Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar

A reunião que Lula e alguns ministros tiveram na terça-feira (21) com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, será retomada no final da tarde desta quarta para uma apresentação sobre a evolução dos preços dos combustíveis da empresa.

Prates vai tentar demonstrar que não pode repassar ao consumidor toda a queda no preço do barril de petróleo e no valor do dólar em relação ao real, porque precisa compensar as perdas acumuladas enquanto esses mesmos indicadores estavam em alta e a companhia segurou os preços.

Apesar de o presidente da Petrobras ter declarado ao final que o assunto não foi discutido, os combustíveis foram uma razões dos embates entre o presidente da Petrobras e os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, na reunião que durou mais de uma hora e meia e terminou inconclusiva. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou do encontro.

De acordo com relatos obtidos pela equipe da coluna, o presidente Lula mais observou do que opinou durante as discussões em que Silveira e Costa pressionaram Prates a explicar por que não baixa os preços – numa versão fechada e mais acalorada da discussão que já vem se dando em público há alguns dias.

Os dois também queriam que Prates aprovasse no conselho da companhia, na próxima quinta-feira, investimentos firmes em fertilizantes e num projeto de produção de óleo e gás em Sergipe que, por enquanto, ainda estão no plano estratégico da empresa como algo ainda em estudo.

O próprio Lula vem cobrando de Prates que agilize o projeto de encomenda de plataformas para incentivar a construção de estaleiros no Brasil – iniciativa que já fracassou no passado, mas que o presidente da República ainda acha válida para gerar empregos.

Entre os que se reuniram no Planalto nesta terça, apenas Fernando Haddad se alia a Prates na opinião sobre os repasses de preços.

O ministro da Fazenda chegou a dizer na reunião que, no início do ano que vem, reivindicaria a indicação de um conselheiro para a empresa – desagradando Silveira, que hoje tem ascendência sobre três dos seis integrantes do conselho indicados pela União. Os outros cinco conselheiros da Petrobras representam os acionistas minoritários e os funcionários.

A disputa pública entre o presidente da Petrobras e o ministro das Minas e Energia começou na última sexta-feira (17), quando Silveira declarou à GloboNews que estava na hora de "puxar a orelha" de Prates para que baixasse os preços, o que poderia ajudar a reduzir a inflação.

Irritado, o presidente da petroleira usou as redes sociais para dizer “não faz sentido agir por impulso ou açodamento” e escreveu que se o ministério de Silveira quiser “orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente” , será necessário seguir tanto a Lei das Estatais e as regras do Estatuto Social da companhia.

O conflito só cresceu nos bastidores ao longo do final de semana. Silveira e Costa se articularam para encontrar nomes de possíveis substitutos a Prates para oferecer a Lula, enquanto o presidente da Petrobras tentou atrair o apoio dos conselheiros minoritários. Publicamente, porém, Costa nega estar trabalhando para substituir Prates.

Nesse clima, a reunião que estava prevista inicialmente para discutir o plano estratégico da Petrobras acabou enveredando pela questão dos combustíveis. Nas contas do MME que Silveira levou para a reunião, já seria possível reduzir em 10 centavos o preço da gasolina, 40 centavos no litro de diesel e 49 centavos no querosene de aviação.

Prates contesta essa conta, e vai levar dados de preços de todo o ano para o Planalto no final da tarde desta quarta-feira. Se a apresentação será suficiente para convencer, porém, ninguém é capaz de dizer.

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