Beauty Talks
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Por Carolina Merino (@caamerino)

Na bio do Instagram de Brunna Gonçalves lê-se a frase: "Troco de cabelo igual troco de roupa" e se tem uma coisa que ela tem propriedade para falar é sobre as suas madeixas. Durante dois anos e meio, ela passou pela transição capilar para assumir os cabelos cacheados, deixando para trás a química para alisamento de que era refém.

Na última semana, enquanto se apresentava no evento de lançamento de sua própria linha de itens para cuidados capilares com a Niely Gold, ela relembrou sobre o processo de autoaceitação.

""Ser porta-voz dessa linha significa muito, porque a Brunna de 10 anos atrás não tinha em quem se inspirar, tinha vergonha do seu cabelo e não se aceitava. Estar aqui hoje representando todas as mulheres pretas que se aceitam e aceitam sua origem é sinônimo de felicidade", contou em meio a lágrimas ao público de influenciadores e jornalistas.

Em papo exclusivo com Glamour, Brunna abriu o coração e falou sobre as dificuldades que sentiu ao redescobrir a sua textura natural, a pressão que sente para exibi-los em detrimento ao uso das laces, como as laces são parte importante da sua história e muito mais. Confira a entrevista na íntegra a seguir:

GLAMOUR: Como a transição se relacionou com a sua autoestima?
BRUNNA GONÇALVES:
Quando eu resolvi passar pela transição, eu já fiz o big chop [corte de cabelo para eliminar as pontas alisadas] para não ter como voltar atrás com a minha decisão. A lace me ajudou muito a passar por esse momento de forma mais leve. Era muito difícil, eu me olhava no espelho e não me reconhecia, o meu cabelo tinha várias texturas. Eu lavava meu cabelo, hidratava, cuidava dele, via como ele estava ficando e depois colocava a lace de novo. Quando eu finalmente consegui me olhar no espelho e me reconhecer com meu cabelo foi um momento libertador, fiquei muito emocionada porque eu não mostrava meu cabelo para ninguém, nem para minha mãe, tinha muita vergonha. É transformador ter conseguido passar por isso.

Você usava o seu cabelo liso e, de repente, se viu com uma textura que nunca tinha finalizado. Como aprendeu a cuidar do seu cabelo?
Foi muito difícil, porque eu não sabia o que era fitagem, não sabia qual creme usar, o que era compatível com o meu cabelo, qual era meu tipo de cacho... Eram muitas questões, graças a deus a gente tem internet hoje em dia que ajuda muito. Procurei vários estilos de finalizações e tive ajuda de vários profissionais para entender o meu próprio cabelo. Até hoje vou estudando e vendo como ele vai se adaptando, às vezes gosto de usá-lo com mais frizz, às vezes mais definido, mais cheio, vou brincando.

Brunna Gonçalves — Foto: Reprodução/Instagram
Brunna Gonçalves — Foto: Reprodução/Instagram

Você segue usando a lace em diferentes ocasiões. O modelo escolhido se relaciona com o mood ou mensagem que você quer passar?
Eu vou de acordo com o look. Às vezes o look pede um cabelão loiro com triondas até a cintura, às vezes um look pede o meu black natural.

Muitas mulheres relatam que, depois da transição, passam a sentir uma pressão para usar somente o cabelo natural. Você passou por isso?
Eu passo por isso até hoje. Vivi a transição para realmente não ter esse estereótipo, sabe? Eu quero usar o cabelo que me dá vontade de usar, cada pessoa tem seu estilo, eu tenho vários, não consigo me prender a um cabelo. Não consigo me olhar no espelho e me ver só com essa cara. Gosto de mudar, não adianta me colocar numa caixinha, eu sou muito camaleoa. Desde criança, eu sempre fui assim. Eu tento deixar para lá, me distrair, porque essa é minha personalidade, todo mundo me conhece por mudar de cabelo toda hora.

Você falou que gosta de experimentar diferentes finalizações no seu cabelo. Quais são seus cuidados diários?
Depende do que o meu cabelo está precisando, se ele estiver mais ressecado, eu uso uma vez na semana, quando lavo o meu cabelo. Lavo uma vez a cada sete dias por causa da lace, mas sempre incluo shampoo, condicionador, creme para pentear e entendo se ele precisa de hidratação ou umectação, por exemplo.

Como você define a fase de carreira que você está hoje em dia?
Eu ainda tenho muita coisa para viver, mas posso te afirmar que estou vivendo a melhor fase da minha vida, tanto profissionalmente, quanto pessoalmente. Tô muito feliz com tudo que está acontecendo, com todas as portas que estão se abrindo e esse ano será de muito estudo, em todos os aspectos da minha vida. É um ano muito transformador para mim.

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