Arte

Por Redação Casa e Jardim

Integrante do calendário de mostras indígenas do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), a exposição MAHKU: Mirações foi lançada no dia 24 de março e poderá ser visitada até o dia 11 de junho de 2023. As obras estão posicionadas no segundo subsolo do museu.

A exposição retrata a cultura do povo indígena Huni Kuin, no Acre, em meio a 120 pinturas e desenhos que ilustram traduções e registros de cantos, mitos e histórias de sua ancestralidade. A exibição também demonstra experiências visuais geradas pelos rituais de nixi pae – que envolvem a ingestão de ayahuasca – denominadas mirações, palavra que dá título à exposição.

Das obras desenvolvidas em papel e tela, três foram produzidas especialmente para a mostra no MASP. Ainda, a exibição é complementada por áudios com cantos, vídeo documentário e uma pintura de grandes dimensões elaborada diretamente nas laterais da escada/rampa vermelha que interliga o primeiro e o segundo subsolo do museu.

O jacaré ilustra o logotipo original do MAHKU, pois retrata os Huni Kuin como produtores e produtos de pontes, entre os mundos indígena e não indígena — Foto: Daniel Cabrel / Divulgação
O jacaré ilustra o logotipo original do MAHKU, pois retrata os Huni Kuin como produtores e produtos de pontes, entre os mundos indígena e não indígena — Foto: Daniel Cabrel / Divulgação

Toda a montagem segue a tradição do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) em realizar uma intervenção artística nos espaços expositivos que ocupam, criando uma conexão física e espacial entre mundos.

Diálogo entre culturas

A MAHKU: Mirações busca promover uma conexão entre diferentes culturas, como as obras inspiradas no mito de kapewë pukeni, o jacaré-ponte, traduzido, por exemplo, na pintura Kopenawe pukenibu (2022), de Acelino Tuin Huni Kuin.

O mito narra a história da passagem dos Huni Kuin por dois continentes, por meio do estreito de Behring, em busca de sementes, moradia, conhecimento e terra. Após muita caminhada, o grupo se depara com um jacaré que, em troca de alimento, oferece ajuda para que eles possam atravessar para o outro lado.

O animal pede que o povo não mate um jacaré pequeno e não lhe dê um deles para comer. No entanto, quando a variedade de animais se torna escassa, os Huni Kuin caçam o jacaré menor, traindo a confiança do maior, que submerge.

“Foi aí que se fundaram as línguas diferentes entre parentes do outro lado do mundo. Quem atravessa o mundo é quem já conquistou os conhecimentos. Por isso que cantamos a música do jacaré em nossas reuniões, para abrir os caminhos”, explicou o curador-convidado Ibã Huni Kuin.

Obra “Yube Inu Yube Shanu” (2020), de Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Rare Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Ibã Neto Sales Kanixawa e do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) — Foto: Eduardo Ortega / Divulgação
Obra “Yube Inu Yube Shanu” (2020), de Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Rare Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Ibã Neto Sales Kanixawa e do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) — Foto: Eduardo Ortega / Divulgação

A jiboia é outro ser muito importante para os Huni Kuin, pois é considerada a maior dos xamãs, mensageira e ser da transformação. Em muitas pinturas, o animal está circundando as composições, seja perambulando pela imagem, seja em suas bordas, acompanhando os ângulos perpendiculares do quadro ou em formas geometrizadas estilizadas.

A jiboia é a figura central no mito de surgimento de nixi pae, “a bebida sagrada”, representada na tela do acervo do MASP Yube Inu Yube Shanu [Mito do surgimento da bebida sagrada Nixi Pae] (2020).

A história narra o encontro de Yube Inu, um homem indígena, com Yube Shanu, a mulher-jiboia. Ele é introduzido ao ritual de nixi pae, ingere a bebida sagrada, vivencia as mirações e, mais tarde, aprende a fazê-la e entra em contato com as músicas da serpente.

Por um momento de ciúme de seu sogro, devido ao seu conhecimento adquirido, Yube Inu é mordido e acaba adoecendo, mas, antes de morrer, retorna ao seu povo de origem e ensina a receita da bebida.

O nixi pae pode ser traduzido como “cipó forte”, “embriagante” ou “fio encantado”. O ritual é realizado pelos Huni Kuin e envolve toda a comunidade.

Para o curador-assistente Guilherme Giufrida, o hábito visa “conectar mundos, rememorar a todos daquela relação dos Huni Kuin com a jiboia, renovar a intimidade do encontro e relembrar as razões do desencontro narradas no mito”.

“Evocada através do canto, pela bebida e pela própria miração, a jiboia guia as visões por seus caminhos e percepções, fazendo os humanos atravessarem para o seu mundo, para o próprio universo dos mitos”, disse o curador-assistente.

Ainda, ele destacou como o estudo sobre os mitos faz com que as histórias do povo sobrevivam, preservando a integridade e o enraizamento da comunidade. Vale destacar que a exposição do coletivo MAHKU também conta com a curadoria do diretor artístico Adriano Pedrosa.

Serviço "MAHKU: Mirações"
Onde
: MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Avenida Paulista, 1578, Bela Vista, São Paulo, SP.
Quando: de 24 de março até 11 de junho de 2023.
Horários: terça-feira (gratuito), das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta-feira a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Ingressos: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada).
Agendamento online obrigatório.

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