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Por Por Paula Jacob (@pjaycob)


Nomadland foi o grande vencedor do Oscar 2021, premiado nas categorias de Melhor Direção, Melhor Filme e Melhor Atriz. Com tais reconhecimentos da Academia, a diretora Chloé Zhao se tornou a segunda mulher a vencer na direção e no filme principal da noite. Com roteiro baseado no livro homônimo, escrito pela jornalista norte-americana Jessica Bruder, Nomadland fala sobre a realidade da vida nômade nas estradas dos Estados Unidos.

“Nomadland” recebeu o Leão de Ouro, principal prêmio do Festival de Veneza (Foto: Reprodução/Divulgação) — Foto: Glamour
“Nomadland” recebeu o Leão de Ouro, principal prêmio do Festival de Veneza (Foto: Reprodução/Divulgação) — Foto: Glamour

Fern (Frances McDormand) é uma mulher que mergulha na aventura de viver em um motorhome após o falecimento do marido. Disposta a largar tudo da vida vista como "o sonho americano", ela embarca na busca por se reencontrar. Ao longo do trajeto, conhece novas pessoas, desenvolve amizades verdadeiras e, enfim, consegue se entender nesse mundo.

Nomadland: realidade e ficção na poesia visual de Chloé Zhao (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Nomadland: realidade e ficção na poesia visual de Chloé Zhao (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Conhecida por misturar características do cinema de ficção com o de não ficção, Chloé Zhao dá um tom de documentário para Nomadland, o que reforça o teor de crítica social que o filme carrega. Inclusive, Frances McDormand é a única atriz do longa, que conta com participações emocionantes de pessoais reais. A atmosfera indie também é reflexo do orçamento de apenas US$ 5 milhões – para se ter ideia, Eternals, produção da Marvel que Chloé irá dirigir, tem um orçamento 40 vezes maior.

Além do reconhecimento do Oscar, a produção também venceu o Leão de Ouro 2020, principal prêmio do Festival de Veneza; Melhor Direção no Globo de Ouro 2021; e Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz e Melhor Fotografia no BAFTA.

Feito para sentir

Director/Writer Chloé Zhao and Frances McDormand on the set of NOMADLAND. Photo Courtesy of Searchlight Pictures. © 2020 20th Century Studios All Rights Reserved (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Director/Writer Chloé Zhao and Frances McDormand on the set of NOMADLAND. Photo Courtesy of Searchlight Pictures. © 2020 20th Century Studios All Rights Reserved (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Com o mesmo tom sensível de Minari, este filme é o resultado perfeito da sensorialidade que o cinema pode proporcionar. A história já emociona por si só: o espectador cria uma relação muito forte com a protagonista, por acompanhá-la nas aventuras externas e internas que se cruzam no caminho.

Se não bastasse todas as questões que Fern vive, ainda viramos testemunhas de relatos verdadeiros, compartilhados por outras pessoas que tornaram a estrada um lar. São pais que perderam os filhos, mães que perderam amigas, filhos que abandonaram lares... Tudo isso contracenado com a experiência de atuação de Frances McDormand. Mais uma vez, realidade e ficção se entrelaçam na tela.

Nomadland: realidade e ficção na poesia visual de Chloé Zhao (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Nomadland: realidade e ficção na poesia visual de Chloé Zhao (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Nessa linha de vida nômade, Chloé Zhao consegue também colocar em pauta as consequências do capitalismo na vida dos americanos – não só deles, mas o filme tem esse recorte específico. Fern trabalha anualmente numa fábrica da Amazon para conseguir juntar dinheiro para seguir viajando.

Durante esses períodos, é possível entender como uma empresa gigante consegue "sair por cima" quando o assunto são leis trabalhistas, oportunidades para pessoas mais velhas e desigualdades sociais. No contraponto, vemos o quão orgânica é vivência em comunidades que prezam pela economia circular. Qual sistema, então, seria possível?

Nomadland: realidade e ficção na poesia visual de Chloé Zhao (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Nomadland: realidade e ficção na poesia visual de Chloé Zhao (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Toda essa sensibilidade perpassa pela direção de fotografia Joshua James Richards, que, infelizmente, não levou o Oscar para casa. Nas mãos do fotógrafo, a história adaptada ganha uma vida linda de ser vista e admirada, enaltecendo a natureza de cada parada de Fern ao passo que nos coloca frente a frente com as dificuldades emocionais da protagonista. É possível, ao mesmo tempo, sentir o quão pequena é a vida e agradecer por existir neste mundo. Impossível não se emocionar.

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