Crítica
PUBLICIDADE

Por Patrícia Kogut


Reynaldo Gianecchini, Tainá Müller e Klara Castanho em 'Bom dia, Verônica' (Foto: Netflix) — Foto:
Reynaldo Gianecchini, Tainá Müller e Klara Castanho em 'Bom dia, Verônica' (Foto: Netflix) — Foto:

O espectador de “Bom dia, Verônica” fica logo colado nos seis episódios da segunda temporada — estreia da Netflix. Essa atração é movida por dois sentimentos contraditórios. Por um lado, há um encanto com a trama bem construída (Raphael Montes e Ilana Casoy), com a direção competente (José Henrique Fonseca) e com o elenco exclusivamente de talentos. Por outro, não se trata de uma aventura para todos os públicos. É preciso ser fã das histórias policiais e dos dramas psicológicos mais pesados. Como nos episódios de 2020, a violência atravessa tudo o tempo inteiro.

O grande vilão da primeira temporada saiu de cena. Com isso, o enredo estabelece uma nova linha de partida. A heroína é a mesma, a policial Verônica (Tainá Müller). Agora, no entanto, ela já não tem o aval da corporação. Vive na clandestinidade sob o codinome Janete. E se esconde até dos filhos. Investiga a mesma organização criminosa do passado, mas há outros bandidos, mais poderosos. Estão por trás de uma rede de tráfico de pessoas, de um falso orfanato e de uma igreja picareta que extorque dinheiro de pessoas fragilizadas. Ela enfrenta um suco de maldade.

“Bom dia, Verônica” reinventa a luta de Davi e Golias, um clássico da desproporção. É um jogo infalível para insuflar as torcidas e capturar a atenção do público.

Vale agora abrir mais de um parágrafo só de elogios para o elenco e a direção de atores.

O espectador que acompanha Reynaldo Gianecchini desde que ele chegou à TV apreciou seu crescimento. O ator chega a seu melhor momento. Ele vive o líder religioso Matias, um abusador que comete os piores crimes inclusive contra a própria família. Seu traço mais marcante é o cinismo: ele se expressa com doçura e age com crueldade. Esse lobo-cordeiro é um papel que só encontra a devida dimensão a cargo de um profissional talentoso. Gianecchini alcança todas as nuances que sua tarefa exige. Está suntuoso.

Klara Castanho nasceu pronta. Chegou ao GNT com menos de 5 anos, em “Mothern”. O elenco daquela série premiada era todo bom, mas só se falava na menina pequena que trazia tanta credibilidade ao resultado final. Em “Bom dia, Verônica”, ela vive Ângela. Devora cenas dificílimas com a tranquilidade de quem sabe tudo. Esse domínio se reflete na aparência dela, que parece criança e adulta, uma variação de uma sequência para a outra.

A Camila Márdila cabe Gisele, uma mulher tiranizada pelo marido. A interpretação contida e a construção nos detalhes reforçam a certeza de que essa é uma das maiores atrizes da sua geração.

Finalmente, o elenco da temporada passada — Tainá, Adriano Garib, Elisa Volpatto e Silvio Guindane — segue brilhando.

O roteiro se vale de alguns truques e há, aqui e ali, algum artificialismo nas câmeras dramáticas. Mas, noves fora, a produção é de alta qualidade.

Vale conferir.

SIGA A COLUNA NAS REDES

No Twitter: @PatriciaKogut

No Instagram: @colunapatriciakogut

No Facebook: PatriciaKogutOGlobo

Mais recente Próxima