Por Paula Daidone

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Por que girar a taça do vinho? Aprenda a identificar os aromas!

A colunista Paula Daidone explica como analisar os aromas da bebida para saber se o rótulo te agrada, mesmo antes de provar com o paladar


Girar a taça e cheirar permite identificar características do vinho antes mesmo de colocá-lo na boca Freepik / Creative Commons

Girar a taça e cheirar o vinho pode parecer apenas uma “frescurinha”. Mas, na verdade, essa prática é muito útil, pois ajuda a identificar as suas características antes mesmo de colocá-lo na boca. O caráter olfativo revela muita coisa sobre a bebida, por exemplo, a uva, a região, a safra, o processo de produção e até se tem algum defeito. Inclusive, já ensinei antes nesta coluna como identificar os defeitos do vinho.

Qual a origem dos aromas do vinho?

É importante saber que os aromas que sentimos são apenas referências de cheiros conhecidos, como frutas, flores e ervas. Não há adição de nenhum componente aromatizante à bebida. Os aromas são provenientes da uva, do processo de produção ou do envelhecimento que o vinho é submetido.

Como identificar os aromas

Para identificar é preciso ter referências aromáticas. Ou seja, procurar dentro de cada taça por um cheiro familiar. Para que esse processo seja mais natural, treine analisando lado a lado dois ou mais vinhos. Cheire uma taça e perceba os aromas, depois cheire a outra e observe o que você encontra de semelhança e diferença em cada uma delas. Dentro de um vinho é possível encontrar três categorias de aromas: primário, secundário e terciário. Vamos ver como identificar cada um.

A comparação entre dois rótulos é a melhor forma de aprender a identificar aromas no vinho — Foto: Freepik / Creative Commons

  • Aromas primários
    Os aromas primários ão oriundos da uva e remetem a frutas, flores, ervas e especiarias. Para identificar os aromas primários, compare lado a lado vinhos elaborados com apenas uma uva, mas de variedades diferentes, por exemplo, um 100% Malbec e outro com apenas Pinot Noir. Assim, você conseguirá descobrir os aromas originários de cada variedade.
  • Aromas secundários
    Aqui aparecem os cheiros de baunilha, cravo, coco, tostado, café, fumo e chocolate. Os aromas secundários surgem durante o processo de produção da bebida. Os mais comuns estão associados ao estágio em barris de madeira. Para identificá-los, compare a mesma uva com vinificação diferente: dois vinhos da uva Chardonnay, um com passagem por barricas de madeira e outro sem.
  • Aromas terciários
    Os aromas terciários são gerados pelo processo de envelhecimento ao qual o vinho é submetido. Se o envelhecimento for oxidativo (com contato com o oxigênio), como em barricas de carvalho, surgem aromas de café e caramelo. Se o envelhecimento for em garrafa, protegendo a bebida do contato com o oxigênio, ganha cheiros de petróleo, cogumelo e mel. Compare o mesmo vinho de idades diferentes, um jovem e outro antigo. O mais antigo, provavelmente, apresentará aromas terciários.

Identificar aromas é uma forma de descobrir as características dos vinhos que mais lhe agradam — Foto: Freepik / Creative Commons

A quantidade de aromas e de categorias aromáticas sentidas indicam a complexidade e a qualidade de um rótulo. Um exemplar mais simples apresenta um número pequeno de aromas e, provavelmente, dentro de uma única classe. Já os mais complexos têm uma quantidade maior de aromas pertencentes a diversos grupos.

Identificar os aromas nos ajuda a saber, mesmo antes de provar, se aquele rótulo está mais próximo de um estilo que nos agrada ou não. Afinal, aprender a degustar vinho é, antes de tudo, descobrir nossas preferências e respeitar nosso gosto pessoal.

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