Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, conseguiu escapar à pressão dos ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil, e saiu da da reunião com o presidente Lula no final da tarde desta quarta-feira sem ter que assumir o compromisso de baixar o preço dos combustíveis no curto prazo.

O desfecho das discussões que duraram dois dias foi interpretado por aliados do presidente como uma vitória de Prates contra Silveira e Costa – graças ao apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Na reunião realizada no Palácio do Planalto, Prates fez uma apresentação sobre a evolução dos preços dos combustíveis da empresa e a fórmula de cálculo que considera a paridade de preços com o mercado internacional e outras variáveis.

O objetivo era demonstrar que a Petrobras não pode repassar imediatamente ao consumidor toda a queda no preço do barril de petróleo e no valor do dólar em relação ao real, porque precisa compensar as perdas acumuladas enquanto esses mesmos indicadores estavam em alta e a companhia segurou os preços.

O argumento de Prates foi defendido também por Haddad contra Costa e Silveira numa reunião que, a exemplo do encontro do mesmo grupo no dia anterior, teve bate-boca e muita tensão.

De acordo com as contas internas da companhia, seria preciso segurar os preços sem grandes quedas pelo menos até o final do ano para atingir uma média que não ficasse muito abaixo dos parâmetros considerados saudáveis.

Na prática, o presidente da Petrobras conseguiu esse prazo – pelo menos aparentemente. Isso porque os participantes combinaram de fazer um novo encontro para avaliar a situação. Mas como Lula agora vai embarcar para o exterior em viagem e na volta teria outros compromissos, muito provavelmente essa nova reunião vai ocorrer em pelo menos duas semanas, já quase no final do ano.

Aliados de Jean Paul Prates comemoraram o resultado da maratona de reuniões e do embate ferrenho do presidente da Petrobras para continuar no cargo.

Até a quarta-feira, os ministros de Minas e Energia e da Casa Civil vinham buscando nos bastidores o nome de um substituto para oferecer a Lula – o que ambos negam publicamente – , e auxiliares do presidente no Palácio do Planalto davam como certo que o prazo de permanência de Prates na Petrobras estava próximo de vencer.

A disputa pública entre o presidente da Petrobras e o ministro das Minas e Energia começou na última sexta-feira (17), quando Silveira declarou à GloboNews que estava na hora de "puxar a orelha" de Prates para que baixasse os preços, o que poderia ajudar a reduzir a inflação.

Irritado, o presidente da petroleira usou as redes sociais para dizer “não faz sentido agir por impulso ou açodamento” e escreveu que se o ministério de Silveira quiser “orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente” , será necessário seguir tanto a Lei das Estatais e as regras do Estatuto Social da companhia.

Nesse clima, a reunião que estava prevista inicialmente para discutir o plano estratégico da companhia, na terça-feira (21) acabou enveredando pela questão dos combustíveis. Nas contas do MME que Silveira levou para a reunião, já seria possível reduzir em 10 centavos o preço da gasolina, 40 centavos no litro de diesel e 49 centavos no querosene de aviação.

Na quarta-feira, Prates contestou essa conta e argumentou que não havia nenhuma razão para se discutir publicamente a questão dos preços, uma vez que a população não está reclamando.

Em conversas reservadas, Prates tem dito que Silveira provocou esse debate artificialmente, depois de ser informado de que havia uma previsão de redução de preços mais adiante. O ministro teria então se antecipado e ir à TV pressionar o presidente da Petrobras para fazer já o que ele só pretendia fazer no médio prazo.

Finda a reunião, Silveira e Costa perceberam que Lula não exigiu nada de Prates e entenderam que haviam perdido esse round. Mas, pelo ânimo demonstrado nos bastidores, logo encontrarão outra forma de retomar a batalha.

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