Mell Muzillo reflete sobre sucesso de 'Ritinha' em Renascer: "Estava quase desistindo"

"Foi um processo muito longo, intenso e dúvidas. Às vezes, me questionava: caramba, será que vai dar certo?' Porque, na verdade, já estava até desistindo. Quando aconteceu, custou para que eu acreditasse", relembra a artista em entrevista exclusiva à Glamour Brasil.

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O sonho de ser atriz parecia distante, mas o teste de Renascer veio pra transformar a sua carreira e projeções futuras. "Eu já estava há muito tempo batendo na porta e não conseguindo entrar. Nunca era o meu perfil. Sempre diziam: "Ah, não é o perfil que estamos procurando" ou "é alta demais". Enfim, nunca era o meu perfil. Então, chega um momento em que você pensa: "Será que isso é para mim mesmo?", relembra.

Confira abaixo a entrevista completa com a atriz.

Quais foram os principais desafios para interpretá-la?

A palavra é essa mesmo: desafios. São muitos desafios, né? Tive que trazer a Ritinha de 1993 para os dias de hoje. Inspirei-me em algumas coisas, mas quis criar minha própria Ritinha, muita coisa mudou de 30 anos pra cá, e eu queria refletir isso. Uma coisa boa foi a grande preparação com o elenco antes de começarmos a gravar, o que ajudou muito. Tem a questão geográfica, porque gravamos em estúdio. Então, nesse processo de construção de personagem eu pensava: como ela vai andar? Uma menina faceira, então ela vai dar uma leve reboladinha, vou arrastar um pouco a sandália, e se ela se coçasse? Apesar de gravarmos em estúdio, a novela se passa em uma fazenda na Bahia, então deve haver insetos, e por aí vai. Estamos sempre tentando trazer esse ambiente rural e a personalidade para as ações.

Quais foram os passos até chegar nas telinhas da TV brasileira?

Comecei na dança com 2 anos, na verdade, por indicação médica, porque tinha o joelho torto e acabei gostando. Aos 7 anos, fiz o teste para a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal do Rio, e passei. Fiquei seis anos lá. Nesse período, comecei a fazer teatro e me apaixonei! Fiz teatro musical e, mais tarde, entrei para o audiovisual, que era meu principal objetivo. Fiz vários cursos de televisão. Também cheguei a ganhar um campeonato de dança no maior festival de dança do mundo, em Joinville, Santa Catarina.

Como foi ter sido aprovada para o papel da Ritinha?

Foi uma emoção indescritível. Fui pega de surpresa, liguei para minha mãe e, juntas, comemoramos e choramos de alegria. Passou um filme na minha cabeça. Demorei para acreditar que tudo aquilo era real, que estava acontecendo na minha vida. Foi incrível. Até hoje, quando me lembro daquele dia, parece que a ficha ainda não caiu completamente. Sou imensamente grata.

Você já comentou que, assim como sua personagem, também já foi trocada em um relacionamento. Qual a sensação de reviver essa situação por meio da ficção?

Acredito que se está na ficção, em algum lugar do mundo isso acontece. E quem nunca, né? Acho difícil sentar em uma roda de mulheres, falar sobre relacionamentos e pelo menos a maioria não ter vivido isso. Tenho recebido muitas mensagens e relatos de mulheres que passaram por situações similares a de Ritinha. No caso dela, é uma traição de uma forma um pouco brutal e muito exposta. No ambiente de trabalho onde cresceu e onde sua mãe também trabalha, Inclusive muitas vezes elas tem a obrigação de servir a mesa pra Eliana, que está acima delas de uma certa forma.

Quando uma mulher é traída, normalmente vem junto o sentimento de insuficiência. Agora, quando eu falo sobre essa diferença de classe e raça, exemplificando a figura de Ritinha e Eliana, quero trazer um cenário que também é MUITO real. O questionamento de insuficiência vem acompanhado de inúmeras outras questões.

Como tem sido a reação do público ao te ver dando vida à personagem?

Estou feliz demais com todo retorno positivo com meu trabalho, a Ritinha é uma personagem cheia de nuances, e agora passando por uma transição, ela não é mais aquela menininha do começo da novela. Sinto que o publico vive juntinho essas nuances dela, o que é muito divertido! Tem muuitas coisas pra rolar ainda com essa 'menina-mulher', estou ansiosa pra ver como vão reagir.

Você tem 18 anos e já ganhou destaque com um papel importante da TV. O que você diria pra Mell do passado?

Me sinto muito realizada, estou vivendo isso com muito respeito, gratidão e pedindo licença aos que vieram antes abrindo os caminhos para que eu pudesse desfrutar de tudo isso, honrando meus ancestrais e ocupando os espaços. Eu diria a Mell do passado desacelerar, acreditar e continuar rindo sozinha na janela dos ônibus e trens se imaginando vivendo o seu sonho, que vai dar tudo certo! Ainda bem que ela não desistiu… hoje ando de mãos dadas com aquela Mell, ela que me mostra o caminho de volta. Sem aquela pequena menina com grandes objetivos, eu não conseguiria.

Depois do enorme sucesso, quais são seus planos para sua carreira?

Quero continuar trabalhando no audiovisual, quero muito fazer cinema. Tenho muitos sonhos a realizar e um deles também é contracenar com meu irmão mais novo, que também é ator, o Kenay. Acredito que isso pode se tornar realidade e será uma experiência linda. Meu objetivo é seguir em frente, sem parar de estudar, experimentar o novo, dar vida a outras diversas personagens e claro, ser muito feliz!

Glamour: Quem é Mell Muzzillo, dentro e fora da televisão?

No trabalho, me cobro bastante, principalmente por ser o primeiro, tenho essa sede de fazer o melhor que puder. Minha mente não para nunca de ter ideias. Além disso, minha gente, sou geminiana com ascendente em câncer, filha de Iemanjá e Oxóssi, indecisa toda vida mas focada. Penso muito o tempo todo, gosto de experimentar o novo, adoro rir, ver o mar, pagodinho de rua, churrasquinho… Mesmo sendo muito vaidosa, não sou muito presa a isso, gosto de estar à vontade.