Filmes e séries
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Por Malu Pinheiro (@mariluisapp)

Na última semana, em 2 de maio, o Sindicato que representa roteiristas de cinema e televisão nos Estados Unidos anunciaram uma greve – interrompendo grande parte da produção de Hollywood. Essa é a primeira greve no setor desde 2007, e já tem afetado produções do audiovisual.

"A decisão foi tomada após seis semanas de negociações com Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner, NBC Universal, Paramount e Sony, sob o guarda-chuva da Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP)", disse uma nota divulgada à imprensa pelo Sindicato dos Roteiristas dos Estados Unidos (WGA).

E, enquanto os roteiristas estão de greve desde o dia 02 de maio, no último 13 de julho, os atores também anunciaram a paralisação. Os atores, com Fran Drescher como presidente do SAG (Sindicato dos Atores de Hollywood), estão solicitando mudanças nos contratos, abrangendo várias questões, como a reavaliação das receitas provenientes de streaming, aumento salarial e regulamentação do uso de Inteligência Artificial.

Mas, por que está acontecendo essa greve? A cada três anos, representantes dos roteiristas se reúnem para negociar contratos com os principais estúdios de Hollywood – e parece que, desta vez, os acordos não funcionaram.

Enquanto a produção de televisão cresceu na última década, muito por conta dos bilhões investidos nos serviços de streaming, a remuneração dos roteiristas estagnou. De acordo com eles, o sistema atual está falido e a sobrevivência da escrita como profissão está em jogo nessa negociação.

O que os roteiristas querem?

De acordo com o sindicado, são várias as questões vitais para os roteiristas nesta negociação, incluindo a colocação de barreiras sobre inteligência artificial. Mas, o ajuste na remuneração é a questão mais crucial para eles – já que o mundo do streaming corroeu suas condições de trabalho.

Eles também reivindicam um melhor salário residual, uma espécie de remuneração também para reprises e outras exibições que, segundo eles, seria uma fonte crucial de renda para o escritor de classe média que foi prejudicado pelo streaming.

Entretanto, os estúdios argumentam que este não é o melhor momento para uma grande mudança na forma como os roteiristas são pagos, já que pela primeira vez eles estão perdendo telespectadores. Segundo o NY Times, a Disney está prestes a demitir 7.000 funcionários. A Warner Bros. Discovery cortou milhares de empregos e engavetou títulos no ano passado ao enfrentar uma enorme carga de dívidas. Muitos outros estúdios estão adotando medidas semelhantes de redução de custos.

O que acontece se um ator 'fura a grave'?

De acordo com as regras do SAG, os atores estão proibidos de participar de entrevistas coletivas, pré-estreias, tapetes vermelhos e divulgações em eventos como a San Diego Comic-Con ou em redes sociais para promover filmes ou séries.

Isso resultou até mesmo a pré-estreia do filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, foi afetada, com o elenco deixando o tapete vermelho após o anúncio da greve. Embora os profissionais possam participar de convenções, eles não podem fazer parte de painéis que promovam trabalhos recentes ou futuros, o que impacta significativamente a divulgação de material promocional de filmes, como Bruna Marquezine fez ao pedir ajuda aos fãs para a campanha de Besouro Azul, com lançamento previsto para agosto.

Roteiristas X Estúdios de produção

Segundo o NY Times, as empresas de Hollywood afirmaram incluir na negociação um aumento generoso na remuneração dos roteiristas. Já o sindicato diz que os estúdios traíram o compromisso de desvalorizar ainda mais a profissão de escritor. "Qualquer esperança de que isso fosse rápido se desvaneceu. Eu odeio dizer isso, mas vai demorar um pouco”, afirmou Tara Kole, sócia fundadora do escritório de advocacia de entretenimento JSSK.

Consequência da greve para os filmes

Bem, a princípio, para que essa greve afete, de fato, a produção dos filmes, será preciso que ela se estenda por um longo tempo. Os estúdios de cinema trabalham com cerca de um ano de antecedência. Assim, a maioria dos filmes programados para lançamento este ano já foram filmados.

Consequência da greve para as séries

Sim, se a greve se prolongar, os telespectadores irão notar consequências em suas séries de televisão e streaming, que sofrerão um atraso nos lançamentos. O responsável pela série Cobra Kai (da Netflix) publicou em seu Twitter que o lançamento da quinta temporada irá atrasar por conta da greve. Responsáveis pelas séries Yellowjackets e Abbott Elementary também já demonstraram preocupações com os lançamentos.

Os programas de televisão, como “Saturday Night Live”, e séries como “The Tonight Show Starring Jimmy Fallon”, serão mais afetados. Antes do início da greve, Seth Meyers, do “Late Night With Seth Meyers”, disse: “Se você não me vir aqui na próxima semana, saiba que é algo que não é feito levianamente e que também ficarei com o coração partido por sentir sua falta”.

Há 16 anos, durante a greve de 2007, os apresentadores de programas de televisão ficaram fora do ar por dois meses. Na época, a paralisação durou 100 dias, impactou mais de 37 mil empregos e resultou em uma queda de US$2,1 bilhões na produção econômica. A greve mais longa, em 1988, quando durou 153 dias.

Como a greve está afetando as pessoas que trabalham com produção:

A empresária Marina Moysés, brasileira que reside em São Paulo, representa talentos mundiais na televisão e cinema, comenta como essa paralisação está afetando toda a indústria.

“Eu represento clientes no mundo inteiro e no momento o meu foco está nos clientes fora do EUA. Todos os projetos que eu estava desenvolvendo com os meus clientes para possivelmente vender no mercado americano estão parados. Existe uma solidariedade necessária com os membros dos sindicatos e ao mesmo tempo um desespero em não saber quando tudo vai voltar ao normal. Tenho esperança de que assim que os estúdios e produtoras entrarem em um acordo com os sindicatos a indústria voltará acelerada e vou estar preparada para um final de ano bem movimentado com boas oportunidades".

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