).

O mais importante é prestar socorro rápido e procurar o serviço de emergência mais próximo. Ao menor sinal de dúvida, o ideal é ir para o hospital imediatamente. A rapidez no atendimento pode ser fundamental para evitar uma piora no quadro.

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