A minha relação com a moda mudou muito depois da amputação. Você provavelmente já ouviu falar sobre moda inclusiva, né? Mas pouca gente sabe como realmente funciona.
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Look do dia
Quando perdi minha perna, tive que readaptar o meu guarda-roupa para me vestir. Por exemplo: já reparou que eu raramente uso calças? Isso acontece por dois motivos:
o primeiro, é que eu sinto que está “faltando alguma coisa” quando a pernoca brilhante não aparece. Amo mostrar ela, adoro quando as pessoas olham, perguntam – acho muito importante que as próteses se tornem algo “comum” no cotidiano (assim como outras deficiências também). O seghundo motivo é que as calças limitam o movimento da prótese – por isso, quando as uso, escolho modelos larguinhos ou rasgados, que se tornam mais confortáveis para mim. Calça skinny eu nunca mais usei desde o acidente de 2014.
Mais que um acessório
Depois de amputar a minha perna, o que realmente mudou na minha vida em relação a estilo foi a minha conexão com as próteses. Elas, que no passado eram somente um meio para ajudar as pessoas a voltarem a andar, se tornaram um verdadeiro acessório fashion. Existem prótese brilhante, metálica, com formas e cores diferentes... Não há limites quando a questão é criatividade, e eu acho isso incrível! Cada vez mais vemos mulheres e homens na internet mostrando isso – adoro seguir os perfis @mamacaxx, @viktoriamodesta, @theimpossiblemuse, @marshaellemusic e @angelicalundin_ para me inspirar.
O fato da prótese ser considerada um acessório não só torna a aceitação mais fácil, como deixa tudo mais divertido. Muitas vezes, ao visitar pessoas recém amputadas no hospital, vejo a alegria nos olhos delas quando falo que a prótese vai ser rosa, azul, lilás ou brilhante. Uma criança quer da Frozen, outro menino quer uma do time que ele torce. E, sim, tudo é possível!
Algumas marcas têm investido em moda inclusiva e além de próteses, com fechos, bolsos e velcros em lugares estratégicos que facilitam a nossa vida – tudo pensando em como dar mais independência ao deficiente físico.
Carreira de modelo
Sabe algo incrível que aconteceu desde que sofri meu acidente? Depois que perdi minha perna, passei a trabalhar muito mais como modelo. Tipo, real oficial!
Entre fotos e desfiles (e olha que tenho só 1,61m de altura), todos os meses faço vários jobs na frente das câmeras.
Sabe o que isso mostra? Que tudo é possível. Que cada vez mais a moda caminha para o lado da inclusão. Que ela é, sim, para todos.
Hoje sinto que não estou ali só trabalhando, mas também representando mulheres e meninas que precisam acreditar que podem chegar aonde elas quiserem. Que a deficiência não é uma limitação; pelo contrário: é uma oportunidade pra gente ir atrás dos nossos sonhos e mostrar que tudo é possível.