• Por Evelyn Nogueira
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A campanha Janeiro Branco busca colocar luz nos assuntos acerca da saúde mental (Foto: Unsplash / Anthony Tran / CreativeCommons )

A campanha Janeiro Branco busca colocar luz nos assuntos acerca da saúde mental (Foto: Unsplash / Anthony Tran / CreativeCommons )

No último ano, a saúde mental foi um tema muito abordado. Por conta da pandemia, as pessoas sentiram ainda mais a necessidade de cuidar da mente em um momento tão delicado. De acordo com dados do Google Trend, as buscas por "saúde mental" tiveram um pico em maio e setembro – mês da campanha de prevenção ao suicídio.

Em 2014, a campanha do Janeiro Branco foi criada para colocar em evidência o cuidado com a saúde mental. Psicólogos de Uberlândia consideraram o primeiro mês do ano apropriado para isto, já que, culturalmente, é uma época que as pessoas pensam mais em suas vidas, relações sociais, condições de existência, emoções e sentidos existenciais.

O Brasil tem cerca de 12 milhões de pessoas diagnosticadas com doenças psiquiátricas (Foto: Unsplash / Andrew Neel / CreativeCommons )

O Brasil tem cerca de 12 milhões de pessoas diagnosticadas com doenças psiquiátricas (Foto: Unsplash / Andrew Neel / CreativeCommons )

A cor escolhida busca inspirar as pessoas a reescreverem suas próprias histórias de vida, como uma "folha ou tela em branco", segundo o site Janeiro Branco. O intuito da campanha é promover palestras, oficinas, cursos, workshops e rodas de conversas para as pessoas cuidarem mais da saúde da mente.

Por conta da pandemia, neste ano, as atividades ocorrem virtualmente e em espaços abertos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o país mais deprimido da América Latina, com 5,8% da população diagnosticada – e ocupa o primeiro lugar na lista de nações com pessoas mais ansiosas do mundo.

Edmundo Clairefont Dias Mais, psiquiatra do Hospital HSANP reforça a importância de identificar sinais de doenças psiquiatricas. “Por isso é fundamental que a população se conscientize sobre a importância de cuidar da ansiedade e da depressão e não encare como frescura. É necessário quebrar esse paradigma que muitas pessoas ainda têm”, diz.

O exercício, dentro ou fora de casa, pode trazer benefícios para o corpo e para mente (Foto: Pexels /  Kamaji Ogino / CreativeCommons)

O exercício, dentro ou fora de casa, pode trazer benefícios para o corpo e para mente (Foto: Pexels / Kamaji Ogino / CreativeCommons)

O psiquiatra explica que a pandemia pode, de certa forma, ter contribuido para uma saúde mental mais fragilizada no último ano. "Isso [a pandemia] levou ao aumento do número de brasileiros a desenvolver transtornos mentais em decorrência do estresse, que desregula os neurotransmissores do sistema central, que pode levar ao desenvolvimento de: Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, sustos psicóticos, uso excessivo de álcool, tabaco e drogas", comenta.

Para cuidar da saúde mental sem sair de casa, Edmundo recomenda algumas práticas para deixar o corpo e a mente mais saudáveis:

- Praticar exercícios físicos;
- Fazer meditação;
- Praticar a leitura;
- Inscrever-se em cursos que seja do seu interesse;
- Ter uma boa noite de sono;
- Manter uma alimentação saudável;
- Reforçar os laços de amizade;
- Passar mais tempo com a família;
- Passar mais tempo com seu animal de estimação.

O profissional reforça: “Cuidar da mente é uma forma de manter o corpo saudável, uma vez que tudo é interligado. Quando estamos estressados ou ansiosos, por exemplo, o corpo começa a apresentar sinais, podendo desencadear diversas doenças. Para se ter uma ideia, quando os níveis de ansiedade estão altos, o indivíduo pode apresentar dores de cabeça, problemas digestivos, falta de concentração e memória, insônia, entre outros sintomas.”

Edmundo orienta a procurar a ajuda de um profissional caso alguns desses sintomas sejam notados. Um médico, psiquiatra ou psicólogo saberá indicar o melhor tratamento, de acordo com cada necessidade.

Os problemas psicológicos podem evoluir e se transformar em outros problemas de saúde física (Foto: Pexels /  cottonbro /CreativeCommons)

Os problemas psicológicos podem evoluir e se transformar em outros problemas de saúde física (Foto: Pexels / cottonbro / CreativeCommons)

Para a psicóloga Daiane Andognini, fundadora e CEO da HUG, consultoria de gestão de pessoas especializada em startups, após o fim da pandemia, as pessoas continuarão no centro das atenções. A profissional percebe dois movimentos quando analisa o cenário da saúde mental durante o último ano: empresas preocupadas com questões emocionais dos colaboradores e pessoas reportando como se sentem. Daiane entende que o tema se tornou mais relevante e isso possibilitou uma conversa sem tabus e julgamentos.

A principal recomendação de Andognini é que as pessoas busquem ajuda psicológica quando perceberem disfunções em relação à saúde da mente. Isso ajuda os pacientes a se conhecerem melhor e lidar de uma forma mais positiva com suas emoções, pensamentos e sentimentos. A profissional reforça: "As pessoas precisam parar de associar problemas na saúde mental à fraqueza, pois não são. São doenças como qualquer outra e necessitam de atenção e acompanhamento profissional", finaliza.