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  (Foto: Ricardo Corrêa )

Espumantes o ano todo (Foto: Ricardo Corrêa)

O barulho da rolha escapando da garrafa e do encontro de cristais no tintim; a imagem das bolhinhas subindo pela taça; o sabor fresco e a sensação quase picante do gás na boca. Poucas coisas evocam tanto as festas de fim de ano, e com vários apelos para os sentidos, quanto os espumantes. Afinal, não faz muito tempo que, no Brasil, eles eram consumidos praticamente apenas nessa época. Isso mudou. Hoje, são tomados em comemorações de todos os meses, em restaurantes, barzinhos e em casa. Mas, se seu consumo aumentou, as dúvidas sobre a bebida também.

Como comprar certo sem conhecer? Quando abrir uma garrafa, antes ou depois de um jantar? Na verdade, pode-se regar uma refeição do início ao fim com espumantes. Existe uma variedade tão grande que certamente haverá um para combinar com cada comida, da entrada à sobremesa.

É aí que as coisas ficam ainda mais confusas para não iniciados: como saber qual vai bem com cada prato? Para inspirar, esta reportagem traz um menu da chef portuguesa Ilda Vinagre, que mudou para o Brasil para assumir os restaurantes A Bela Sintra e Trindade e o Buffet Bela Sintra, em São Paulo. Tem entrada, dois pratos principais e uma sobremesa, tudo acompanhado de parceiros possíveis. Você verá que combinar vinho e comida é como um jogo. Para ganhá-lo, há diferentes estratégias (leia algumas no quadro Jogo das Borbulhas) e nenhuma é melhor do que as outras – o que complica mais ainda as coisas. Mas relaxe: nesse caso, o importante não é vencer, e sim divertir-se.

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  (Foto: Ricardo Corrêa)

Dicas práticas (Foto: Ricardo Corrêa)

De qualquer forma, para acertar mais jogadas, vale entender alguns conceitos básicos. Um é a denominação. Champanhe, como há até bem pouco tempo eram chamados por aqui todos os espumantes, é um nome que, por lei, somente pode ser estampado nos rótulos dos produzidos na região de Champagne, França. Ou seja, é uma denominação de origem controlada, uma garantia de procedência. O mesmo ocorre com cava, exclusividade dos espumantes produzidos no Penedés, Espanha. Ao contar sua origem, a denominação também fala sobre sua qualidade. Os champanhes, por exemplo, costumam ser bem bons.

Esse, porém, não é o único indicativo para saber se um rótulo é ou não bom. “Há vários fatores que determinam a personalidade e a qualidade de um espumante, como o produtor e o método de fabricação”, diz Eliana Araujo, colunista de Casa e Comida e sommelier do restaurante paulistano Dui. “Mas um dos mais importantes, com certeza, são as uvas da sua composição.” E agora ficou mais fácil ter essa informação. “De uns anos para cá, assim como fizeram com os vinhos tintos, os produtores começaram a especificar as uvas dos espumantes”, diz Manoel Beato, comentarista de vinhos e sommelier do restaurante e da enoteca Fasano. “É para deixar mais claro para o consumidor o que ele pode esperar daquele rótulo.”

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Jogo das borbulhas
Quatro estratégias para escolher os espumantes que serão servidos em um jantar e em qual sequência. Como não há uma jogada considerada melhor, boa ideia para um iniciante é testar uma por vez, até pegar a mão e se sentir apto a misturar todas

1. Vá pelo grau de doçura. “Comece com um extra-dry, sem nenhum açúcar, com as entradas”, diz a sommelier Eliana Araujo. “Parta para um brut. Seco, mas não austero, vai bem com comida não agridoce. Se o prato tem frutas e caldas, sirva um sec, levemente doce. Com sobremesas menos açucaradas, vá de demisec. Já os doux, bem doces, casam com tortas e bolos.”

2. Olhe as uvas. Comece com o blanc des blancs, feito só de brancas (em geral, chardonnay), e entrada leve. Siga com um brut que mescle brancas e tintas. O champanhe clássico mistura chardonnay às tintas pinot noir e pinot meunier e casa com peixe. Já o blanc des noirs, branco feito só de tintas, encara até tender. Mas, com carnes, chegue a um rosé com tintas potentes, como malbec.

3. Apegue-se à região. E isso vale para qualquer vinho, não apenas espumantes. Se a bebida e a receita têm a mesma origem, ou seja, são frutos dos mesmos clima, solo e cultura, as chances de combinarem são de quase 100%. A cava, por exemplo, casa perfeitamente com entradas que levem o jamón serrano (presunto cru espanhol).

4. Aposte no método de fabricação. No charmat, toda a fermentação ocorre em tonéis de aço inox e os espumantes são leves e jovens. Já no champenoise ou tradicional, praticado em Champagne, França, a segunda fermentação é feita na própria garrafa. Resultado: mais aromas e sabores. “Sirva um charmat com a entrada e um champenoise com o prato principal”, diz Eliana.