As acusações de assédio sexual contra Harvey Weinstein estremeceram as bases de Hollywood. O todo poderoso produtor de cinema ganhou as manchetes no final de 2017 com duas reportagens investigativas que reuniram provas e depoimentos de mulheres (incluindo grandes atrizes como Gwyneth Paltrow) vítimas do comportamento predatório de Weinstein. Responsável pelo sucesso de diversos atores, vencedor de inúmeros Oscars e dono de duas grandes produtoras de filmes, a Miramax e a Weinstein Company, ele era um homem (branco) cheio de influência por aí. Não à toa, todo o processo de investigação do New York Times e da New Yorker foi interrompido diversas vezes. E quem assina esse verdadeiro furo jornalístico é Jodi Kantor e Megan Twohey, e Ronan Farrow, todos vencedores do Prêmio Pulitzer de serviço público daquele ano. Agora, os bastidores dessas histórias ganharam as prateleiras de livrarias nacionais com dois livros imprescindíveis para qualquer #MulherBacanaLê que adore jornalismo, cinema e investigação policial. Abaixo, conheça mais detalhes de Ela Disse e Operação Abafa:
Ela Disse: os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo
![Livros contam bastidores das investigações sobre os casos de assédio de Harvey Weinstein (Foto: Erik França) — Foto: Glamour](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/S1bXLlmnBNeWhZna5UsJ56KS8ro=/0x0:607x607/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/m/f/NL16oAShqaxbEBWdbFxw/2020-02-21-ela-disse-livro.jpg)
A reportagem escrita por Jodi Kantor e Megan Twohey para o New York Times e publicada em 5 de outubro de 2017 foi o grande abalo sísmico tanto para o jornalismo quanto para a indústria cinematográfica. Em Ela Disse (Companhia das Letras, R$ 49,90), as jornalistas contam todos os bastidores da produção dessa matéria, que começou em 2017 e escavou de diversas formas as histórias de mulheres, famosas e anônimas, que foram vítimas de Harvey Weinstein. A cada página do livro, o leitor consegue compreender a dimensão dos fatos e do trabalho dessa dupla, responsável pelo pontapé do movimento #MeToo. Escrito como um romance policial, fica quase impossível não devorar o livro de uma vez. O que, talvez, deixe a sua leitura mais pausada é o teor do conteúdo, que se torna bem indigesto em determinados momentos. Porém, um ponto extremamente positivo é o fato das autoras serem mulheres: toda vez que uma vítima compartilhava sua história ou conversava com as jornalistas, elas sentiam a reportagem ganhar cada vez mais importância. Girl power que fala?
Operação Abafa: predadores sexuais e a indústria do silêncio
![Livros contam bastidores das investigações sobre os casos de assédio de Harvey Weinstein (Foto: Erik França) — Foto: Glamour](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/W6Uo5j9Eb7reZdLN3DO1sN_R7SM=/0x0:607x607/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/a/u/wp5BP5QMWc6uCB4sRwJg/2020-02-21-operacao-abafa-livro.jpg)
Poucos dias depois da reportagem de Jody e Megan ser publicada, a New Yorker divulgou mais 13 histórias de mulheres vítimas do produtor cinematográfico. Assinada por Ronan Farrow (filho de Mia Farrow e Woody Allen), a reportagem também auxiliou na queda de Weinstein e na abertura do debate sobre representatividade, igualdade de gênero e feminismo no cinema. No livro Operação Abafa (Todavia, R$ 59,90), o jornalista investigativo conta em primeira pessoa toda a saga para conseguir juntar as fontes e os fatos, além dos empecilhos que surgiram no caminho para colocar essa matéria no ar. É bastante descritivo e detalhista. Por ser uma figura bem conhecida, Ronan teve diversos problemas com advogados de Weinstein e outros poderosos do entretenimento, que ameaçaram sua carreira e vida pessoal caso ele publicasse a história. Intrigante, para dizer o mínimo.