Alexandre Coimbra Amaral - A humanidade em nós

Por Alexandre Coimbra Amaral

Alexandre Coimbra Amaral é mestre em psicologia pela PUC do Chile, palestrante, escritor, terapeuta familiar e de casais. Pai de Luã, 15, Ravi, 13, e Gael, 8

 


Desde o início de nossas vidas, competimos e colaboramos em diversas fases da experiência relacional. Irmãos competem e colaboram, como características da relação fraterna, além da divisão e da negociação. É com os irmãos que começamos a entender em que momentos nos sentimos mais vulneráveis, e competimos pela atenção, pela exclusividade, pelo cuidado que nos ofertam os adultos à nossa volta. Mas também apoiamos o desenvolvimento destas mesmas pessoas em brincadeiras que precisam acontecer coletivamente. Competimos em algumas dimensões, colaboramos em outras. Esta é a nossa história. Não é uma história de luz e sombra, mas de forças que têm sua função psíquica em momentos e contextos diferentes.

"A colaboração é uma espécie de exercício para um mundo doente" — Foto: Freepik
"A colaboração é uma espécie de exercício para um mundo doente" — Foto: Freepik

Em tese, estas duas forças não teriam malefício em si, caso nosso desenvolvimento acontecesse em outro tipo de tecido social. Estamos em uma sociedade capitalista, e isto não é aleatório. Ninguém se desenvolve alheio aos valores que são ensinados por todos os pontos desta extensa malha. Como fazemos parte de um mundo que está, o tempo inteiro, categorizando e hierarquizando pessoas, a competição ganha muito mais ênfase que a colaboração. Somos culturalmente levados a entender que o natural do ser humano é a competição. Não existe natureza humana purista diante desta cultura tão avassaladora. A competição passou a ser um status quo, uma forma de organizar nossas relações com os outros, que faz das nossas vidas uma grande e eterna maratona.

Normalizamos que crianças precisam criar biografias de CEO desde cedo, porque os seus concorrentes na vida adulta estão se preparando melhor
— Alexandre Coimbra Amaral

A criança é comparada aos seus pares, tendo em vista o desenvolvimento “normal”. A meta é que ela, lá na adultez, esteja preparada para um mundo competitivo. Normalizamos que crianças precisam criar biografias de CEO desde cedo, porque os seus oponentes e concorrentes na vida adulta estão se preparando melhor. A escola é regida por notas que pontuam o quanto ainda falta para a perfeição. Nas redes sociais, a importância das pessoas passa a ser medida pela quantidade de curtidas, seguidores e engajamento. Tudo é métrica, tudo é comparação.

A colaboração é uma intenção que precisa ser criada como uma contracultura no mundo do capital. E, sim, ela cabe aqui, mesmo que o panorama social seja de construção de abismos e exclusões. Colaborar é transgredir esta regra explícita de que alguém precisa superar o outro. Colaborar é negar-se a competir. Você já experimentou negar-se a competir? O que aconteceu de estranhamentos à sua volta? Espera-se naturalmente o individualismo, o grande estandarte deste século, a marca de nossa dificuldade cada vez mais acentuada de nos relacionarmos, criar conexões entre pessoas, conviver com a diferença, criar coletivamente, solidarizar-se. Neste cenário, a colaboração é uma espécie de exercício para um mundo doente.

Alexandre Coimbra Amaral é mestre em Psicologia pela PUC do Chile, palestrante, escritor, terapeuta familiar e de casais. Pai de Luã, 15, Ravi, 13, e Gael, 8. Colunista do Valor Econômico e consultor de saúde mental em escolas e empresas — Foto: Crescer
Alexandre Coimbra Amaral é mestre em Psicologia pela PUC do Chile, palestrante, escritor, terapeuta familiar e de casais. Pai de Luã, 15, Ravi, 13, e Gael, 8. Colunista do Valor Econômico e consultor de saúde mental em escolas e empresas — Foto: Crescer

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