Desenvolvimento
 
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Os primeiros anos de vida das crianças são essenciais para o resto da vida. É durante esse período que a crança aprende habilidades centrais, como a linguagem, a interação social, a percepção e o raciocínio, a locomoção e as capacidades físicas. Mas o que é esperado de um bebê de 3 meses? De 6 meses? De 1 ano? Será que os bebês são todos iguais e se desenvolvem exatamente ao mesmo tempo? Sim e não. “A variação no tempo de desenvolvimento é normal, mas sinais consistentes de atraso em relação às faixas etárias típicas podem indicar um problema”, alerta o neurologista pediátrico Anderson Nistche, neurologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe (PR). Segundo o especialista, pais e cuidadores devem observar se a criança alcança marcos importantes muito depois do esperado. Essas informações precisam ser levantadas e discutidas durante as consultas regulares com o pediatra, que vai ajudar a identificar quando há motivo para preocupação e a buscar avaliações especializadas quando necessário.

É importante identificar os sinais de atraso no desenvolvimento do bebê — Foto: Unsplash
É importante identificar os sinais de atraso no desenvolvimento do bebê — Foto: Unsplash

Acompanhar de perto esses marcos do desenvolvimento neuromotor da criança, sobretudo nos primeiros anos de vida, é tão importante e é assunto que costuma gerar dúvidas e preocupações para as famílias. Para ajudar nesse monitoramento e na identificação precoce de atrasos do neurodesenvolvimento, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou recentemente, em parceria com a Sociedade Paraibana de Pediatria (SPP), um guia para pais e pediatras, a Cartilha de Desenvolvimento - 2 meses a 5 anos, com base em um conteúdo elaborado pelo Centers of Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos. O documento traz informações sobre o que os pais precisam observar em cada faixa etária: aos 2, aos 4, aos 6, aos 9, aos 12 e aos 15 meses, e, depois, aos 2 anos, aos 30 meses, aos 3, 4 e 5 anos. “A cartilha é um instrumento didático, com as descrições dos ‘marcos’ esperados para cada idade. A ideia é que os pais marquem o que seus bebês já conseguem fazer e levem o questionário preenchido para conversar com o pediatra e receber as orientações necessárias, durante as consultas”, explica a pediatra Liubiana Arantes de Araújo, presidente do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da SBP.

O comportamento verificado durante os cinco primeiros anos de vida das crianças podem oferecer pistas importantes sobre a saúde e o pleno desenvolvimento. “É fundamental que os pais mantenham um diálogo bem-informado com os pediatras de seus filhos. Questões como: ‘Quais são as coisas que seu bebê gosta de fazer?’ ou ‘Há algo que seu bebê faz ou deixa de fazer que o preocupa?’ ou ainda ‘Seu bebê perdeu alguma habilidade que já teve?’ são observações que ajudam a enriquecer o cenário de análise do especialista e contribui para uma melhor assistência”, aponta o pediatra Flávio Melo, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Paraibana de Pediatria (SPP).

Os marcos de desenvolvimento apontados no guia são vários, com marcos sociais/ emocionais, de linguagem/comunicação, cognitivos (relacionados ao aprendizado e ao raciocínio) e os físicos, de movimento. Aqui, alguns exemplos do que cada bebê deve conseguir fazer em cada faixa etária:

Bebê de 2 meses

  • Olha para o rosto dos pais
  • Emite sons diferentes de chorar
  • Move os dois braços e as duas pernas

Bebê de 4 meses

  • Sorri sozinho para chamar atenção
  • Vira a cabeça para o som da sua voz
  • Segura um brinquedo quando você o coloca na mão dele

Bebê de 6 meses

  • Reconhece pessoas familiares
  • Coloca coisas na boca
  • Apoia-se nas mãos para se sustentar quando está sentado

Bebê de 9 meses

  • Reage quando a mãe, pai ou cuidador sai de perto
  • Levanta os braços para ser pego
  • Procura objetos que são colocados fora de sua vista
  • Senta sem suporte

Bebê de 1 ano

  • Dá “tchauzinho”
  • Entende “não”
  • Procura objetos que ele vê alguém esconder
  • Anda, segurando nos móveis

Os atrasos podem significar algum problema - ou não

Observar os atrasos e levantar eventuais preocupações com o pediatra pode fazer toda a diferença quando isso é um sintoma de alguma condição de saúde, que precisa de ação ou intervenção médica. “Atrasos na fala e na linguagem são alguns dos mais comuns e podem sinalizar dificuldades auditivas ou ser uma indicação de que a criança está, por exemplo, transtorno do espectro autista (TEA), aponta Nistche. “Dificuldades motoras, como não andar até os 18 meses, também podem indicar condições neurológicas como a paralisia cerebral e doenças genéticas, que requerem atenção”, alerta.

Embora observar a existência destes possíveis atrasos em certos aspectos do desenvolvimento infantil seja importante, nem sempre é motivo para alarme. Não precisa ficar de cabelo em pé se, no dia em que seu bebê completou 4 meses, ele não segurou imediatamente um brinquedo que você colocou na mão dele - e isso constava na lista de marcos para essa idade. “A variabilidade é natural no desenvolvimento infantil e é comum que muitas crianças superem lentidões iniciais sem a necessidade de intervenções”, explica o neuropediatra. “Mas frases como ‘Cada um tem o seu tempo!’ [bastante usadas para tentar tranquilizar pais, sobretudo, de primeira viagem], dissociadas de uma observação especializada e cautelosa, podem trazer uma inação diante de atrasos observados”, lembra o médico. “Intervenções realizadas no momento adequado são extremamente benéficas e trazem impactos positivos e duradouros no desenvolvimento da criança. Por isso, é prudente manter uma atitude de observação atenta, sem cair no excesso de preocupação”, acrescenta.

Estimule seu bebê

Você também tem um papel importante no desenvolvimento do seu filho, sabia? Em alguns casos, os atrasos no desenvolvimento podem ser atribuídos à falta de estímulo adequado - o que pode ser corrigido, caso identificado. “Crianças necessitam de um ambiente rico em estímulos para desenvolverem suas habilidades cognitivas, motoras, de linguagem e socioemocionais”, diz o neurologista Nistche. Segundo ele, os pais podem, por exemplo, proporcionar espaço e segurança para que a criança explore movimentos como rolar, engatinhar e andar. Coloque seu bebê no chão, em locais seguros, em vez de deixá-lo só no berço ou no carrinho. “Brinquedos que incentivam a coordenação motora fina e grossa como blocos de montar, quebra-cabeças e massinha de modelar também são excelentes”, indica o especialista.

“No desenvolvimento da linguagem, você pode conversar com a criança, mesmo antes de ela começar a falar, além de cantar músicas e ler histórias. Essas atividades enriquecem o vocabulário e as habilidades de comunicação”, explica. Brincar de faz de conta, permitir e incentivar interações com outras crianças, demonstrar e nomear emoções favorecem desenvovimento socioemocional e ajudam a criança a entender e gerir os próprios sentimentos e a lidar com os dos outros. “É também importante que os pais observem e respondam aos interesses da criança, encorajando-a a explorar e aprender sobre o mundo ao seu redor. Os pais ainda devem garantir que a criança tenha uma rotina equilibrada que inclua tempo suficiente para brincar, descansar e interagir com cuidadores e pares”, acrescenta.

Efeito pandemia

Nos últimos anos, a humanidade viveu um período que impactou e muito a vida de todos - inclusive os marcos de desenvolvimento dos bebês do mundo inteiro. Por conta da pandemia de covid-19, o CDC chegou a reduzir, pela primeira vez, em vinte anos, o marco de desenvolvimento da fala para crianças pequenas. Antes, o marco apontava que crianças com 24 meses deveriam, em casos típicos, conhecer cerca de 50 palavras. Agora, com a revisão, esse número de palavras deve ser a média conhecida por crianças de 30 meses, uma redução de expectativa de seis meses.

“A pandemia impactou o desenvolvimento infantil principalmente através da redução de interações sociais e oportunidades de aprendizado. Isso pode ter retardado especialmente o desenvolvimento socioemocional e de linguagem em algumas crianças, mostrando a importância do ambiente na evolução das habilidades infantis”, analisa o neurologista pediátrico. “Entretanto, de um modo geral, há uma programação genética natural de quando os marcos do desenvolvimento serão alcançados. Quando retiramos os estressores ambientais, o desenvolvimento de uma pessoa típica passa a ocorrer novamente no seu trilho”, diz ele. A tendência é que, aos poucos, tudo volte a ocorrer dentro do esperado.

O importante é acompanhar de perto e ficar atento aos sinais e conquistas do seu filho, além de manter as consultas regulares com o pediatra.

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