A preocupação com uma irregularidade no ciclo menstrual foi o estopim para que a contadora Carine Barth, de 32 anos, procurasse um médico. "Meu fluxo normal sempre durava de três a quatro dias. Em dado momento, percebi que o sangramento já seguia há sete e achei estranho. Achei melhor agendar o ginecologista", conta. Na consulta, o profissional suspeitou de que algo não estava bem e encaminhou a gaúcha para mais exames. Após uma biópsia, foi confirmado o diagnóstico de câncer de útero.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), dados apontam que histórias parecidas acometerão ainda mais pessoas com útero. A expectativa é de 17 mil novos casos até 2025. No Brasil, esse tipo de câncer é a segunda maior causa de morte por câncer em mulheres de 20 a 49 anos, e o terceiro tipo mais incidente entre elas.
A seguir, os ginecologistas João Bosco Borges e Silvia Jau tiram todas as dúvidas sobre o assunto em consonância com o Março Lilás, mês de conscientização sobre a doença.
Quais são os sintomas?
As fases iniciais do câncer de colo de útero nem sempre têm sintomas. Alguns sinais possíveis são:
- Sangramento e secreção vaginal anormais. Coloração marrom e odor fétido são alterações possíveis
- Dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais
- Sangramento menstrual prolongado ou mudanças repentinas
- Sangramento após a relação sexual e dores durante a relação
- Sangramento vaginal após a menopausa
- Dor lombar
- Perda de peso sem justificativa
- Dificuldades para urinar e defecar
Qual é a relação dele com o HPV?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, de 85 a 90% dos casos de câncer de colo de útero se referem ao carcinoma epidermoide, que acomete o epitélio escamoso. Já o adenocarcinoma é o tipo mais raro e atinge o epitélio glandular, em aproximadamente de 10% dos casos. Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV).
É possível preveni-lo?
Sim. Um dos fatores de risco mais importantes para o câncer do colo do útero está relacionado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), que é responsável por cerca de mais de 90% dos casos. Portanto, é fundamental se prevenir do contágio pelo vírus, que se dá pelo contat,o sexual. Além do sexo com preservativos, há outras medidas, como a vacinação contra o HPV e a realização anual do papanicolau a partir dos 20 anos ou início da vida sexual.
Os hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e abandono do tabagismo são algumas das dicas para prevenir este e outros tipos de câncer.
Como funciona a vacinação contra o HPV?
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina quadrivalente contra o HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres transplantados, pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, pessoas vivendo com HIV ou Aids e vítimas de violência sexual. Na rede privada, há ainda a disponibilidade da vacina nonavalente, que protege contra os nove tipos mais comuns de HPV e oferece 90% de proteção contra o câncer de colo de útero
Quais são os tratamentos possíveis?
O tratamento do câncer de colo de útero pode incluir cirurgias (entre elas, a histerectomia), bem como quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. O tipo de conduta dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de preservação da fertilidade.