Pedro Bial entrevista Luís Roberto Barroso (Foto: Ramón Vasconcelos/ TV Globo)
Quando a Globo anunciou que Pedro Bial comandaria um programa de entrevistas, ele já tinha feito isso no GNT. Na TV paga, entretanto, limitou-se a conversar com mulheres. Na TV aberta, esse repertório se ampliou. Agora, passados três meses (a estreia foi em 2 de maio), é possível dizer, sem medo de injustiças, que o “Conversa com Bial” estabeleceu sua importância.
Desde o primeiro dia, com a presença da ministra Cármen Lúcia, até a última quarta, com a entrevista do ministro Luís Roberto Barroso, o jornalista vem discutindo a judicialização da vida brasileira, os rumos da política e refletindo angústias nacionais. Esses diálogos não serviram apenas a esclarecer. Também levantaram questões, aprofundaram dúvidas e levaram a atração a ganhar uma presença nos grandes debates do país. Passaram por ali de comediantes a escritores, de arquitetos a músicos e pessoas divulgando filmes, livros e peças. Bial dançou mais de uma vez. Fez um passinho acrobático, seguindo as instruções da cantora e youtuber Dani Rossi e também participou de uma encenação com Claudia Raia com o (provavelmente único) objetivo de divertir. Viajou mais de uma vez em busca de bons interlocutores, uma delas a Israel, para ouvir Yuval Harari. Foi muito bom.
Um repórter pode lançar a seu entrevistado uma pergunta imprevista e arrancar dele uma informação no susto. O noticiário quente tem a seu favor o paroxismo do calor da atualidade. Num talk-show, é diferente. Também é preciso extrair a novidade, mas a dose de surpresa tem tudo para ser menor. O “Conversa com Bial” dribla isso com pautas pensadas de antemão, acrescidas de material de pesquisa. A direção (de conteúdo de Ingo Ostrowsky e artística, de Mônica Almeida) vem acertando.
Jô Soares segurava carinhosamente o braço de seus convidados. Marília Gabriela pendia para a frente num gesto que indicava que não deixaria passar uma resposta pela metade. Bial recebe seus convidados de pé e faz uma breve apresentação. Ela muitas vezes vai além do meramente descritivo, mas é invariavelmente bem escrita. Eis o coração do talk-show: o estilo de cada um. O “Conversa com Bial” já mostrou sua marca.
