Saúde

Por Por Gladys Magalhães


As zoonoses podem acontecer por meio de mordidas, arranhões, contaminação de comida e água ou contato com fezes de animais infectados — Foto: ( Pexels/ Alex Kviatkouski/CretiveCommons)
As zoonoses podem acontecer por meio de mordidas, arranhões, contaminação de comida e água ou contato com fezes de animais infectados — Foto: ( Pexels/ Alex Kviatkouski/CretiveCommons)

Recentemente, a morte de adolescentes de uma aldeia indígena de Minas Gerais chamou a atenção do Brasil. Eles foram vítimas de raiva humana, a qual teriam contraído por meio do arranhão de um morcego. Diante disso, muitas pessoas passaram a ter dúvidas sobre as doenças que os animais podem transmitir aos humanos, as chamadas zoonoses.

A fim de alertar e conscientizar a população sobre essas doenças, o mês de julho foi escolhido como o período da campanha Julho Dourado. A zootecnista Michelle Siqueira, professora do curso de Medicina Veterinária da UNINASSAU Recife, esclarece quais são as principais formas de contágio das zoonoses.

“Elas podem acontecer por meio de mordidas, arranhões, contaminação de comida e água ou contato com fezes de animais infectados”, diz a profissional.

Não é só cachorro e gato!

Segundo a médica-veterinária Beatriz Ferlin, do Hospital Veterinário Taquaral, no Brasil, os animais que mais transmitem doenças para os humanos são aves, mosquitos, cães, gatos, bovinos e roedores. Contudo engana-se quem pensa que no universo dos pets, apenas cachorros e felinos podem ser transmissores de zoonoses, outros animais de estimação também podem ser vetores de doenças.

“Entre os suínos, as doenças mais comuns são a salmonelose, cisticercose e teníase. Os coelhos podem provocar tularemia, salmonelose, leishmaniose, cocciodiose, pasteurelose e escabiose. Já os porquinhos-da-Índia podem transmitir a salmonelose e a lespotospirose, que é menos comum, visto que eles precisam ter contato com ratos contaminados”, explica Beatriz.

As zoonoses mais comuns

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) existem mais de 200 tipos de zoonoses. Porém, no Brasil, segundo as profissionais, as mais comuns envolvendo pets são raiva, salmonelose, leptospirose e toxoplasmose. Confira a seguir as principais características de cada uma.

Raiva: é transmitida para humanos por meio de arranhões, saliva ou secreção de um animal infectado. Não tem tratamento após o desenvolvimento dos sintomas, que incluem febre, dores de cabeça, sinais gastrointestinais, medo de água ou correntes de ar, salivação, hipo ou hiperatividade, confusão mental, alucinações, paralisia, coma e morte. Porém, se o atendimento ocorrer logo após a exposição, é possível fazer a terapia profiláctica, que é altamente eficaz.

A prevenção, por sua vez, ocorre por meio da vacinação de animais de estimação e evitando contato com morcegos.

“A ravia é propagada por meio da mordida do animal infectado. O vírus presente na saliva entra na corrente sanguínea do ser humano e vai para o sistema nervoso, trazendo sérias consequências, como paralisia dos membros inferiores. Felizmente, esses casos são poucos, já que existe a vacina contra a raiva”, comenta Michelle.

Salmonelose: diarreia, febre, calafrios e dor abdominal intensa são os principais sintomas da salmonelose, que é provocada pela bactéria salmonela. A ingestão de alimentos contaminados é a principal fonte de transmissão e a prevenção ocorre por meio da lavagem frequente das mãos, além do cozimento de carnes e ovos.

Os coelhos podem se infectar por meio da ingestão de alimentos contaminados com a bactéria e transmitir aos humanos por meio das fezes, ou seja, pelo contato oral-fecal.

“A maioria das pessoas precisa apenas de tratamento de suporte, reposição de líquidos e repouso. Em infecções mais graves podem ser necessários tratamentos intensivos, como internação e medicações injetáveis”, diz Beatriz.

Leptospirose: transmitida por meio do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados, a leptospirose é causada pela bactéria leptospira e pode provocar febre alta, de início súbito, mal-estar, dores (principalmente na panturrilha, cabeça e tórax), hiperemia conjuntival, tosse, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação e, em casos mais graves, icterícias, falência renal e hepática.

O tratamento é feito por meio do uso de antibióticos e a prevenção se dá evitando, sobretudo, o contato com água ou lama de enchentes.

Toxoplasmose: a maior parte das pessoas que contraem a doença não manifestam sintomas. Entre as que manifestam, os mais comuns são aumentos de gânglios, dor muscular, febre e dor de cabeça, que pode durar dias ou semanas.

Provocada pelo parasita toxoplasma gondii, a prevenção ocorre por meio de cuidados com a alimentação e higiene dos gatos, o que inclui não oferecer carne crua e evitar que o animal fique na rua.

“Na toxoplasmose, o parasita tem o gato como hospedeiro definitivo. A contaminação acontece por meio do contato com as fezes do animal infectado ou pela ingestão de água e alimentos contaminados com os cistos do parasita. Geralmente, essa doença é assintomática. A grande atenção é voltada para as gestantes, pois o bebê pode sofrer riscos caso a mãe apresente essa zoonose”, ressalta Michelle.

Para evitar dores de cabeça, o ideal é manter a vacinação, vermifugação e higiene dos pets em dia — Foto: ( Pexels/ Gustavo Fring/ CreativeCommons)
Para evitar dores de cabeça, o ideal é manter a vacinação, vermifugação e higiene dos pets em dia — Foto: ( Pexels/ Gustavo Fring/ CreativeCommons)

Peguei uma zoonose, e agora?

Ao suspeitar que contraiu uma zoonose, a primeira medida é procurar o clínico geral. Já o pet deve ser encaminhado para avaliação do médico-veterinário. No caso de outros animais, como morcegos, a orientação é entrar em contato com o centro de zoonoses da região.

“Não é recomendado tentar capturar o animal, nem entrar em contato com o mesmo sem uso de equipamentos de proteção. Em caso de cães, gatos ou outros animais domésticos, deve-se buscar orientação veterinária do que fazer com os pets, porém, na maioria das situações se recomenda eutanásia de casos suspeitos e análise pós morte”, explica Beatriz.

“Lavar as mãos depois de brincar com os animais e deixar o ambiente deles limpo, assim como manter as vacinas em dia, é essencial para evitar o surgimento das zoonoses. Se o seu pet for um gato, o ideal é que ele passeie sob supervisão pelas ruas e evite contato com outros bichos”, complementa Michelle.

De humanos para pets

Se os animais podem passar doenças para os humanos, o contrário também pode acontecer. Neste caso, o nome correto é zooantroponose.

“Humanos podem transmitir doenças para os animais, as chamadas zoonoses reversas ou zooantroponose. O agente se mantém na espécie humana e pode ocorrer naturalmente nos animais, como é o caso da tuberculose e esquistossomose”, finaliza Beatriz.

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