Tragédia no Rio Grande do Sul: o poder da solidariedade e do voluntariado

Tragédia no Rio Grande do Sul: o poder da solidariedade e do voluntariado

Por Carolina Toffoli Rodrigues *

Em meio a angústia de acompanhar histórias de pessoas que perderam tudo na maior tragédia ambiental e humanitária do estado do Rio Grande do Sul - com mais de 400 municípios afetados -, observamos que a solidariedade emerge. Com inúmeras pessoas atuando para amenizar danos, é destacado o poder do voluntariado. 

A força do coletivo é escancarada com a mobilização de tantas pessoas motivadas pelo desejo de fazer o bem. A mobilização acontece de duas formas: com pessoas que exercem o voluntariado individualmente, reunindo doações ou atuando in loco por conta própria; e iniciativas coletivas, como o voluntariado corporativo. São diferentes formas de esforço que contribuem significativamente para amenizar o impacto causado e resultam em mais acolhimento e suporte para os atingidos. 

O Instituto Algar entrou no movimento e faz ações em prol do Rio Grande do Sul, apoiando pessoas conhecidas, seus familiares e outros habitantes da região. Em algumas horas, mobilizamos nossa rede de voluntariado e organizamos 18 pontos de coletas de doações em sete cidades e lançamos uma campanha de arrecadação em dinheiro, em que toda a doação teve o valor dobrado por nós. 

Diante do cenário, observamos o quanto o voluntário corporativo é uma contribuição eficiente e relevante. Com um programa de voluntariado já estruturado e perene – com mais de 20 anos de história e mais de 3 mil associados voluntários (colaboradores) do grupo Algar participantes – conseguimos mobilizar milhares de pessoas e alcançar importantes resultados com agilidade, como requer situações de emergência como esta. 

Foram mais de R$ 76 mil arrecadados, valor que foi dobrado para R$ 152 mil, além de mais de 34 mil peças de vestuário, 4 mil quilos de alimentos e cerca de 12 mil litros de água que foram direcionados para a região. O primeiro carregamento de doações foi enviado poucos dias após o início da arrecadação, com 30 toneladas de doações. 

A estruturação do voluntariado corporativo ainda representou uma força para articulações em busca de parcerias e recursos para reforçar o apoio à causa. Por exemplo, precisávamos de um parceiro de transporte para que as doações chegassem até quem precisava, e por ser um movimento que contava com a chancela de uma marca, como a Algar, conquistar esse apoiador foi mais fácil devido a confiabilidade transmitida. 

Além da credibilidade, a estrutura do nosso programa também contribui para que a ação seja organizada, com objetivos e processos claros, facilitando a definição e execução de tarefas. E essa organização é alcançada, principalmente, pela estrutura organizacional e de governança, mantida no programa, em que os voluntários são divididos em comitês, que contam com líderes e co-líderes, que se dedicam a planejar e executar ações com excelência e diversidade, apoiados pela gestão do Instituto Algar. 

Assim como em todo país, no Instituto também há muitas mãos empenhadas em apoiar o Rio Grande do Sul. E apesar de toda a dor e sofrimento dos atingidos, foi uma oportunidade de pessoas de todas as regiões do Brasil e do mundo colocarem em prática a ajuda ao outro. Inclusive, nesse movimento, demonstrando que o desejo de apoiar o sul do país foi unânime, ainda contamos com um valioso parceiro que fortaleceu nossa mobilização. Nossos voluntários e os da Fraternidade Sem Fronteiras, organização que visa oferecer apoio social, se uniram nas tarefas e o Polo Uberlândia do projeto Fraternidade na Rua também se tornou um ponto de arrecadação em nossa campanha. 

É impressionante como as pessoas se sensibilizaram e como o brasileiro é solidário. Sabemos que os estragos são muitos, as chuvas continuam e tornam o recomeço ainda mais desafiador, mas apesar do medo e incertezas, desejamos que as ações e a solidariedade despertada em todo país sirvam de acalento e esperança para a comunidade gaúcha, dando força para a reconstrução das vidas dessas pessoas.

* Carolina Toffoli Rodrigues é gestora do Instituto Algar há 12 anos. Atualmente na gerência da instituição, a administradora de empresas formada pela Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Federal de Uberlândia, com MBA em Marketing Estratégico pela mesma instituição, MBA em Gestão de Empreendedorismo Social pela Faculdade Instituto de Administração da Universidade de São Paulo, MBA em Gestão Estratégica de Talentos Humanos, pela Fundação Getúlio Vargas, além de estar cursando MBA em ESG na Prática pela Escola Superior de Propaganda e Marketing em São Paulo.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do GIFE e de seus associados.

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