Tudo começou no dia anterior, a segunda-feira, dia 14 de agosto. Fomos ao médico e eu estava com zero de dilatação. Portanto, achávamos que o parto ainda estava longe. Nesse dia, algo curioso também aconteceu. Minha mãe, Paulo e eu decidimos almoçar no shopping. Lá, acabei prendendo meu dedo na porta do carro, o que resultou em horas de dor intensa. Tive a impressão de que isso poderia ter sido o gatilho para o início do parto, já que a adrenalina da dor provavelmente "antecipou" o processo. Vai saber, né?
Na madrugada para a terça-feira, exatamente quando completamos 41 semanas de gravidez, eu comecei a sentir uma dor de barriga muito forte. Achei que era vontade de ir ao banheiro, mas ao chegar lá, percebi que não era nada disso. A dor passou e, então, pensei que fosse apenas uma cólica. Não considerei a possibilidade de ser uma contração.
Voltei a dormir e 10 minutos depois voltei a sentir dor, ainda mais forte. Acordei o Paulo e disse: "Amor, acho que estou tendo contrações!". Eu estava animada, pois estava ansiosa para conhecer nossa Pituca. Sabíamos que, se ela demorasse mais, talvez tivéssemos que induzir o parto.
O auxílio de Paulo Vilhena
Começamos a cronometrar o tempo entre as dores até às 4h da madrugada. O Paulo me ajudou muito – eu brinco que ele foi o meu doulo (risos). Ele me auxiliou com a contagem das contrações, aliviou a dor aplicando pressão no quadril, conduziu os exercícios recomendados pela Fabiana, minha fisioterapeuta pélvica, e lembrou-me das técnicas de respiração que aprendemos no curso de Hypnobirthing, com a psicóloga perinatal Joana Sepreny. Essas técnicas de respiração foram essenciais para me manter relaxada durante as dores!
O Paulo me lembrava o tempo todo de fazer as respirações e sempre dizia: "Vai passar!". Meu marido me ajudou demais. Eu só consegui porque ele me apoiou muito. Acho que sem ele eu não teria conseguido!
Contei para a minha mãe sobre as contrações, e ela ficou preocupada, sugeriu que fôssemos para o hospital. Consultamos Márcia, minha obstetriz, e o obstetra, Fernando, e decidimos seguir para o hospital. Paulo e eu em um carro, meus pais em outro.
Seguimos o carro dos meus pais, mas tivemos que voltar para casa quando Paulo percebeu que havia esquecido a carteira. Enquanto saíamos de casa, o portão decidiu quebrar. Tudo um caos! Mas eu segui concentrada nas respirações do Hypnobirthing a cada contração, que estavam agora muito próximas umas das outras.
![Maria Luiza Silveira e Paulo Vilhena — Foto: Arquivo pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/sM01h80oZywjLETzYBM58N7BGBM=/0x0:1600x1200/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2023/z/3/IFnE2oTvOdIXio2tqEkg/maria-luiza-paulo-vilhena-1.jpeg)
A chegada ao hospital
Chegando no hospital, não retiramos as malas do carro, pois não sabíamos se realmente ficaríamos ali. Mas, após o exame, ficamos surpresos ao descobrir que eu já tinha 4 centímetros de dilatação – o que era mais do que esperávamos! Muitas amigas minhas tinham chegado ao hospital com apenas 1 ou 2 centímetros.
Depois eu entendi o porquê de tanta dilatação. A bebê havia feito cocô, o que acelerou o processo e intensificou as contrações. Fomos encaminhados para uma sala de parto aconchegante, com banheira, bola de pilates, barras de apoio, e muito mais. Tivemos que esperar um pouco para que eu pudesse receber anestesia, pois não queria correr o risco de que as contrações parassem. Eu desejava muito um parto natural!
Enquanto aguardávamos, entrei na banheira com Paulo para aliviar a dor, já que a água quente ajuda a relaxar. Após 1h30, saí da água e já estava com 6 centímetros de dilatação. Foi quando o Dr. Fernando autorizou a anestesia. O anestesista administrou uma dose perfeita, porque permitiu que eu sentisse ainda as contrações, mas sem a intensidade insuportável de antes.
O trabalho de parto e suas dificuldade
Durante as contrações, fiz várias posições, incluindo cócoras e alongamentos laterais. Foi então que enfrentamos o primeiro contratempo: a bebê estava com a mãozinha na cabeça, tornando a posição muito difícil para o parto. Continuamos a tentar diversos exercícios na esperança de que ela mudasse de posição. E foi o que aconteceu!
A segunda dificuldade foi mais séria: Manô estava com a cabeça em posição incorreta, o que impedia a passagem. De novo, fiz todas as posições e manobras recomendadas. Eu dei o meu melhor! Eu estava muito determinada a ter um parto natural! Mas, aí comecei a ouvir fofocas do lado de fora da sala de parto, vindas de pessoas que não faziam parte da nossa equipe, comentando que eu não conseguiria e que seria necessária uma cesárea.
Paulo olhou para mim e disse: "Amor, você confia em mim? Vai dar certo!". A partir desse momento, voltei a me concentrar. Os médicos realizaram manobras para reposicionar o bebê, e percebi uma mudança na expressão deles, que começaram a comemorar e dizer que tudo daria certo, e que a bebê estava na posição correta!
![Maria Luiza Silveira — Foto: Arquivo pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/MrFYivh7E-gHkalF4seDmU63O2A=/0x0:1200x1600/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2023/H/8/h810a6RAqPNDnR9O1e8w/maria-luiza-paulo-vilhena-2.jpeg)
E a chegada de Manô
Quando tudo estava pronto, concentrei-me nas respirações e comecei a fazer força com todas as minhas energias. O relógio marcava 11h28 da manhã quando nossa querida Pituca finalmente chegou: saudável, faminta, pesando 3,170 kg e medindo 47,5 centímetros!
No final, quando Manô já estava com a cabeça e os braços para fora, o Dr. Fernando disse: "Pega a sua filha!". Foi quando consegui segurá-la, colocando-a pele a pele imediatamente, e ela deu sua primeira mamada.
![Paulo Vilhena — Foto: Arquivo pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/b--wx1HE2IklWrUjGBKFGww-V7E=/0x0:1200x1600/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2023/8/J/pwr5wKRaGDTBHYRAnNeQ/maria-luiza-paulo-vilhena-3.jpeg)
Essa experiência foi a melhor de nossas vidas, algo que nem nos melhores sonhos imaginamos. Paulo diz que foi uma jornada de dor, sangue, lágrimas e suor que se transformou no momento mais belo de nossas vidas, e eu concordo! Estou incrivelmente orgulhosa de mim mesma por ter alcançado o que tanto desejava e para o qual me preparei intensamente!
Queremos expressar nossa gratidão a todos os profissionais que participaram desse momento tão especial. O Dr. Fernando, nossa obstetriz Márcia, a fisioterapeuta pélvica Fabi e a terapeuta de Hypnobirthing, Joana, desempenharam papéis cruciais para tornar o nosso parto dos sonhos uma realidade. Muito obrigada a todos! Foi o momento mais lindo e selvagem que vivemos!
* Em depoimento a Malu Pinheiro