Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Não são só o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle que vão prestigiar a posse do presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, em 10 de dezembro.

Os governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e parlamentares bolsonaristas estão preparando uma caravana com mais de 20 integrantes para desembarcar em Buenos Aires, reforçando a comitiva do ex-presidente no evento.

Animados com a vitória de Milei, eles estão inclusive articulando uma agenda do argentino com Bolsonaro na véspera da posse, no sábado, dia 9 de dezembro. Se confirmado, será mais um episódio com potencial para irritar ainda mais os petistas.

Entre os aliados de Bolsonaro que estão programando comparecer à posse na Argentina estão o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Jorge Seif (PL-SC), Magno Malta (PL-ES) e Marcos Rogério (PL-RO), o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social Fabio Wajngarten e dois ex-ministros bolsonaristas: os senadores Ciro Nogueira (Progressistas-PI) e Rogério Marinho (PL-RN).

Também devem integrar a “delegação" os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho “zero três” do ex-presidente – que é próximo do presidente recém-eleito e esteve na Argentina durante a campanha –, Bia Kicis (PL-DF), Julia Zanatta (PL-SC) e Gustavo Gayer (PL-GO). Eles pretendem ficar hospedados no mesmo hotel.

Gayer foi denunciado nesta semana pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de injúria e racismo contra Lula e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, respectivamente.

“Acho que vão pelo menos uns 30, entre deputados e senadores”, afirmou Ciro Nogueira, em conversa com a equipe da coluna.

O ex-ministro da Casa Civil disse que cada um arcaria com suas próprias despesas: “É cada um pagando por si. Já comprei minha passagem.” Mas o senador Marcos Rogério afirmou que será uma missão parlamentar, e portanto as despesas serão pagas com dinheiro público.

“O cara é presidente da Argentina e estou indo como parlamentar, representando a Casa. O Parlamento tem de se posicionar até pela tensão entre os dois governos (Milei e Lula). É um gesto do Parlamento de dizer que as relações com a Argentina sempre foram boas”, justificou.

De acordo com Valdemar, os gastos serão bancados com "recursos próprios" do PL.

A empolgação dos bolsonaristas com a vitória de Milei é tal que Ciro Nogueira chegou a afirmar que os “ventos estão mudando” nas Américas como um todo e que aposta inclusive numa vitória do republicano Donald Trump sobre o democrata Joe Biden em 2024.

“O mundo está indo muito à direita. A vitória do Trump é hoje mais do que certa ano que vem nos EUA. Pelo que converso com algumas pessoas, o próprio governo Lula já está precificando a derrota do Biden”, comentou Ciro.

Conforme informou o blog, a possibilidade de Bolsonaro participar da posse de Milei já estava prevista nos informes internos do Itamaraty apresentados ao presidente Lula para um cenário de vitória do candidato da aliança A Liberdade Avança.

Em entrevista ao GLOBO, o embaixador do Brasil na Argentina, Júlio Bitelli, disse que o convite de Milei a Bolsonaro para a posse “não é um gesto que vá no bom sentido”, mas não descartou a ida de Lula para o evento.

“A questão dos convites para a posse ainda é objeto de discussão entre o governo atual argentino e o governo futuro. Os convites ainda não foram expedidos, o presidente Lula ainda não foi convidado, entendendo que nenhum chefe de governo foi ainda convidado. O convite, sobre o qual soubemos pela imprensa, do Milei ao ex-presidente Bolsonaro é uma decisão pessoal, e não deve necessariamente afetar a relação entre os Estados”, afirmou o embaixador.

O petista já foi chamado de “corrupto” e “comunista” por Milei durante a campanha e o acusou de interferência no processo eleitoral argentino – Lula torcia pela vitória do peronista Sergio Massa, derrotado com apenas 44,3% dos votos válidos, ante 55,7% do adversário.

Sem citar Milei, o presidente brasileiro desejou no X (ex-Twitter) “boa sorte e êxito ao novo governo”. Na última terça-feira, durante discurso de formatura de novos diplomatas no Instituto Rio Branco, Lula disse que não precisa “gostar” nem ter que ser “amigo” dos presidentes da América do Sul.

“Nós temos que nos sentar na mesa, cada um defendendo os seus interesses. Não pode ter supremacia de um sobre o outro, a gente tem que chegar a um acordo. Essa é a arte da democracia. A gente tem que chegar a um acordo", disse Lula.

Para tentar diminuir o impacto negativo da vitória de Milei sobre as relações bilaterais, a recomendação do Itamaraty ao governo petista é “evitar polêmicas desnecessárias, sobretudo pela imprensa e redes sociais, preservar a agenda bilateral e manter permanentemente abertos canais de diálogo”, conforme revelou a equipe da coluna.

Após a vitória de Milei, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, afirmou em entrevista à Globonews que acha que Lula não deve ir à posse, “independentemente de outros convites que o presidente eleito tenha feito”.

Já o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, acusou Milei de ofender Lula de “forma gratuita” e cobrou um pedido de desculpas como condição para que o petista conversasse com o ultra-direitista.

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