Caixa de madeira curva realça arquitetura de apartamento paulistano

“O apê era bem compartimentado. Limpamos tudo para criar os espaços generosos e integrados na área social”, diz o arquiteto Sarkis Semerdjian, autor do projeto com seu sócio, o arquiteto Domingos Pascali, no escritório Pascali Semerdjian (@pascalisemerdjian).

A ideia para amarrar os ambientes do living foi definida no primeiro encontro entre os arquitetos e o casal de moradores. “Desenhei uma curva no teto que sobreviveu à reunião e se tornou o espírito do projeto”, conta Sarkis.

Para preservar a altura do pé-direito no living, em vez de colocar forro de gesso no teto, eles fixaram junto à laje, em toda sua volta, uma longa e estreita caixa com curvas e grelha, feita de madeira ripada, que abriga a iluminação indireta, o ar-condicionado e as caixas de som.

“É um elemento estético que resolveu muitas questões técnicas. Tem uma razão de ser e é o ponto forte do projeto”, afirma o arquiteto.

Em concordância com o desenho do teto, os arquitetos projetaram no living uma parede curva com painel de madeira ripada, que compõe o volume da cozinha e apoia a caixa junto à laje.

Nesta parede, eles criaram a janela basculante que, aberta, faz a comunicação da cozinha com a sala de jantar, onde vira balcão. “O casal tem uma filha adolescente, gosta de receber e não quis a cozinha totalmente fechada”, comenta Sarkis.

Segundo ele, o projeto não tem rigidez. Até o escritório pode ser aberto para as visitas. “Os moradores pediram para priorizar a área social e fazer quartos simples. Apenas eles são isolados. O restante do apartamento é para viver e conviver”, afirma.

Os arquitetos fizeram toda a marcenaria do imóvel com freijó lavado porque tem os veios da madeira destacados. “Nos armários da cozinha, os montantes da estrutura são de sucupira, que, por ser escura, enfatiza o desenho com as portas de freijó lavado”, fala o arquiteto.

A mesma madeira está no bufê da sala de jantar encaixado no nicho formado por pilar e viga da estrutura do prédio.

“Trabalhamos sempre com poucos materiais, de preferência, naturais, e resolvemos os projetos com elementos fortes e peças de mobiliário exclusivas”, conclui Sarkis. “Os espaços do living ficaram bem amplos e integrados com layout pouco convencional.”