Capas
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Por Julia Ribeiro (@juribeirodelima)


"Foram nove meses de muita ansiedade. Lágrimas, sorrisos e aquela imensa expectativa até o finzinho. Hoje, o sonho se realizou: nasceu Sasha, a filha de Xuxa." As palavras da apresentadora Fátima Bernardes no Jornal Nacional daquele 28 de julho de 1998 dão início a uma série de reportagens, que totalizam quase dez minutos, sobre a chegada de Sasha ao mundo.

Sasha Meneghel veste looks Sasha para Cantão. Anéis, Thrill e Dior; e sapatos, Bottega Veneta (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Sasha Meneghel veste looks Sasha para Cantão. Anéis, Thrill e Dior; e sapatos, Bottega Veneta (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Vale o Google para começar a tentar entender o que é estar na pele da nossa mulher da capa, que, com todos os privilégios que a vida lhe deu, tem mil e uma questões sobre si mesma, onde está e para onde vai. "Por muito tempo, achei que me desassociar da imagem da minha mãe fosse algo muito importante", diz. "E, com o tempo, entendi que isso nunca vai acontecer. E nem precisa. Só não quero que me chamem para trabalhar por causa disso, sabe? Prefiro que me conheçam e, depois, se houver interesse, ok."


Para que a conhecessem, então, a menina tímida carioca, flagrada desde o dia 1 por paparazzi, começou a baixar a guarda. Em 2016, abriu o perfil no Instagram para dar apoio ao início da carreira como modelo. Não precisou nem de seis meses para conquistar 1 milhão de seguidores. No mesmo ano, mudou-se para Nova York e passou a compartilhar um pouco da vida de jovem mulher independente morando fora, além de cliques ao lado de amigas famosas (ahãm, Bruna Marquezine entre elas).

Aí os números dispararam... Agora são 7,2 milhões de pessoas acompanhando a rotina dela, que inclui a volta ao Brasil (desde o início da pandemia) e um novo e carinhosíssimo amor. Trata-se do cantor gospel João Figueiredo, de 21 anos, de quem se aproximou em uma viagem missionária para Angola. Os dois se tornaram melhores amigos, a amizade virou namoro e a parceria é daquelas de encher os olhos e o coração. João, inclusive, a acompanhou durante a sessão de fotos destas páginas, realizada em uma fazenda no interior paulista (seguindo todas as recomendações de segurança para prevenção da Covid-19, claro).

Sasha Meneghel veste looks Sasha para Cantão. Anéis, Thrill e Dior; e sapatos, Bottega Veneta (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Sasha Meneghel veste looks Sasha para Cantão. Anéis, Thrill e Dior; e sapatos, Bottega Veneta (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour


Falando em corona... A pandemia, como fez com todos, revirou a vida de Sasha. Prestes a se formar em design de moda na Parsons, em Nova York, ela voltou às pressas para o Brasil quando o vírus deu as caras por lá. “Isso acabou acelerando o namoro e nos aproximando mais. João teve um tempo com a minha família que não teria tido, eu tive um tempo com a dele que também não teria existido...” Isso as redes não mostraram (tanto), porque, segundo Sasha, o que é de verdade, de verdade mesmo, fica guardado a sete chaves. “É uma forma de me proteger de opiniões que surgem de todos os cantos, de me conectar com o que quero e manter meus valores.” O que ela faz questão de escancarar? A vida profissional, oras! Não nega, por exemplo, que o conceituado curso de moda passou longe das suas expectativas. “Quando realmente entendi como a indústria funciona, liguei para a minha mãe e falei que queria desistir”, conta.

Vestido, Chloé. Colares, Thrill; anéis, Dior; sapatos, Bottega Veneta (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Vestido, Chloé. Colares, Thrill; anéis, Dior; sapatos, Bottega Veneta (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour


Em vez da medida drástica, encontrou um caminho possível na especialização focada em sustentabilidade. É este pilar que ela carrega consigo desde então para no futuro, quem sabe, criar a própria marca. “Preciso devolver ao planeta de alguma forma.” E ela o faz em sua primeira coleção como estilista, criada em parceria com a Cantão a partir do conceito do consumo consciente. “Não se muda o mundo do nada. Mas grandes transformações começam aos poucos.” Sim e sim. Mais sobre a busca de Sasha pela aprovação que mais importa – a dela mesma, e não a do País inteiro – na entrevista a seguir. Obrigada pela abertura, Sá!

Vestido, Paula Rondon no B.Luxo. Colares e anéis da mão direita, Thrill; anel da mão esquerda e bota, ambos Dior (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Vestido, Paula Rondon no B.Luxo. Colares e anéis da mão direita, Thrill; anel da mão esquerda e bota, ambos Dior (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

A gente te viu nascer e crescer. Há um desejo de mostrar sua verdade independentemente da sua mãe. Como é isso para você?
Já fui muito presa à ideia de que precisava me desassociar da minha mãe para que conseguissem me enxergar. Hoje não vejo assim. Só quero que me chamem para trabalhar, por exemplo, pelos motivos certos, e que me enxerguem por quem eu sou, não por quem minha mãe é.

Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Morar nos Estados Unidos ajudou no processo de se conhecer e se descobrir?
Sim. Lá pude explorar quem eu sou, não quem queriam que eu fosse. Me deu um alívio, uma noção de: “Posso respirar aqui”. Fico feliz em ver que, mesmo de volta ao Brasil, essa necessidade de ser livre continua presente em mim.

Como lida com a cobrança?
Quando você se torna uma pessoa pública, tem muito carinho, mas também muita cobrança. Entendi que devo valorizar mesmo a opinião das pessoas que eu amo e que me amam. E que está tudo bem ser humano, tudo bem errar. Vou errar e faz parte.

Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Mesmo sendo superpadrão, tem encanações com o próprio corpo?
Já tive muito e amadurecer nesse meio não foi fácil nesse sentido. Achava que precisava sempre estar melhor, mas não caibo na caixinha que criaram para mim. Minha mãe foi modelo, então havia essa expectativa sobre quem eu seria. Cresci achando que meu rosto era muito grande... Eu tinha 12 anos quando vi na internet que parecia um biscoito Trakinas. Ler isso com aquela idade mexeu demais comigo.

Fazia de tudo para minimizar, sorria olhando para baixo, evitava levantar muito a cabeça.
Nem sei se passou. É difícil, mas todos precisamos ajudar a mudar essa cultura. Não existe um só jeito de como a mulher deve ser, do que nos fazem acreditar que são falhas e que são só coisas normais, quem somos.

Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Pensava em incluir a profissão modelo no currículo?
Nunca! Como eu era muito insegura, não achava que tinha o perfil. Confesso que, quando apareceu minha primeira oportunidade de fotografar para uma marca, aceitei pensando que aquilo poderia me abrir portas como estilista, mas aí acabei pegando gosto pela coisa.

Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Colete e calça, ambos Dior; camisa Ganni na NK Store (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Sente que ainda existe certa relutância de algumas marcas?
Sim, 100%. É algo estrutural, que o machismo enraizou dentro da nossa cultura.

O que pretendia quando mudou de país e entrou para a moda? Onde queria chegar?
Até entrar na faculdade, eu sempre soube o que eu queria fazer, mas quando cheguei lá, mudei de ideia porque eu entendi o que era a indústria da moda. De fato vi o mal que ela pode causar para o planeta. Foi quando descobri a especialização em sociedade e sistemas, que ensina como criar pensando em impacto social e ambiental.

Sei que nenhuma marca consegue virar sustentável da noite para o dia, mas mudanças pequenas podem gerar a transformação maior depois. Só vou abrir uma empresa que tenha uma história por trás, que esteja ligada a alguma causa que toque meu coração, que empodere mulheres, que seja sustentável e em que eu possa ser transparente em relação aos processos que não forem, para poder ser cobrada em melhorar. Quero devolver para o mundo o que recebo.

Anel no dedo mindinho, Thrill; Anel no anelar, Dior. Sapatos, Bottega Veneta. (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Anel no dedo mindinho, Thrill; Anel no anelar, Dior. Sapatos, Bottega Veneta. (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Como é sua relação com seu pai [o ator Luciano Szafir]? O que herdou dele?
E da Xuxa?

Da minha mãe, a transparência. Sou transparente igual a ela. É muito fácil ver o que estamos sentindo. Como ela, também sou muito competitiva e um pouquinho perfeccionista. Do meu pai, herdei os olhos, o fato de gostar muito de comer, meu lado atleta. Também dormimos na mesma posição e somos chorões. Nós nos falamos muito por telefone. Com o isolamento, não me senti confortável para encontrar mais com ele e meus irmãos.

Camisa e calça, ambas Ines de la Fressange. Colar, Chloé; brincos, Bella Maria Vintage; sapatos, Pége (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Camisa e calça, ambas Ines de la Fressange. Colar, Chloé; brincos, Bella Maria Vintage; sapatos, Pége (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Ovelhas durante o shooting (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Ovelhas durante o shooting (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Camisa, calça e cinto, tudo Isabel Marant. Boné, Balmain; botas, Dior (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour
Camisa, calça e cinto, tudo Isabel Marant. Boné, Balmain; botas, Dior (Foto: João Arraes/Glamour Brasil) — Foto: Glamour

Edição de moda: Fabiana Leite.
Direção de arte: Leticia Haag.
Styling: Gio Grassi.
Beleza: Rodrigo Costa com produtos Fenty Beauty & Sebastian Professional.
Produção de moda: Camila Moutinho e Caroline Costa.
Produção executiva: Gustavo Grota.
Set design e produção de locação: L.Set.
Assistentes de fotografia: Joe Santos e Naelson Castro.
Assistentes de beleza: Homero Mancilha.
Agradecimentos: 3T e Haras São João das Águas.

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