Corpo
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Por Julia Ribeiro (@juribeirodelima)

Primeiro de janeiro de 2022, 00h10. Coloco minha tacinha de champanhe na mesa e penso: “É, querida, agora só em fevereiro”. Estava, oficialmente, iniciando o meu Janeiro Seco, movimento que surgiu no Reino Unido (oi, #DryJanuary!) e prega a suspensão da ingestão de álcool por um mês, logo no comecinho do ano, para entender como o corpo se comporta na abstinência. Se você não sabe, te conto: os drinques etílicos balançam o organismo mesmo nos menores copos. “Apesar de sentirmos os efeitos dos drinques após 24h, são necessárias outras 72h para que o nosso fígado volte ao estado normal depois de uma noitada”, explica a dermatologista Cintia Cunha. E é por essas e outras que a ideia parece promissora.

De acordo com o Alcohol Change, organização britânica que agita anualmente a iniciativa, 66% das pessoas que fizeram o desafio se sentiram mais energizadas e 70% alegaram dormir melhor. Eu, que não fiz parte dessa pesquisa, confirmo. Depois de dez anos brindando socialmente, achei que era a hora de rever minha relação com o álcool. Antes do experimento, costumava beber de quatro a cinco vezes na semana. Nada de cair ou perder a consciência, mas era normal que tivesse uma taça acompanhando o meu jantar e uns quatro drinques na minha conta do bar aos sábados.

A decisão veio fácil. Desafiador foi viver em um mundo, até então, guiado pela bebida. Holly Whithaker, autora do best-seller “Quit Like a Woman”, que inspira mulheres a pararem de beber, define bem. “Quem não bebe quebra o contrato social”, diz. Se durante a semana era fácil me manter sóbria, logo se tornava problema na mesa cheia de amigos daquele bar que serve o chope mais gelado da cidade. Aí era hora de respirar fundo e pensar nos benefícios prometidos.

Aos 26 anos, sofro com acne adulta com picos de inflamações durante meu período pré- -menstrual. Aí vem o primeiro deles: o jejum etílico mudou isso. De acordo com a dermatologista Patrícia Mafra, o álcool pode piorar quadros inflamatórios prévios, como a dermatite e a acne. Ou seja, no meu caso, ele era combustível para que as espinhas já engatilhadas aparecessem. E, não vou mentir, quando a mudança está literalmente na sua cara, a vontade de continuar fica maior. Segui em frente.

Então, vieram as melhores noites de sono em muitos anos. Depois de tempos sofrendo com um sono leve, finalmente comecei a desligar o corpo todo, dormir mais e acordar disposta (yay!). Isso sem falar nelas: as manhãs sem ressaca. Passei a acordar pronta para a próxima atividade, sem pele desidratada, sem boca seca e sem as dores de cabeça, que costumam ser bem difíceis para mim no pós-bebedeira. A ciência também explica: além de estimulante, o álcool reduz o sono REM, fase de restauro da energia.

E aí, se tive receio de explicar sobre a abstinência, não me lembro. Passei a dizer apenas: não quero. Quase 35 dias depois, quebrei o jejum, mas com a compreensão de que minha relação com o álcool era mais uma necessidade social do que vontade genuína. Agora, só bebo quando estou muito a fim de uma bebida específica. Se não é o caso, pego meu mojito virgem e vou embora.

Manual de sobrevivência no date ou na festinha

Jejum de drinques — Foto: Unsplash
Jejum de drinques — Foto: Unsplash

Vá de carro: se você dirige, seja a motorista da rodada! Aí você tem um incentivo a mais para não beber no rolê.

Explore o cardápio: a coquinha gelada não vai fazer o papel de um drinque, viu? Por isso, vale apostar em versões sem álcool, aquele chá diferentão com mil ingredientes ou até pedir para substituir o álcool por água com gás ou água tônica. Se joga!

Água para acompanhar: Se você costuma tomar sua tacinha acompanhada de um copo de água, não deixe o hábito de lado. Mantenha o beberico para emular as sensações.

Aposte em novas receitas: não faltam receitas de mocktails (aka coquetéis sem álcool) na internet. Dê uma pesquisada, separe os ingredientes e chame as amigas para uma degustação.

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