Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Favorito para a chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador Paulo Gonet enviou nesta quarta-feira (22) um parecer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) defendendo o arquivamento de uma ação movida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro contra Lula, Geraldo Alckmin e o deputado federal André Janones (Avante-MG) por difusão de fake news na campanha do ano passado.

Conforme informou o blog, Bolsonaro quer usar o livro “Janonismo cultural: o uso das redes sociais e a batalha pela democracia no Brasil”, lançado nesta quarta-feira em Brasília por Janones, para reabrir o caso em que o parlamentar é acusado de disseminar fake news durante a última campanha eleitoral – e levar à cassação do mandato e à inelegibilidade.

Bolsonaro acusa Janones de, na condição de “consultor nas esferas digitais” da campanha de Lula, utilizar suas redes sociais como “verdadeira fábrica de fake news” e ofender a honra do então candidato à reeleição. Durante a campanha, Janones chamou Bolsonaro de "vagabundo", "assassino", "bandido", além de propagar que o adversário iria acabar com o programa Auxílio Brasil.

"Os parâmetros indicados para a configuração do abuso de poder digital não se retratam nos fatos provados. Não parece estampado nos autos o elemento da gravidade das circunstâncias para configuração do abuso de poder, exigido para o perfazimento da conduta punível", escreveu Gonet em seu parecer.

“Não houve comprovação de que o investigado (Janones) se valeu de comportamentos inautênticos no ambiente digital; surgindo apenas indicação de postagens orgânicas com o escopo de capitalizar seguidores e incrementar engajamentos na campanha eleitoral. Não há, muito menos, prova de emprego de recursos oficiais ou da estrutura estatal para promover e facilitar a divulgação das postagens.”

O ministro Benedito Gonçalves encerrou a fase da coleta de provas nessa ação no último dia 9, antes de deixar o cargo de corregedor da Justiça Eleitoral, mas Bolsonaro pediu a reabertura da fase de instrução para incluir o inteiro teor do livro, que será lançado nesta semana em algumas capitais.

Antes de deixar o TSE, Benedito ainda negou um pedido de Bolsonaro para quebrar o sigilo bancário do parlamentar.

No parecer, obtido pela equipe da coluna, Gonet concordou com o ministro e se manifestou contra a quebra do sigilo bancário de Janones, sob a alegação de Bolsonaro não apontou "fato concreto que sugira que a atuação do investigado tenha envolvido contrapartida financeira naquilo que é reputado como 'guerrilha digital' desinformativa".

Sobre o pedido de Bolsonaro para anexar na ação o livro de Janones como prova do engajamento do parlamentar na difusão de fake news, Gonet ressaltou que a inclusão da obra “não tem aptidão, por si só, para demonstrar que essa atuação teve peso decisivo para comprometer a lisura da disputa ao cargo de Presidente da República”.

Segundo o próprio Janones, ele inventou ter tido acesso ao telefone celular deixado pelo ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência e ex-homem de confiança de Bolsonaro Gustavo Bebianno, que morreu em março de 2020.

“Apesar de jamais ter chegado perto desse mítico aparelho, insinuei que havia tido acesso a ele. Só para atormentá-los (os bolsonaristas) mais um pouco”, afirma o parlamentar no livro.

“O que Jair Bolsonaro temia?”, prossegue Janones. “Que eu tivesse entregado documentos sobre Gustavo Bebianno para Lula às vésperas do último debate. Até eu me impressionava com minha capacidade de mexer com eles. Jair Bolsonaro chegou a pedir que a Justiça determinasse a exclusão de todas as minhas redes sociais, uma vez que minha atuação na campanha estava causando efeitos psicológicos negativos nele."

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