Inglês, natação, balé, aula de robótica, música, de reforço… Já parou para pensar que, muitas vezes, as crianças têm uma rotina tão ou até mais cheia de compromissos do que a nossa? Essas atividades feitas fora do horário da escola são uma ótima forma de os pequenos se divertirem e aprenderem coisas novas, mas tudo que é em excesso acaba não sendo legal.
Assim como nós, adultos, as crianças também precisam de brechinhas na programação para respirar, descansar e não fazer nada. "O ócio é provocativo para o cérebro. A 'falta do que fazer' ajuda a estimular a imaginação e a fantasia", comenta o pediatra Fausto Flor Carvalho, presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também defende que, quando o assunto é a programação semanal das crianças, menos é mais. "Não deixe que a agenda do seu filho seja completamente preenchida por estudos e atividades extracurriculares. Guarde algum tempo — ao menos uma hora por dia — para que ele possa brincar ao lado de fora com liberdade e autonomia", diz a entidade.
Isso não significa que você não precise investir nos estudos e na saúde do seu filho. As aulas de música, de idiomas e os esportes continuam sendo muito importantes para o desenvolvimento dele. Porém, tudo é uma questão de bom senso e equilíbrio. A recomendação de Fausto Flor Carvalho, da SPSP, é de que as crianças tenham, no máximo, duas atividades fora do horário de aula por semana.
"Ficamos preocupados com o currículo dos nossos filhos, mas também temos que pensar em formação de caráter e de outras habilidades socioemocionais. Se você deu uma aula de introdução musical, isso já é um norte. Ele não precisa virar músico. Se tiver talento, vai explorar. Nosso papel é só permitir que as crianças experimentem", afirma Fausto.