Pele
Publicidade

Por Carolina Merino (@caamerino)

Há algum charme em ter uma assinatura olfativa para chamar de sua — e, ao que tudo indica, a perfumaria está se tornando cada vez mais pessoal por meio de cheiros únicos e que despertam a sensação de casa. O setor vem ganhando contornos diferentes desde a pandemia, seja pelas mudanças socioculturais ou pelo reflexo que os hábitos da época deixaram.

"A distância entre o que era da casa e o que é de uso pessoal foi ficando muito sutil. Se aquilo é bom para mim e se eu gosto, também quero sentir no ambiente em que vivo, que é uma extensão do meu corpo", explica Alessandra Tucci, avaliadora olfativa e fundadora da Paralela Escola Olfativa.

A perfumaria para ambientes cresceu significativamente na pandemia, tanto que dados recentes da Mintel apontam que 25% da população brasileira usa esse tipo de item. "Eles aparecem em forma de difusor, spray, vela ou incenso, para criar uma aura aconchegante e sofisticada no espaço", acrescenta Renata Ashcar, autoridade em perfume no Brasil.

Prova do sucesso do segmento é o investimento do Grupo Boticário no lançamento da linha Casa 214, que acaba de chegar ao mercado com três coleções: Vanilla Sublime (com flor de lavanda, baunilha e musk), Gardênia Imperial (com florais brancas da gardênia, jasmim e muguet) e Brisa de Cedros (com limão, lírio-do-vale e cedro), com quatro itens cada.

Quem também entrou nessa foi a Natura, que criou a Bothânica, marca sustentável com cinco itens no portfólio que vão desde home sprays até velas aromáticas. No ano passado, a Guerlain trouxe para o Brasil a linha Les Matières Confidentielles, de alta perfumaria, que conta com quatro fórmulas leves que interagem em osmose para perfumar lingerie, cashmere e até objetos da casa, como roupas de cama, sem danificá-los.

Se por um lado a home fragrance sofisticou, por outro, os nossos perfumes ganharam características terapêuticas e propostas cada vez mais intimistas. Apenas no TikTok, a frase "perfumes for bedtime" (ou perfumes para dormir, em tradução livre) tem mais de 120 milhões de visualizações e o número só cresce.

Mas não pense que estamos falando sobre o icônico Chanel Nº5, o favorito de Marilyn Monroe para adormecer, em toda a sua intensidade. Para relaxar e induzir um sono tranquilo, a perfumaria vai de encontro com a aromaterapia ao incluir ingredientes como lavanda e camomila, que transmitem tranquilidade calma e paz, perfeitos para serem usados até na hora de deitar. Outra característica é a suavidade e as notas que trazem aconchego.

Essas combinações que cobrem a pele com transparência ou até reagem ao pH entram na categoria chamada "skin scents", algo como perfumes com cheiro de pele. Apesar de pouco conhecido, o termo foi usado pela primeira vez em 1958 e patenteado em 1973 pela Casa de Fragrâncias e Sabores International Flavors & Fragrances (IFF). Como o nome sugere, eles têm uma presença suave, que exala de forma diferente em cada tipo de pele.

Eles sugerem uma interpretação subjetiva, mas de modo geral incluem almíscares, florais brancos, madeira e outros materiais delicados na composição. "Com as fragrâncias 'skin scent', buscamos capturar a essência da intimidade e da proximidade pessoal. São como uma segunda pele, envolvendo o usuário em um véu delicado de aroma que é verdadeiramente cativante", exemplifica Pierre Aulas, diretor olfativo de O.U.i Paris.

Aqui, a experiência em si é a protagonista do show, que se torna mais pessoal do que para os outros. São frascos que evocam sentimentos aconchegantes, mas são quase imperceptíveis para quem se aproxima. A autoindulgência é por conta da casa. Recomendamos boas opções a seguir.

Perfumes Skin Scents — Foto: Divulgação
Perfumes Skin Scents — Foto: Divulgação

A fórmula brasileiríssima do 2.11, da Amyi (R$ 369), combina absoluto de semente de ambrette com mais de dez musks biotecnológicos, enquanto o perfume Eau de Coton, para a pele e para tecidos, da Guerlain (R$ 1.079), carrega a sutileza da flor de algodão com almíscares brancos amendoados. Já o novíssimo Mist Perfumado Find Comfort Body and Hair, da Rare Beauty (R$ 219), foi desenvolvido para ser usado até no cabelo.

O Not a Perfume, de Juliette Has a Gun (R$ 815), é a síntese dos "skin scents". Feito de um único elemento, o Cetalox, entrega um resultado minimalista e puro. E se o Jersey, da Chanel (R$ 3.335), associa a suavidade da lavanda à baunilha Bourbon e ao almíscar branco, o Replica Lazy Sunday Morning, da Maison Margiela (R$ 1.119), remete ao cheiro de "pele macia e roupa de cama" com notas florais amadeiradas e almiscaradas.

1. Not a Perfume, de Juliette Has a Gun (R$ 815)
2. Jersey, da Chanel (R$ 3.335)
3. Eau de Coton, da Guerlain (R$ 1.079)
4. Mist Perfumado Find Comfort Body and Hair, da Rare Beauty (R$ 219)
5. 2.11, da Amyi (R$ 369)
6. Replica Lazy Sunday Morning, da Maison Margiela (R$ 1.119)

Mais recente Próxima Dicionário dos perfumes: o sistema de classificação das famílias olfativas
Mais de Glamour