Desenvolvimento
 


Não é nenhum segredo que o uso constante das telas pode interferir no desenvolvimento das crianças. Mexem com a visão, com a alimentação, com as emoções... Mas, um estudo inédito adicionou mais um item a esta lista: o processamento sensorial. De acordo com a pesquisa publicada na revista médica JAMA Pediatrics na última segunda-feira (8), tempo de tela de crianças com menos de 2 anos está associado a diferenças sensoriais na primeira infância.

As telas podem interferir na sensorialidade das crianças — Foto: Crescer
As telas podem interferir na sensorialidade das crianças — Foto: Crescer

As crianças que viram televisão ou DVD aos 12 meses de idade tinham duas vezes mais chances de experimentar “processamento sensorial atípico” aos 36 meses– isto é, desafios no processamento de informações sensoriais do dia-a-dia – em comparação com outras crianças dessa idade. Após os 18 meses, cada hora extra de exposição à tela por dia foi associada a um aumento de cerca de 20% na probabilidade de diferenças sensoriais.

Para chegar a este resultado, os pesquisadores analisaram 1.500 pesquisas com cuidadores sobre as respostas sensoriais de seus filhos, como sensibilidade, preferência ou evitação de diferentes ruídos, luzes e texturas. Vale destacar foram observadas apenas crianças que assistiam televisão, e não smartphones ou tablets, porque os dados da pesquisa foram coletados antes de 2014.

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Drexel, segue pesquisas anteriores que mostram como o tempo de tela afeta a maneira como as crianças falam, ouvem, sentem e pensam. Uma pesquisa publicada no ano passado descobriu que o tempo de tela para crianças de 1 ano estava associado a atrasos no desenvolvimento na resolução de problemas e na comunicação já aos 2 e 4 anos.

Como o processamento sensorial afeta as crianças?

Problemas de processamento sensorial podem incluir tudo: desde uma criança que se sente desconfortável com as roupas até lidar com luzes brilhantes ou ruídos altos de maneira diferente dos outros, de acordo com o Child Mind Institute, uma organização sem fins lucrativos focada na saúde mental e nos distúrbios de aprendizagem das crianças. Ou seja, eles podem afetar minimamente a vida de uma criança até interferir em suas funções diárias.

Só as telas interferem?

Os problemas sensoriais podem existir por si só, mas, às vezes, são observados em condições como autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), de acordo com o Instituto. No entanto, o estudo da Universidade de Drexel não foi capaz de comentar sobre a prevalência de autismo, TDAH ou TOC com o tempo de tela.

Por isso, Emily Myers, pediatra de neurodesenvolvimento da Universidade de Washington e do Hospital Infantil de Seattle, disse à ABC News que há casos em que as crianças podem usar mais as telas para se autorregularem, devido a diferenças sensoriais pré-existentes. Ela também destacou que o ambiente doméstico e familiar também é importante, e que o tempo de tela às vezes pode ser um indicador de algo que está acontecendo em casa e que pode afetar o desenvolvimento.

Quais são as recomendações sobre o uso de tela?

A Academia Americana de Pediatria (AAP) atualmente não recomenda qualquer tempo de tela para crianças menores de 2 anos, excluindo chats de vídeo ao vivo, como FaceTime com familiares. A AAP indica ainda um limite de tempo de tela de 1 hora por dia para crianças de 2 a 5 anos. Estas medidas estão de acordo com as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Veja todas as recomendações do órgão:

  • Evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas, mesmo que passivamente;
  • Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre dois e cinco anos;
  • Limitar o tempo de tela ao máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre seis e 10 anos;
  • Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noite” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos;
  • Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma a duas horas antes de dormir;
  • Oferecer como alternativas: atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão responsável;
  • Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;
  • Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados; saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam), é responsabilidade legal dos pais/cuidadores;
  • Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.

No entanto, pesquisas mostram que a maioria das crianças com menos de 5 anos usa mais tempo de tela do que o recomendado. Isso ocorre, em parte, por causa à crescente prevalência de dispositivos móveis, assim como à acessibilidade digital, ao conteúdo direcionado para crianças e ao aumento da utilização de aparelhos eletrônicos durante a pandemia de COVID-19.

Não é fácil, mas vale o esforço

A pediatra Emily Myers reconheceu que não é fácil diminuir o tempo de tela, ainda mais devido à falta de atividades alternativas acessíveis, a fadiga e o esgotamento dos pais. “É muito difícil desconectar uma população de idade específica quando todos ao seu redor têm telas ligadas o tempo todo”, disse. Mas, para ela, os pais devem fazer o que conseguirem para limitar o uso dos filhos.

Especialistas recomendam abordagens adaptadas à família, buscando aumentar atividades de desenvolvimento saudáveis, como ler, brincar com objetos e socializar com outras crianças. “Todos têm que ser realistas quando falamos sobre como os pais podem apoiar o desenvolvimento dos seus filhos. Não é para se envergonhar da exposição de tela, porque a realidade é que vivemos num mundo onde os elas fazem parte do nosso dia a dia. É realmente inevitável que a maioria das crianças passe algum tempo diante da tela, mesmo no início da vida, mas é algo que incentivo as famílias a estarem atentas", disse Jade Cobern, pediatra neonatal do Hospital Johns Hopkins.

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