Júlia Almeida relembra papéis em novelas do pai, Manoel Carlos, conta se pensa em voltar à TV e fala sobre autoestima: 'Hoje me sinto mais forte'

• Veja fotos: Caio Blat fala sobre venda de casa no Rio por R$ 4,5 milhões: 'Começar outro momento da vida'
• Entrevista: Reynaldo Gianecchini fala de críticas após ser escolhido para viver drag no teatro: 'Já falei que sou pansexual, o que mais querem?'

— Comecei catalogando, arquivando, organizando tudo. São sete mil caixas com coisas dele. Tem prêmios, coisas do passado, coisas da família. Estou com uma equipe pequena ainda.

Durante o trabalho, Júlia tem a oportunidade de entrar com contato novamente com as produções do pai que fizeram sucesso na TV. A atriz esteve em algumas delas:

— Tenho carinho por tantas. Me diverti muito em "Mulheres apaixonadas", mas tenho um grande carinho por "Laços de família" e Por amor". Em "Laços de família", criei um laço de família mesmo com Marieta Severo e Reynaldo Gianecchini. "Por amor" fiz com Vivianne Pasmanter, que é uma das minhas melhores amigas até hoje. Agora, "Mulheres apaixonadas" acho maravilhosa porque era muita mulher junta, uma loucura. Não sei como meu pai conseguiu encarnar tantas mulheres e pegar tantas facetas femininas de todos os tipos e de todas as maneiras.

Ela diz que, durante as participações nestas tramas, sentiu o peso do nome do pai:

— Tive muito problema na época de ser filha do Manoel Carlos. Fui muito tachada por isso. "Ela está ali porque é filha do Manoel Carlos". Sou filha do Manoel Carlos com muito prazer. Carrego este legado com honra.

Em postagens recentes nas redes, Júlia compartilhou com os seguidores um vídeo em que mostra suas cicatrizes de nascença, algo que sempre foi muito comentado pelo público, principalmente quando ela estava no ar:

— Me perguntam muito da minha epilepsia (ela teve uma crise convulsiva em 2008 e, a partir disso, recebeu o diagn��stico) e das cicatrizes. Eu vejo as mídias sociais como um meio de você alimentar as pessoas. Não é uma positividade boba. Faz parte de mim, faz parte da minha vida. Me perguntam: "Nossa, você tem tanta força, de onde tira essa força?". Eu digo: "Do que passei". Não gosto nunca de me colocar no lugar de vítima. Às vezes, isso assusta um pouquinho. As pessoas: "Ah, coitada". Não é isso. Vamos em frente sempre. A gente cai e levanta. As cicatrizes, na verdade, me alimentam, me fortaleceram. Isso não significa que não sofri, que não foi difícil. Significa que aprendi com elas, que aprendi a amá-las. Hoje, me sinto mais bonita, melhor e mais forte. Sempre olhando o passado a gente consegue ser mais forte no futuro e ver aonde a gente chegou. É importante olhar o passado. Estou lidando com o passado agora, em relação ao meu pai. Estou olhando o trabalho dele para poder passar para este futuro que está vindo aí, para a galera que está vindo aí, de uma outra forma, o legado dele. Tem a ver com isso também. Tem que ter meu dedinho ali também.

• TV e famosos: se inscreva no canal da coluna Play no WhatsApp

Hoje, Júlia é dona de uma marca de moda que toca paralelamente ao projeto de preservação do legado do pai. Sua última novela foi "Tempo de amar" (2018), em que fez uma participação:

— A marca é meu escape, meu criativo. Sempre foi uma coisa sazonal, depois que eu parei de atuar. Não tenho vontade de voltar a atuar. Se tiver uma coisa legal, de repente, vou lá e faço. Nunca digo nunca, mas estou muito feliz com meus trabalhos.

Ela morou na Inglaterra por um período, se casou, se divorciou e voltou ao Brasil em 2020, pouco antes da pandemia. Ela diz que não tem desejo de ser mãe:

— Tenho dois filhos de quatro patas. Acho que, para colocar um ser humano no mundo, tem que pensar duas vezes hoje em dia. Então, prefiro mostrar isso nos meus trabalhos, no que eu faço. Amo meus cachorros. A gente constrói famílias de diferentes formas. Até agora não tive vontade de ter filhos.