Política
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Por Reynaldo Turollo Jr., Eduardo Gonçalves, Daniel Gullino e Paolla Serra — Brasília

A investigação da Polícia Federal sobre vendas de presentes oficiais recebidos por Jair Bolsonaro (PL) traz indícios, segundo a corporação, de que os assessores do ex-presidente tinham “plena ciência” das restrições legais à venda de joias valiosas no exterior. Em 13 de fevereiro deste ano, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid lamentou, em conversa com o assessor Marcelo Costa Câmara, ter que interromper as articulações para a venda de itens em um leilão no exterior.

Mensagens de áudio

Segundo a transcrição de uma mensagem de áudio, obtida pela PF, Câmara explicou a Cid que conversou com o então chefe do setor responsável por catalogar as peças do acervo privado de Bolsonaro e recebeu a orientação de que, se a venda dos itens fosse no Brasil, “não teria problema nenhum, não precisaria avisar (ao setor)”. “Mas, como é no exterior, obrigatoriamente eu tenho que avisar. Então, pra não gerar problema, melhor voltar. E aí em uma outra oportunidade, pode leiloar, mas só que no Brasil mesmo, OK?”, disse Câmara.

“Fechado!”, respondeu Cid por escrito. “Só dá pena pq estamos falando de 120 mil dólares Hahaaahaahah”, lamentou o tenente-coronel. O interlocutor responde: “É eu sei. O problema é depois justificar e para onde foi. De eu informar para comissão verdade (sic)”, escreveu Câmara.

Mensagens trocadas entre Mauro Cid e Marcelo Costa Câmara, auxiliares de Bolsonaro, sobre restrições a venda de presentes oficiais — Foto: Reprodução
Mensagens trocadas entre Mauro Cid e Marcelo Costa Câmara, auxiliares de Bolsonaro, sobre restrições a venda de presentes oficiais — Foto: Reprodução

Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais

Segundo a análise feita pela PF, “as mensagens evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desviar ao acervo privado do ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro, os presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-presidente, Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior”.

Quem foram os alvos da operação da PF?

As mensagens fazem parte da investigação que levou à operação de busca e apreensão realizada nesta sexta-feira, que teve como alvos o pai de Mauro Cid, o general do Exército Mauro Cesar Lourena Cid; o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef; e um outro assessor do ex-presidente, Osmar Crivelatti, que trabalhou com Cid na Ajudância de Ordens. A autorização para a operação foi do Supremo Tribunal Federal (STF).

'Ufa'

De acordo com inquérito da Polícia Federal, Mauro Cid pediu para cancelar a venda de um kit com joia, relógio e caneta após a imprensa revelar a tentativa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de trazer ilegalmente para o Brasil um conjunto de colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes. Ao ter êxito em recuperar o kit que estava à venda, Cid declarou: “ufa”, em uma troca de mensagens com Osmar Crivelatti, que trabalhou com Cid na Ajudância de Ordens.

O material chegou a ser listado para leilão pela empresa Fortuna Auction em Nova York, no dia 8 de fevereiro de 2023, em um evento para o Dia dos Namorados dos Estados Unidos, mas não foi arrematado. Depois da repercussão do caso das joias, Mauro Cid realizou o que a Polícia Federal chamou de uma “operação de resgate”, em que os bens foram encaminhados para a Flórida, onde Bolsonaro morava na época.

“Após decisão do TCU para que o kit fosse devolvido ao Estado brasileiro, os investigados internalizaram os bens, devolvendo-os na data de 24 de março de 2023 na agência da Caixa Econômica Federal, na cidade de Brasilia/DF”, diz a PF.

Mais recente Próxima Kit de joias da Chopard recebido por Bolsonaro foi leiloado nos EUA
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