![Maria Casadevall como a Lilith de "Vade Retro" (Foto: Ramon Vasconcelos/Rede Globo) — Foto: Glamour](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/oU-19YkmdbOB65Lqy-n2kIv1Lcw=/0x0:607x912/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/h/N/a8EqNyScqMTz2fBdDIwg/2017-04-03-tvg-20161025-rv-vade-retro-12-2.jpg)
Com estreia prevista para este mês de abril, a série "Vade Retro" traz uma nova Maria Casadevall, em que ela encarna, ao lado de Tony Ramos e Monica Iozzi, um papel bem diferente daqueles de mulheres modernas em que estamos acostumadas a vê-la.
A atriz será Lilith, uma personagem ambígua que, por vezes, parece criatura sobrenatural e, em outras apenas uma enfermeira sexy. Para encará-la -- e encarná-la -- Maria adotou uma mudança de visual radical: primeiro, ficou loira para esta última faceta de Lilith, depois tingiu os fios de roxo para seu lado mais obscuro.
Mas Maria, assim como os mitos sobre os quais a personagem foi construída, não se intimida facilmente. Ela abraçou o desafio da composição e falou abertamente sobre ele para a Glamour, em um papo em que também abraçou o empoderamento feminino e os próximos projetos de carreira. Confira:
Glamour: Conta pra gente um pouco da Lilith! Quem ela é?
Maria Casadevall: A Lilith, assim como quase todos os outros personagens da série, tem o nome de uma figura mítica das trevas. Na mitologia judaica, Lilith foi a primeira mulher criada para ser a esposa de Adão, antes mesmo que Eva, e é expulsa do Paraíso ao recusar a submeter-se à supremacia de Adão, já que tanto ela quanto ele haviam sido criados a partir da mesma matéria-prima (e não a partir da costela de Adão, como aconteceria com Eva).
Banida da tradição cristã, ela se tornou uma espécie de Deusa das Trevas e nos dias de hoje representa, sobretudo, a primeira reação feminina ao domínio masculino. Essas características que vêm do mito estão presentes na personalidade dos personagens e serão portas abertas que deixarão o público, durante toda a série, na dúvida se aquela figura é um ser humano apenas de caráter questionável ou se é uma figura mesmo sobrenatural.
A Lilith é dançarina na boate do Abel Zebul (Tony Ramos) e mantém com o chefe uma relação bastante íntima, aceitando fazer parte de uma estratégia mirabolante em que se disfarçará de enfermeira para manter livre o caminho dele em relação à Celeste (Monica Iozzi).
![Maria Casadevall antes da transformação (Foto: Divulgação/Rogério Mesquita) — Foto: Glamour](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/lVuQU5y01tiiwJ7fxr7h2N3s86w=/0x0:1113x1669/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/M/z/0PIOWARCWGr14iKBqi2Q/2017-04-04-220maria-casadevall-14171.jpg)
G: Mudar a cor do cabelo foi uma ideia sua? Como foi esse processo?
MC: A primeira mudança, para o loiro/branco/acinzentado foi uma proposta que veio primeiro da caracterização e que, juntos, achamos que seria um caminho interessante, com o alongamento dos fios e alguns outros elementos que pegamos emprestado do clichê que habita o imaginário popular sobre a figura da “enfermeira fatal”.
Juntamos com outros que são próprios do universo da personagem que é dançarina de pole dance na noite, usa unhas muito compridas, espartilhos acinturados e etc. Foi um encontro de universos muito distintos e quando assumimos a faceta dela “real” com algumas cenas de dança na boate, sugeri que mudássemos a cor do cabelo para que a sua personalidade irreverente estivesse bastante presente nesses momentos.
Já que estávamos com a base do meu cabelo bastante descolorida e esse seria o ponto de partida ideal para uma cor fantasia, começamos a pensar em qual ficaria mais interessante para a fotografia junto com a direção de arte. Assim, escolhemos o roxo.
![Maria Casadevall como a Lilith de "Vade Retro" (Foto: Ramon Vasconcelos/Rede Globo) — Foto: Glamour](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/IuUyWQDPHgsftZ26D8ttUTkvYGA=/0x0:607x912/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/u/n/yJYu24SEqAnmlYVzI16w/2017-04-03-tvg-20160917-rv-vade-retro-41.jpg)
G: Se estranhou muito com a nova cor de cabelo?
MC: Gosto de mudar e meu trabalho exige isso de mim em algumas situações, quando achei que estava me parecendo com que eu imaginava sobre a Lilith, deixei de estranhar na hora.
G: Como tem sido a composição da Lilith?
MC: Foi um processo rápido e intenso, tivemos palestras, ensaios com Hugo Possolo, que é palhaço, ator, autor e diretor, e que foi importantíssimo para buscar com a gente a comédia que faz o contrapeso mesmo nas cenas aparentemente mais pesadas.
Paralelo a isso, teve o meu processo solitário de criação, busquei uma embocadura bastante específica para ela com uma cadência de fala que gera até um estranhamento, procurando dar à Lilith alguns elementos que despertassem certa desconfiança em relação à possibilidade de o sobre-humano também habitar aquela mulher, ou não. Também fiz umas aulas de pole dance, porque tenho cenas na boate.
G: Tem algo que você não faria por uma personagem?
MC: Acreditando na personagem, faria tudo que eu achasse pertinente.
G: Qual o grande desafio deste projeto para você? E o que te atraiu para ele?
MC: Fui imediatamente atraída pela possibilidade de fazer uma personagem que não corresponde só a expectativas e comportamentos humanos, que desperta a dúvida, com inúmeras possibilidades em relação à sua natureza, e também o texto, que não retrata uma realidade cotidiana, a que nós conhecemos, mas que coloca seus personagens em situações muito inusitadas.
![Maria Casadevall como a Lilith de "Vade Retro" (Foto: Ramon Vasconcelos/Rede Globo) — Foto: Glamour](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/8xPsi3qaiFahrnu7ZaXNr2-wK6U=/0x0:607x912/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/X/H/be6QkGRLAUkFGZChbt7g/2017-04-03-tvg-20161021-rv-vade-retro-11-2.jpg)
G: Existe algum aspecto em que você e a Lilith se assemelham? E no que mais se distanciam?
MC: Acho que nesse aspecto penso mais na Lilith enquanto mito, no que ele representa hoje em dia na luta das mulheres por emancipação e empoderamento, acho que aí encontro semelhanças. E em relação às nossas diferenças, são muitas e espero que quem assistir à série possa notá-las! Mas existe, sobretudo, uma despreocupação imensa com o outro em relação ao seus objetivos, que vejo bastante distante da minha realidade ideal, enquanto Maria.
G: Qual a dica de beleza em que sempre aposta, seja para manter o corpo, cuidar do cabelo, etc?
MC: Faça o que te faz bem por dentro que isso refletirá imediatamente por fora.
G: Como anda o coração nesta nova fase? Como tem conciliado a vida pessoal com o novo trabalho?
MC: Meu trabalho e minha vida caminham juntos, mas estou sempre na busca de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.
G: Já tem um próximo projeto em vista?
MC: Estou gravando a supersérie “Os Dias Eram Assim” que estreia em abril também, e em maio começo a filmar o longa “Mulheres Alteradas” com a direção de Luis Pinheiro, com quem já trabalhei nas duas temporadas da série “Lili a Ex”.