Política
PUBLICIDADE
Por — Brasília

A Polícia Federal indiciou ao todo 12 pessoas nesta quinta-feira por desvio de joias do acervo presidencial. Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, a lista inclui nomes como o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, o ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cesar Barbosa Cid, e outros militares e ex-assessores próximos a ele.

Veja a seguir quem são os 11 aliados e qual foi o papel de cada um no caso, segundo a PF.

1 - Bento Albuquerque - ex-ministro de Minas e Energia

O ex-ministro De Minas e Energia Bento Albuquerque — Foto: EVARISTO SA / AFP
O ex-ministro De Minas e Energia Bento Albuquerque — Foto: EVARISTO SA / AFP

A apuração da PF teve início com a notícia de que um ex-assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou entrar no país com um conjunto de joias sauditas dado como presente à então primeira-dama Michelle Bolsonaro sem declará-los à Receita.

O kit da marca Chopard era composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes, e foi avaliado por peritos da PF em R$ 5 milhões.

Além disso, Albuquerque manteve por mais de um ano, em um cofre do ministério, uma segunda caixa de joias entregue pelo governo da Arábia Saudita e destinada a Bolsonaro em um cofre do ministério. O material entrou no Brasil em 2021, pelas mãos do ex-ministro, sem ser declarado, e só foi registrado no acervo da Presidência da República em novembro de 2022, após as eleições presidenciais.

2 - Mauro Cesar Barbosa Cid - tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência

O tenente-coronel Mauro Cid, durante depoimento em CPI do Distrito Federal — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/24-08-2023
O tenente-coronel Mauro Cid, durante depoimento em CPI do Distrito Federal — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/24-08-2023

Mauro Cid foi o braço direito de Bolsonaro ao longo do governo e atuava como chefe da Ajudância de Ordens da presidência, área responsável por cuidar de questões pessoais do Presidente da República, como pagamento de contas dele e de familiares.

O militar foi preso em maio do ano passado durante operação que apurava fraude em cartões de vacina. Meses depois, firmou um acordo de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e foi solto.

Segundo as investigações, Mauro Cid foi o responsável por levar aos Estados Unidos e vender parte das joias presenteadas a Bolsonaro.

Os objetos deveriam ter sido incorporados ao patrimônio da União, mas Mauro Cid, na condição de ajudante de ordens, tentou reavê-los até os últimos dias do governo.

O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, já deu algumas versões do cliente sobre a venda de joias. Em uma das últimas, afirmou que o militar vendeu o Rolex a pedido de Bolsonaro e que o pagamento do relógio foi entregue ao ex-presidente ou à primeira-dama.

3 - Mauro Cesar Lourena Cid - general da reserva

General Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid — Foto: Reprodução/ YouTube
General Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid — Foto: Reprodução/ YouTube

Pai do ex-ajudante de ordens, Mauro Cesar Lourena Cid foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), escola de formação dos oficiais do Exército. No governo Bolsonaro, ele foi chefe da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami.

No inquérito, a polícia identificou que o general tentou vender esculturas recebidas por Bolsonaro como presente em lojas nos Estados Unidos. Os objetos foram transportados em uma mala no avião presidencial no fim de 2022, quando o ex-presidente deixou o Brasil.

No país, o general encaminhou, de acordo com a PF, os itens para estabelecimentos especializados em avaliação para a cotação para venda. Segundo o inquérito, o general ajudou na venda de um relógio Rolex, produzido em ouro branco e diamantes, avaliado em US$ 60 mil.

4 - Frederick Wassef - advogado de Bolsonaro

O advogado Frederick Wassef, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
O advogado Frederick Wassef, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Wassef foi amplamente citado no noticiário nacional depois que escondeu o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, em sua casa em Atibaia (SP). Queiroz foi preso no local em 2020 no âmbito de uma investigação do Ministério Público do RJ sobre um suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do estado na época em que Flávio era deputado estadual.

No caso das joias, segundo a investigação da PF, o advogado atuou na tentativa de recomprar o material que havia sido enviado aos EUA. A movimentação ocorreu no início de 2023, após o caso vir a público.

A PF apontou que, além de ajudar a vender, o general Mauro Cesar Lourena Cid ajudou Wassef a recomprar o objeto depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que Bolsonaro devolvesse. O Rolex foi recuperado em março do ano passado por Wassef, que retornou ao Brasil e entregou o bem ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid, filho do general.

Procurado, Wassef afirmou que não foi Bolsonaro e nem Cid que pediram para que ele comprasse o Rolex. Em nota de agosto do ano passado, após ter sido alvo de operação da Polícia Federal, ele disse que só soube do caso pela imprensa. "A primeira vez que tomei conhecimento da existência das joias foi no início deste ano de 2023 pela imprensa, quando liguei para Jair Bolsonaro e ele me autorizou como seu advogado a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa", afirmou.

5 - Fábio Wajngarten - ex-secretário de Comunicação da Presidência

Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho
Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho

Wajngarten, segundo o inquérito, também atuou na tentativa de reaver as joias após o caso vir à tona, no início de 2023. Hoje advogado de Bolsonaro, ele foi chefe da Secretaria de Comunicação Social no governo do ex-presidente e secretário-executivo do Ministério das Comunicações.

Por meio de nota publicada na rede social X (antigo Twitter), Fabio Wajngarten alegou que atuou como advogado e que, por isso, o seu indiciamento é uma “afronta legal”. Ele disse, ainda, que que a ação é “arbitrária, injusta e persecutória”.

6 - Osmar Crivelatti - ex-ajudante de ordens da Presidência

O ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti — Foto: Reprodução/Sgt Gobo
O ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti — Foto: Reprodução/Sgt Gobo

Osmar Crivelatti foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante o governo e depois foi nomeado como assessor pessoal do ex-presidente. Após o fim do mandato, ex-presidentes têm direito a uma estrutura de seguranças e assessores. O militar é figura próxima do general Villas-Bôas, tendo sido adjunto do comando do Exército no período em que o general esteve à frente da tropa.

Conforme a polícia, Crivelatti atuou para recuperar e devolver o kit de joias produzidas em ouro branco e diamantes avaliado em R$ 500 mil que foi destinada ao acervo privado de Bolsonaro. A investigação da PF mostrou que o militar assinou, em junho de 2022, a retirada de um Rolex do "acervo privado" para o gabinete dele. O relógio, avaliado em R$ 300 mil, foi doado pelo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz em uma viagem oficial e teria sido negociado por Mauro Cid.

7 - Marcelo Costa Câmara - ex-assessor de Bolsonaro

Marcelo Câmara (em destaque), o novo faz-tudo de Bolsonaro, teve sigilo quebrado — Foto: Reprodução
Marcelo Câmara (em destaque), o novo faz-tudo de Bolsonaro, teve sigilo quebrado — Foto: Reprodução

A PF identificou mensagens trocadas entre o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o coronel Marcelo Costa Câmara, outro assessor do então presidente Jair Bolsonaro, na qual eles debatiam restrições à comercialização das joias.

Segundo as mensagens, Câmara observou a Cid que seria "o problema é explicar depois para onde foi", referindo-se às joias, que deveriam ser destinadas ao acervo da Presidência.

8 - Marcos André Soeiro - ex-assessor do Ministério de Minas e Energia

Soeiro carregou na mochila o kit da marca Chopard, que seria destinado a Michelle Bolsonaro, e foi retido no aeroporto na chegada ao Brasil, ao retornar da Arábia Saudita.

9 - Julio Cesar Vieira Gomes - ex-secretário da Receita Federal

Gomes assinou um ofício para autorizar os auditores a liberar os itens de luxo que estavam retidos no aeroporto.

10 - José Roberto Bueno Junior - ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia

O militar, ex-chefe de gabinete do então ministro Bento Albuquerque, foi um dos primeiros servidores a se empenhar na mobilização para reaver as joias que haviam sido retidas pela Receita. Segundo a investigação, Bueno enviou um ofício à Receita para reaver joias.

11 - Marcelo da Silva Vieira - ex-chefe do gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República

Marcelo Vieira era o chefe do departamento responsável por receber os presentes entregues ao presidente, fazer a triagem e avaliar o que se tratava de presente pessoal, que seria listado como artigo privado do presidente, e o que deveria ser encaminhado ao acervo da União. Ele foi alvo de buscas da polícia em maio do ano passado, ocasião em que o seu celular foi apreendido.

Na investigação, a PF entendeu que Vieira atuou com Bolsonaro, Cid e Crivelatti para ocultar a origem, localização e propriedades dos recursos decorrentes da venda dos bens desviados do acervo da União; ou agiu junto com o grupo para desviar, em proveito do ex-presidente, presentes “por ele recebidos em razão de seu cargo, ou por autoridades brasileiras em seu nome, entregues por autoridades estrangeiras”.

Em depoimento no ano passado, Vieira contou que Bolsonaro participou de um telefonema sobre um ofício de Cid para tentar recuperar as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal.

Também procuradas, as defesas de Jair Bolsonaro, Bento Albuquerque, Julio Cesar Vieira Gomes, Marcelo da Silva Vieira, Marcos André dos Santos Soeiro, Osmar Crivelati e Marcelo Costa Câmara não responderam aos contatos da reportagem. O advogado responsável pela defesa de Mauro Cid e de seu pai, Mauro César Lourena Cid, afirma que ainda não teve acesso ao relatório.

Mais recente Próxima Bolsonaro poderia ficar com as joias? Entenda o que diz a lei, a posição da PF e os argumentos usados pelo ex-presidente
Mais do Globo

A influenciadora, namorada da sertaneja Yasmin Santos, compartilhou o relato em suas redes sociais

Mãe de Maria Venture fala sobre expulsão da filha de casa por conta de sexualidade: 'fiquei em negação'

Objetivo da extrema direita era restringir ao máximo a imigração e coibir acesso à cidadania a pessoas com ascendência na Ásia ou na África nascidas em território francês

A França de Mbappé venceu a França racista de Le Pen

Melissa Biscoto é a fundadora da Mel Shopper e se tornou uma das queridinhas do segmento

Conheça empresária que realiza consultoria de enxovais para bebês e já atendeu diversas celebridades

Agendas culturais, esportes e gastronomia são as apostas para curtir a estação no estado

Pra quando o frio chegar... O que fazer no inverno no Rio de Janeiro

Com vínculo até o final do ano, o atacante havia ficado de fora dos três últimos duelos do rubro-negro e está envolvido nas negociações de uma possível troca com Dudu, do Palmeiras

Martelo batido: Flamengo decide relacionar Gabigol para partida contra o Fortaleza

Na última quarta, os meninos, que são filhos de diplomatas, foram cercados por dois agentes armados ao tentarem entrar em condomínio de Ipanema, na Zona Sul do Rio

Adolescentes vítimas de abordagem policial considerada racista voltam para Brasília

Queda precoce é consequência de campanha com poucos pontos positivos e muitos negativos

Quem sobe e quem desce na seleção brasileira após eliminação na Copa América

Sabatina com o petista vai tratar das estratégias do governo de Lula para a economia

Ministro Fernando Haddad confirma participação no congresso da Abraji

Presidente brasileiro defendeu instituições e iniciativas dentro do bloco que a Argentina, confirmaram fontes, vem buscando enfraquecer

Análise: discurso de Lula no Mercosul é recado direto para Milei