Renata
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Por Renata Telles (@elaqueamaviajar)

Jornalista, expert em viagens e idealizadora do blog Ela que Ama Viajar, projeto que incentiva mulheres a explorarem diversos destinos sozinhas.


"Viaje. Conheça. Explore". Em uma rolagem rápida pelas redes sociais, não é difícil dar de cara com posts de influencers te incentivando a desbravar novos destinos. Até aí, tudo certo. Aqui mesmo, nesta coluna, já dei dicas de roteiros e escrevi sobre a importância da viagem como ferramenta de autoconhecimento. Mas, após o fim da pandemia da Covid-19, a impressão é que turistas saíram em uma corrida desenfreada para recuperar o tempo perdido. E de maneira irresponsável e perigosa, depredam ecossistemas delicados, espalham lixo e, vergonhosamente, posam montados em camelos e elefantes esgotados de tanta exploração, em um verdadeiro show de crueldade animal.

Turismo fast food: viagens superficiais e irresponsáveis — Foto: Glamour
Turismo fast food: viagens superficiais e irresponsáveis — Foto: Glamour

De certa forma, o meio digital tem responsabilidade por esse "turismo fast food". Influenciadores digitais maquiam, inconscientemente, uma dura realidade. Grande parte mostra as praias azul turquesas, lugares instagramáveis e o quanto pode ser "barato" ou "incrível" viajar para aquele destino, mas ignoram totalmente o que está ao seu redor. Quer um exemplo? Nas Maldivas, país disputado por celebs, com resorts cujas diárias podem chegar a US$ 5,6 mil e onde mais de 70% do PIB vêm do turismo, a maioria das pessoas vive na pobreza.

No livro "Que Paraíso é Esse?, a jornalista Francesca Borri acaba com todas as falsas ilusões postadas nas redes sociais. Há dois mundos distintos. De um lado, a capital Malé, onde quase toda a população mora, de forma miserável, do outro, as ilhas onde estão localizados os hotéis que recebem os turistas. Das cerca de 200 ilhas habitadas (ao todo são 1.196), mais da metade são resorts. Com o turismo, entram aproximadamente 3,5 bilhões de dólares por ano nas Maldivas, mas esse dinheiro vai direto para grupos de empresários, seus sócios estrangeiros e alguns políticos. Nada para a comunidade local.

Há menos de um mês estive na Albânia, destino que ganhou o apelido de "Caribe europeu". É quase impossível não ficar impactado ao assistir o vídeo de um influencer vendendo o país por meio das suas praias paradisíacas e o baixo custo de passeios e hospedagem. Me convenceu. Passei uma semana percorrendo o país de norte a sul, mas de ônibus. O que vi foi uma outra realidade. As praias são mesmo bonitas, mas Albânia não tem, exceto a capital Tirana, estrutura para receber tanta gente. Hotéis mal acabados, obras por todos os lados (casas estão sendo destruídas para a construção de resorts), trânsito caótico, ônibus caindo aos pedaços e sem ar condicionado diante de um calor que beira 42 graus, praias lotadas e muito, muito, lixo! Vi um turista jogar guimba de cigarro no mar durante um passeio de barco, outro, deixar latas de cerveja e uma caixa de pizza numa gruta - que só é possível chegar de embarcação.

Albânia: praia lotada e lixo por todos os lados em Sarandë — Foto: Renata Telles
Albânia: praia lotada e lixo por todos os lados em Sarandë — Foto: Renata Telles

Os números mais recentes da Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, mostram 261 mil diárias de turistas estrangeiros na Albânia no primeiro trimestre, 152% a mais do que nos mesmos meses de 2019. Os passageiros que chegam de avião ao país mais do que dobraram em junho, em comparação ao mesmo mês de 2022, de acordo com a ACI Europa, uma associação setorial de operadoras de aeroportos. Se o turismo não for repensado na Albânia, "paraíso descoberto" há pouco mais de cinco anos, ele vai ser seriamente afetado. E imaginar que até 1992, o país era considerado a Coreia do Norte da Europa, e vivia sob a ditadura de Enver Hoxha. Ninguém entrava e ninguém saía.

Viagens superficiais

Grandes centros urbanos sofrem com o overtourism. Roma, Barcelona, Paris, Lisboa, Veneza... por todos os lados há rastros e danos causados por turistas interessados somente na selfie perfeita. A maioria deles permanece pouco tempo nos locais que visita e não mergulha, de fato, na cultura local. Isso sem contar aqueles que depredam patrimônios históricos e culturais, como foi o caso de um inglês que rabiscou o Coliseu, em Roma, e uma turista que foi pega subindo a Fontana di Trevi para encher uma garrafa de água.

No Brasil a situação não é tão diferente. Cabo Frio, localizada na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, recebeu milhões de turistas no feriadão da Independência. Resultado: 841,5 toneladas de lixo foram recolhidas entre quinta-feira (07.09) até a manhã da segunda-feira (11.09), segundo a Companhia de Serviços Públicos de Cabo Frio (Comsercaf). Caraíva, na Bahia, e cidades do Litoral Norte de São Paulo, também clamam por turistas conscientes.

Existe solução?

Medidas e escolhas simples podem minimizar os impactos negativos do turismo. Adote alternativas práticas e viaje de forma mais sustentável e responsável.

  • A começar pelo bom senso: lugar de lixo é no lixo - é triste ainda precisar ter esse tipo discussão em pleno 2023. Leve com você uma bolsinha em que possa concentrar todos os resíduos. Se puder, destine-os à reciclagem ou compostagem. Reduza o plástico (aposte em um copo ou garrafa reutilizável).
  • Tente viajar fora da alta temporada pra não sobrecarregar a infraestrutura do local. O turismo excessivo pode prejudicar a qualidade de vida dos moradores locais.
  • Escolha agências, restaurantes, hospedagens e lojas que tenham gestão local
  • Prefira hotéis que tenham programas e políticas voltadas para a sustentabilidade
  • Respeite a fauna e flora local, não leve pra casa conchas, flores ou mudas e nem invada áreas demarcadas para simplesmente fazer uma foto
  • Risque do seu roteiro qualquer atividade turística que envolva animais
  • Viaje devagar e conheça a cultura local. Converse com moradores e consuma o artesanato e produtos típicos para que possa gerar renda

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