Ano passado, Pedro Bial prometeu numa entrevista que falaria de temas difíceis em seu programa de entrevistas na Globo. Na última terça-feira, a morte, mais do que “difícil”, um verdadeiro tabu, esteve no centro da conversa.
Bial recebeu primeiro a aposentada Elfriede Galera, conhecida como Frida. Ela contou que só obteve o diagnóstico de câncer dois anos depois de procurar um médico pela primeira vez e ouvir dele que era só uma cisma e “precisava mesmo de uma pia cheia de louça para lavar”. Ao seu lado no sofá estava Ana Claudia Arantes, médica paliativista, uma especialidade pouco conhecida no Brasil. A conversa, esclarecedora, foi avançando sem evitar aquela nuvem de pontos em que ninguém toca muito: a aproximação da morte, a doença terminal, os tratamentos árduos e delicados etc. A esta altura, dois ótimos personagens chegaram ao palco: uma oftalmologista que sofre de uma doença autoimune e seu namorado. A presença deles foi uma espécie de refresco (relativo) e motivou palmas e algumas risadas do público. Em seguida, Bial ouviu uma advogada, Luciana Dadalto. Ela explicou a diferença entre “eutanásia” (abreviação da vida), “distanásia” (extensão da vida biológica) e “ortotanásia” (uma visão meio fatalista da situação, que prevê aceitar as circunstâncias). Finalmente, veio uma reportagem numa clínica multidisciplinar especializada na “boa morte”.
Com esse tema esmiuçado de forma tão completa e corajosa, o “Conversa com Bial” atravessou uma fronteira ainda inexplorada na televisão aberta. De quebra, mexeu até com o próprio formato do talk show, tradicionalmente leve, embalado por um pouco de humor e música. Foi diferente, mais profundo e relevante. Vale procurar no Globoplay.
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