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Por Marco Condez

Patrick T. Fallon / AFP

A performance da Seleção Brasileira na primeira fase da Copa América 2024, nos três primeiros jogos, não foi linear, tendendo a ser insatisfatória. Após o empate com a Costa Rica, a vitória contra o Paraguai e o empate com a Colômbia, ficou evidente que o trabalho técnico desenvolvido ainda apresenta falhas e está distante de adquirir um padrão tático equilibrado.

O desempenho no jogo contra o Paraguai pode ser visto como uma exceção aos padrões oscilantes que a Seleção Brasileira tem mostrado. Mas, pode mostrar também, que o grupo convocado por Dorival Júnior tem potencial para demonstrar performance mais organizada e produtiva.

Entendo que este foi somente o sétimo compromisso sob o comando de Dorival e que o técnico tem procurado ajustar as falhas que aparecem nos jogos. Mas, no “frigir dos ovos”, o que realmente traz preocupação é que o grupo brasileiro está longe de ter um DNA organizado, capaz de se traduzir em superioridade nas diferentes fases do jogo. Na verdade, as falhas estruturais acabam atrapalhando o processo de evolução.

Em trabalhos anteriores, Dorival sempre orientou seus atletas a terem alta produtividade utilizando troca de passes no meio-campo para envolver o adversário, porém a equipe do Brasil não está conseguindo esta desenvoltura. Ainda não está claro se a Seleção está sendo menos ofensiva devido à orientação tática de Dorival ou por que os movimentos ainda não foram automatizados e não estão funcionando como todos esperavam.

Conhecendo o histórico tático de Dorival, prefiro acreditar que os movimentos ainda não estão coordenados, pois o grupo brasileiro tem dificuldades em traduzir a posse de bola em lances perigosos, que deveriam ser oportunidades claras de gol, o que tem prejudicado o protagonismo técnico da equipe brasileira.

No último jogo, a passividade em aceitar a marcação e a troca de passes da equipe colombiana, também prejudicou o rendimento coletivo brasileiro. Essa situação foi tão gritante que a torcida colombiana repetiu gritos de “olé” a cada passe certeiro de sua equipe.

Contra a Colômbia, novamente, pôde ser observado erro de leitura de jogo por parte do técnico Dorival, que demorou para efetuar substituições. A vitória diante dos colombianos era importante, pois daria à nossa Seleção o primeiro lugar do grupo D e, consequentemente, teríamos caminho mais fácil na próxima fase de quartas de final, enfrentando a Seleção do Panamá, que é inferior técnica e taticamente à Seleção do Uruguai, que será nosso adversário do próximo jogo.

Comprovadamente a Seleção Brasileira se tornou mais ativa em campo após as substituições, mas não havia tempo suficiente para que essa pequena melhora fosse traduzida em domínio tático ou dilatação de placar. O atacante Endrick, entrando em campo no final do segundo tempo, não teve eficácia, uma vez que não houve tempo para o atleta ser produtivo e, assim, seu desempenho não pôde ser avaliado para futuros confrontos.

A substituição do volante João Gomes, por Éderson, outro volante, também foi equivocada, pois a Seleção Brasileira estava sendo dominada pela Colômbia e o esperado seria uma alteração tática, afim de modificar o rendimento coletivo da equipe. Uma opção viável, neste caso, seria colocar Rodrygo para jogar como meio-campista e Endrick como centroavante, para tirar a previsibilidade da equipe brasileira, pois jogadores de características diferentes geram alteração no comportamento de marcação.

Como as alterações efetuadas não fugiram do trivial, a Colômbia não teve que alterar sua postura tática em nenhum momento e continuou confortável, como foi durante toda a partida. Entendo que são muitos fatores externos que podem interferir no rendimento da equipe, inclusive o erro de arbitragem em não validar o pênalti legítimo em Vini Jr., mas esperava mais ousadia do treinador.

Para o próximo confronto, contra o Uruguai, a equipe brasileira não terá Vini Jr., que cumprirá suspensão automática. Esse desfalque importante provavelmente trará a campo uma formação diferente, pois o técnico será obrigado a mexer na composição do time titular.

Mas, independentemente de alterações de jogadores ou esquema tático, a Seleção Brasileira precisa adquirir organização tática coletiva. A mudança radical de postura é primordial para conseguir competir em igualdade de condições com Seleções que já têm DNA formatado e diferentes alternativas de jogo.

Ao final dessa primeira fase da Copa América, ainda não está clara a ideia de jogo que Dorival pretende para o grupo. O esperado era que, nesta fase, a Seleção Brasileira já não apresentasse tantas falhas estruturais.

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