Naomi Campbell sobre diversidade na moda: "Estou começando a ficar nervosa porque estamos retrocedendo"

Uma Naomi emocionada, vestida com um terno vintage Alexander McQueen, conversou com a jornalista Yomi Adegoke e com o curador sênior de moda da V&A, Sonnet Stanfill, sobre se sentir 'oprimida' tanto com a perspectiva da expo quanto com o processo de reunir tantos artefatos dos seus 40 anos de carreira, especialmente desde que se tornou mãe de dois filhos.

Falando sobre a compilação da vasta gama de suas roupas, joias e artefatos pessoais espalhados por todo o mundo – de Nova York a Londres – ela disse: “Eu queria guardá-los para todos os meus filhos, antes estava uma bagunça, mas agora está definitivamente estão mais organizados para eles!”.

Referindo-se ao status pioneiro de Naomi como mulher negra na indústria da moda, o curador da mostra, Sonnet Stanfill, foi rápido em apontar: “A luta de Naomi pela diversidade não tem sua própria seção especial. É um fio condutor que permeia toda a exposição, é mais um tema subjacente constante ao longo de toda a sua obra, com especial destaque para a sua relação muito próxima com o falecido Nelson Mandela.”

No entanto, Naomi disse que, apesar do progresso significativo na diversidade em toda a indústria da moda, e reconhecendo as conquistas do trabalho de seu amigo Edward Enninful na Vogue britânica, ela também disse que teme que a indústria tenha chegado a um ponto em que possa estar retrocedendo. “'A [diversidade] permanecerá?' Essa é uma questão na qual realmente não quero pensar, mas é nisso que estou pensando, porque, ao olhar as coleções, estou começando a ficar nervosa por estarmos retrocedendo", disse ela. “Por que continuo fazendo o que faço? Porque meu trabalho não terminou. Sinto que preciso usar minha voz e plataforma para continuar fazendo isso.”

Naomi revelou ainda que se dedicou ao processo de preparação da exposição, sendo 50% das exposições provenientes de seu acervo pessoal.

“Também percebi que durante esse período [de organização da exposição] tive que parar de atuar no meu trabalho diário, porque precisava realmente me concentrar em fazer isso da maneira certa – e porque todos esperam de mim uma exposição boa, senti isso extra pressão. Mas o que quero dizer é que mostraremos um lado um tanto íntimo meu que as pessoas não conhecem e não viram – muitos não conhecem as histórias por trás das coisas que vamos apresentar, e há muitos itens pessoais que me foram dados e que nunca mostrei a ninguém.”

Ela também falou sobre a importância de homenagear todos os colaboradores e designers com quem trabalhou ao longo de sua carreira: “Não queria esquecer ninguém e alguns deles não estão mais aqui”, disse referindo-se a Azzedine Alaia e Gianni Versace. “Azzedine era uma figura paterna para mim e para Gianni também”, disse ela.

A Glamour também viu uma prévia das roupas que serão apresentadas, incluindo os agora infames saltos plataforma Vivienne Westwood, com os quais Naomi ficou famosa - e desfilou de forma impressionante - na passarela em 1998.

Com inauguração prevista para 22 de junho de 2024, a exposição irá mergulhar na fascinante carreira de Naomi como modelo de passarela nos anos 90 até sua ascensão ao topo da indústria.

Aqui está tudo o que sabemos até agora…

Se você sabe alguma coisa sobre a história da moda, provavelmente já sabe muito sobre Naomi Campbell. A modelo britânica foi descoberta pela primeira vez aos 15 anos, enquanto estava em Londres. Avançando três anos, até 1988, Campbell foi a primeira modelo negra a aparecer na capa da Vogue parisiense.

Desde então, Campbell desfilou para inúmeros designers, incluindo Chanel, Versace, Gaultier, Valentino, Yves Saint Laurent e muito mais. Ela também desfilou várias vezes como angel da Victoria's Secret. Ela acabou se tornando um terço da 'Trindade', o famoso trio de modelos que também incluía Christy Turlington e Linda Evangelista.

Nos anos mais recentes, Campbell se ramificou na produção de filmes, música, escrita e ativismo. Esta é a primeira vez que o V&A destaca a carreira de uma modelo.

“A primeira exposição desse tipo explorando a extraordinária carreira da modelo Naomi Campbell”, diz a descrição da exposição no V&A . “Através do trabalho dos principais designers e fotógrafos globais, celebramos as suas colaborações criativas, o seu ativismo e o seu impacto cultural de longo alcance.”

A exposição promete dar uma olhada nos 40 anos da impressionante carreira de Campbell.

Ao lado de fotos de suas diversas aparições nas passarelas, também contará com itens usados ​​​​pela modelo em desfiles ao longo dos anos. As plataformas azuis de 30,5 cm de altura que Campbell usou (e caiu) durante um desfile de Vivienne Westwood em 1993 foram confirmadas para aparecer, pois atualmente fazem parte da coleção permanente do V&A.

A exposição também contará com itens de sua carreira no ativismo para mostrar sua influência na moda e na cultura nas últimas décadas.

“A extraordinária carreira de Naomi Campbell se cruza com o melhor da alta moda”, disse o curador sênior de moda do V&A; Sonnet Stanfill. “Ela é reconhecida mundialmente como supermodelo, ativista, filantropa e colaboradora criativa, o que a torna uma das mais prolíficas e figuras influentes na cultura contemporânea. Estamos muito satisfeitos por trabalhar com Naomi Campbell neste projeto e por celebrar sua carreira com nosso público.”

A exposição acontece de 22 de junho de 2024 a 6 de abril de 2025.

Os ingressos já estão disponíveis para pré-reserva no V&A.

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