Ir para o conteúdo


Publicidade

'Onde nascem os fortes' faz estreia impressionante

Patrícia Kogut

Alice Wegmann e Gabriel Leone em 'Onde nascem os fortes' (Foto: Estevam Avellar/TV Globo )Alice Wegmann e Gabriel Leone em 'Onde nascem os fortes' (Foto: Estevam Avellar/TV Globo )

 

Nada do sol inclemente, dos chapéus de cangaceiro ou de toda aquela simbologia que o senso comum associa ao Sertão Nordestino. Em “Onde nascem os fortes” — supersérie que chegou ontem ao Globo Play —, o diretor José Luiz Villamarim explora, é verdade, uma região que já visitou antes, em “Amores roubados” (dos mesmos autores, George Moura e Sergio Goldenberg). Mas, agora, expõe um panorama novo e surpreendente. Ele também subverte a ideia de que aquela paisagem oferece pequenas variações possíveis. Já na estreia, vimos cenas noturnas, cavernas com pinturas rupestres e uma fábrica de exploração de bentonita. A poeira do ambiente invadiu tudo, onipresente, como se fosse um personagem protagonista. O episódio serviu a apresentar algumas figuras centrais da trama e a localizá-las naquela geografia. Isso foi feito com a marca forte de Villamarim, entre pausas e silêncios.

Moura e Goldenberg armaram sua história habilmente e aos poucos. Conhecemos primeiro Maria (Alice Wegmann) e Hermano (Gabriel Leone). Depois, Nonato (Marco Pigossi), irmão gêmeo dela. O desaparecimento do rapaz será o acontecimento que fará disparar toda a trama central, mas isso ainda não aconteceu. Patricia Pillar, a mãe dele, Cássia, teve breves, mas promissoras aparições. Fomos informados ainda de que, segundo as regras locais, uns mandam, outros, obedecem. Pedro Gouveia (Alexandre Nero) disse isso numa sequência em que espancou Nonato. O recado se repetiu na única e rápida cena de Ramiro (Fabio Assunção). Ele afirmou que “todos os dias são do caçador”. Debora Bloch é Rosinete, casada com Pedro, mãe de uma menina doente. A sequência triste em que ela correu solitária pelo deserto, no escuro, enquanto rezava pela melhora da garota, foi um ponto alto do capítulo. O elenco, aliás, falando em ponto alto, é todo de grandes profissionais.

O Sertão de “Onde nascem os fortes” está longe de parecer idílico. Ao contrário. As situações de perigo se repetiram e um padrão se delineou, indicando que essa aventura se desenrolará num lugar cheio de riscos. Eles estão na violência física, nas traições conjugais e na desobediência às tais regras mencionadas por Pedro. A estreia foi muito bem-construída pelos autores. Ela também mostrou o aprofundamento do trabalho de Villamarim — um dos mais talentosos valores da nossa televisão — em caminhos que ele já tinha percorrido. Só a parceria do trio já representaria um motivo suficiente para o público conferir a supersérie. O capítulo, excelente, só confirma essa impressão.

 

SIGA A COLUNA NAS REDES

No Twitter: @PatriciaKogut

No Instagram: @colunapatriciakogut

No Facebook: PatriciaKogutOGlobo

Mais em Kogut

Publicidade