Alexandre Nero em 'Onde nascem os fortes' (Foto: Estevam Avellar/TV Globo )
No capítulo de anteontem de “Onde nascem os fortes” (no Globo Play), Pedro, personagem de Alexandre Nero, esteve cara a cara com Maria (Alice Wegmann) numa sequência muito tensa. Com ódio, ferida e acuada, ela apontou uma arma para ele e seu séquito. Acabou inadvertidamente acertando Joana (Maeve Jinkings). Pedro se desesperou. Sua reação revelou duas facetas num intervalo de poucos segundos: ele se preocupou em socorrer a amante ao mesmo tempo em que mandou seus capangas perseguirem Maria. Em outras palavras, a tarefa de Nero não se resume a interpretar o clichê do machão sertanejo. O personagem é complexo, composto de nuances. Mais do que isso, tem contradições: é humano e também cruel.
A série (de George Moura e Sergio Goldenberg com direção artística de José Luiz Villamarim) não é explicadinha nem excessivamente reiterativa, como exigem as novelas. Nesse enredo, muitas vezes os recados vêm através das pausas ou dos olhares e dos gestos dos atores. O trabalho da direção — e do elenco — é, portanto, fundamental para a compreensão da história.
Sujeitos poderosos não chegam a ser novidade no currículo de Nero. Entre outros papéis que ele desempenhou esteve o do Comendador (em “Império”), cujo nome é autoexplicativo. Ainda assim, agora, está fazendo diferente e surpreendendo. Em 2008, chamou a atenção pela primeira vez na TV como o verdureiro Vanderlei de “A favorita”. Na trama de João Emanuel Carneiro, ele tinha poucas falas. Isso ocorria por duas razões: o papel era pequeno e o personagem, muito tímido. Pedro (o dono da cidade) e Vanderlei (humilde e acanhado) são tipos opostos, mas têm algo em comum: ambos se beneficiaram muito do bom trabalho do ator.
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