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Mesmo com os avanços dos últimos anos, a conscientização e luta por direitos humanos, onde a inclusão e o respeito à diversidade são temas centrais, a comunidade transgênero, historicamente marginalizada e alvo de discriminação, enfrenta desafios únicos que exigem atenção e ação específica.

Muitos jovens da comunidade LGBTQIAPN+ enfrentam uma realidade dolorosa durante a jornada de autoaceitação, já que muitos deles acabam não recebendo o apoio esperado da família e se deparam com situações de abuso, violência e desamparo.

Neste contexto, especialmente no mês de junho, mês do orgulho LGBTQIAPN+, destacamos cinco iniciativas que oferecem suporte essencial à comunidade para você conhecer e apoiar o ano todo.

Casa Neon Cunha

A Casa Neon Cunha foi fundada em 2018 para ser um lar para a população LGBTQIAPN+ que sofre a rejeição da família, da sociedade e do Estado. O nome é uma homenagem a Neon Cunha, ativista, publicitária, diretora de arte e mulher transgênero que entrou para a história dos direitos da população trans após viver, nas suas próprias palavras, “mais um processo de apagamento de sua identidade”. Em 2016, quando decidiu retificar seu nome, ela enfrentou uma longa batalha ao descobrir que só poderia retificá-lo caso recebesse um laudo médico que atestasse que era transgênero.

A casa de acolhimento foi fundada em 2018 por Paulo Araújo. O ativista de São Luís do Maranhão se mudou para São Bernardo, na região do Grande ABC, com o sonho de progresso e para fugir do preconceito. Mesmo com formação em contabilidade, atuou como faxineiro e atendente de telemarketing para sobreviver até ser reconhecido em sua profissão. Durante esse período, observou que uma boa parte da população LGBTQIAPN+ vivia em condições de extrema vulnerabilidade social, muitas saídas do cárcere e vivendo em situação de rua. Com a ausência de políticas públicas para reduzir as desigualdades, decidiu se articular com outros ativistas locais para transformar essa realidade através dessa iniciativa.

O espaço oferece refeições, local para higienização pessoal e também para descanso. Cestas básicas para as famílias cadastradas também são distribuídas. Além disso, são promovidas atividades culturais, cursos de capacitação, nivelamento educacional para pessoas que desistiram do ensino, suporte psicológico, doações de roupas e atendimento jurídico, como auxílio para emissão de documentos e retificação de nome. Em um ano, a instituição promoveu mais de 10 mil atendimentos.

Casa Neon Cunha — Foto: Reprodução/Instagram
Casa Neon Cunha — Foto: Reprodução/Instagram

Transconvida

A Transconvida foi criada em junho de 2020 pelos sócios Rafael Gifalli e Felipe Perestreli, que juntos enxergavam a necessidade em transformar a perspectiva de vida da comunidade trans e travesti (posteriormente, não-binária também) no âmbito profissional.

Visando a promover ainda mais a inclusão destes grupos na sociedade, os sócios fundaram o projeto que oferece um escopo completo com aulas de informática, inglês básico, português, noções de Direito e Ética profissional, defesa pessoal e educação sexual, bem como o auxílio na retificação de nome, elaboração de currículos e busca por vagas de empregos na internet.

Atualmente, o curso anual é lecionado de forma presencial, com duração de oito meses e cerca de 15 alunos em cada turma, os quais passam por um processo de inscrição e são selecionados previamente por meio de entrevistas com o próprio Rafael, um dos presidentes da organização. No final do ano, os alunos passam por uma pequena cerimônia de formatura, atualmente realizada na sede da Microsoft Brasil, e são presenteadas com um certificado.

Em números, Transconvida já formou 60 pessoas, dentre elas 34 já estão no mercado - das quais nove já deixaram a prostituição como única forma de obtenção de renda -, e conta com o apoio de parceiros como Microsoft, General Mills, IHS Tower, Banco HSBC e Estácio.

Transconvida — Foto: Reprodução/Instagram
Transconvida — Foto: Reprodução/Instagram

Casa Florescer

Localizado em São Paulo, o Centro de Acolhida Especial para Travestis e Mulheres Transexuais Casa Florescer iniciou suas atividades em março de 2016.

O centro é o primeiro de acolhida exclusivo para mulheres trans e travestis em situação de vulnerabilidade social. O projeto também disponibiliza atendimento social e psicológico e a garantia do acesso à alimentação, cursos de qualificação, regularização de documentos e acompanhamento médico.

O espaço atende cerca de 30 mulheres e travestis em situação de vulnerabilidade social, oferecendo abrigo, assistência social e psicológica. Com estadias que duram de seis meses a um ano, a casa tem como principal missão marcar de forma positiva o processo de transformação pelo qual as acolhidas estão passando.

A unidade conta com um atendimento 24 horas de acolhimento. O espaço contempla 4 dormitórios, sendo um deles para pessoa com deficiência, refeitório, área de convivência, cozinha, sala de atendimento social, sala atendimento psicológico, lavanderia, sanitários e quadra poliesportiva.

Em novembro de 2019, com foco na inclusão de gênero, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) de São Paulo, inaugurou o Centro de Acolhida Especial (CAE) Casa Florescer II voltado para mulheres transexuais e travestis, em Tucuruvi, região norte da capital.

As duas casas oferecem alimentação completa em diferentes turnos (café da manhã, almoço, lanche, jantar e ceia), higiene pessoal, acolhimento, atendimento socioeducativo e psicológico, encaminhamentos para rede socioassistencial. As conviventes podem participar de oficinas, rodas de conversa, palestras internas e externas, festas, assembleias, filmes, passeios, construção e acompanhamento do Planejamento Individual de Atendimento.

A estrutura da Casa Florescer II também conta com um dormitório coletivo, cozinha com dispensa, almoxarifado, bagageiro, lavanderia, seis banheiros, sendo um com acessibilidade para pessoas com deficiência, sala de convivência, sala para atendimento individual, sala administrativa, refeitório e área externa.

Casa Florescer — Foto: Inoar
Casa Florescer — Foto: Inoar

Casa Nem

A Casa Nem é um espaço de acolhimento para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade social no Rio de Janeiro. Com foco em transexuais e transgêneros, o projeto é um espaço autossustentável que também recebe diversos tipos de doações. Administrada por ativistas trans, a casa oferece acolhimento, apoio e resgate de autoestima para cerca de 50 pessoas que foram vítimas de violência e rejeição familiar.

A organização também faz parte de uma iniciativa chamada Prepara Nem, idealizada por Indianara Siqueira, a partir do desejo manifesto por pessoas trans de encontrar novas alternativas de subsistência, afirmação da cidadania plena e a conquista de direitos em todos os espaços públicos e institucionais.

O coletivo visa preparar travestis, transexuais e transgêneros para o exame do ENEM, para que essas pessoas ingressem nas universidades, consigam diplomas do ensino fundamental e médio e acessem o mercado formal de trabalho. Todos os professores da iniciativa são voluntários.

Localizada na Rua Dois de Dezembro, no bairro do Flamengo, a Casa Nem foi primeiramente uma ocupação na luta por moradia em um edifício em Copacabana. Após uma ação de despejo, hoje o espaço funciona como uma seção do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Para realizar suas atividades, o local conta com uma rede de financiadores, que doam para a casa materiais de limpeza, alimentos, cestas básicas e móveis.

Casa Nem — Foto: Reprodução/Instagram
Casa Nem — Foto: Reprodução/Instagram

aKasulo: lazer e convivência

A aKasulo é um Centro de Convivência LGBTQIA+ — que, diferente da Casa Florescer e da Casa Nem, não oferece abrigo temporário, mas sim lazer e convivência, localizado na Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

A maioria das frequentadoras são mulheres trans e travestis, algumas egressas do sistema prisional e com longa trajetória de rua, que buscam o espaço principalmente para participar das atividades culturais oferecidas, como eventos, cursos e oficinas formativas, ofícios e intervenções políticas, plantões de atendimento especializado, rodas de conversa, distribuição de cestas básicas e de vestimentas e, principalmente, uma rotina de convivência e socialização.

No local, também são oferecidas atividades profissionalizantes e de formação. Além disso, a comunidade pode usar a estrutura para desempenhar seus trabalhos: há uma cozinha, salão de beleza, biblioteca e sala de informática para o uso coletivo.

A partir da articulação em rede, a organização faz encaminhamentos das participantes para os equipamentos da cidade e continua acompanhando suas trajetórias, orientando e apoiando quando necessário. Também há a disponibilização de comida e espaços para a realização de atividades de alongamento, dança, teatro e fortalecimento.

Akasulo — Foto: Reprodução/Instagram
Akasulo — Foto: Reprodução/Instagram

A quarta edição do festival Orgulhe-se, um evento de Glamour, Vogue, GQ e Casa Vogue que celebra a diversidade LGBTQIAPN+, vem aí! O evento acontecerá no dia 27 de junho em um dos rooftops mais badalados de São Paulo, o Ephigenia. Acompanhe as novidades nas nossas redes e em glamour.globo.com.

Essa edição do Orgulhe-se conta com o patrocínio de Magnum, o apoio de Absolut, Havaianas e Jean Paul Gaultier e a participação de Campari, GA.MA Italy e KY.

Save the date: festival Orgulhe-se 2024 — Foto: Divulgação
Save the date: festival Orgulhe-se 2024 — Foto: Divulgação
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