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Por Marco Condez

Matt McNulty - UEFA/UEFA via Getty Images

Algumas seleções que estavam no rol de favoritas à conquista do título da Eurocopa 2024, decepcionaram taticamente na estreia da fase final da competição. Dentre elas, as seleções de Portugal, França e Bélgica não mostraram todo o poderio técnico e tático que possuem, uma vez que tinham capacidade para apresentar melhor desempenho.

Portugal

Portugal estreou com vitória, de virada, por 2 a 1 contra a República Tcheca, mas, a expectativa diante o elenco convocado era de que tivesse desempenho mais linear. A Seleção Portuguesa conta com uma geração de atletas muito qualificados, que talvez seja a melhor que o país já teve. Entre outros, tem em seu elenco craques como Bernardo Silva, Bruno Fernandes, João Félix e João Cancelo, além, é claro, da estrela Cristiano Ronaldo, que, com 39 anos, está participando da Eurocopa pela sexta vez.

A expectativa para a estreia de Portugal era alta, devido ao ótimo rendimento tático que a equipe atingiu na fase de eliminatórias da competição, o que mostrava que, finalmente, Portugal está conseguindo atingir o protagonismo tático à altura de seus craques. Venceu os dez jogos que disputou, sendo protagonista nas partidas, sob o comando do técnico espanhol Roberto Martínez, que fez sucesso na Copa do Mundo de 2018, comandando a Bélgica, que eliminou o Brasil na fase de quartas de final daquela edição.

Mas, neste primeiro jogo, a Seleção de Portugal não conseguiu mostrar o seu estilo impositivo, com meio-campo leve e focado na troca de passes para envolver o adversário. Um dos diferenciais do esquema que privilegia a posse de bola está na equipe conseguir gradativamente evoluir, sem utilizar as famosas ligações diretas entre os setores do campo. Essa característica torna o estilo muito interessante quando é bem executado.

Na estreia, contra a Seleção da República Tcheca, Portugal apresentou altos índices de posse de bola e de finalizações, mas teve dificuldades para entrar na defesa adversária, apesar de ser tática e tecnicamente superior. Foi beneficiado com um gol contra, mas sofreu para quebrar as linhas com a posse de bola, dando a clara sensação de falso domínio, cenário que só foi revertido nos minutos finais do segundo tempo, com a entrada de Francisco Conceição, que marcou o gol da vitória de Portugal.

França

A Seleção Francesa, que é comandada pelo mesmo técnico, Didier Deschamps, há doze anos, tem o hibridismo como principal marca. Consegue ser superior com o controle de jogo através da posse de bola e utiliza a verticalidade, aproveitando a velocidade de Mbappé, que pode jogar tanto aberto pelos lados quanto como camisa 10, na função de distribuidor no meio-campo.

Além de Mbappé, a Seleção Francesa conta com jogadores de alta qualidade técnica, dentre eles Griezmann, Kanté, Camavinga, Upamecano, Dembélé, Giroud e Saliba, que jogam em alto nível em diferentes mercados. Talvez por isso, no jogo contra a Áustria, que é tecnicamente inferior, a Seleção da França pareceu estar atuando em modo de piloto automático.

Neste jogo, os franceses demonstravam acreditar que não era necessário esforço tático para marcar gols e que este sairia a qualquer momento. Realmente saiu, com a França vencendo a partida com placar magro de 1 a 0. Mas a disciplina austríaca tornou a situação difícil mesmo com o gol de vantagem no placar. O jogo ficou aberto devido à “sonolência” francesa e à falta de efetividade para concretizar as chances criadas em gols.

Nesta estreia da Eurocopa, a atuação da Seleção Francesa foi marcada por vários momentos de falso domínio. Pelo poderio tático e técnico que possui, conseguiria conduzir a partida com maior tranquilidade.

Bélgica

Espero que não estejamos presenciando o último suspiro da tão decantada geração de ouro da Seleção da Bélgica. Podemos perceber que há diferenças no estilo utilizado pelo atual técnico Domenico Tedesco, que prevê uma equipe mais vertical, orientando seus jogadores a fazerem trocas de passes mais curtas e rápidas, afim de dar maior objetividade ao jogo.

O impacto da mudança de estilo de jogo está claramente afetando o desempenho da Seleção da Bélgica, que se tornou previsível e fácil de ser anulada por um adversário minimamente organizado. No jogo de estreia, o gol que marcou a derrota belga para a Eslováquia foi fruto de um erro bizarro na saída de bola.

Contra a Eslováquia, a Seleção da Bélgica até apresentou altos índices de posse de bola, mas não conseguiu transformá-los em desempenho positivo. O atacante Lukaku até marcou dois gols que foram anulados.

Vários foram os problemas, como entradas perigosas na defesa adversária e erros nos passes, que prejudicaram a evolução coletiva da equipe belga. Os passes eram executados com afobação, deixando de lado a perfeição. Além disso, faltou a devida objetividade na procura por De Bruyne para organizar o jogo.

Acredito que faltou um plano B para a Seleção da Bélgica, que talvez fosse bem-sucedida se adotasse um estilo reativo, aproveitando o erro do adversário. Os belgas foram envolvidos por uma equipe que veio com a estratégia clara de destruir sua efetividade, utilizando forte marcação e ligações diretas entre os setores do campo.

A Seleção da Eslováquia estava com os setores bem aproximados e se manteve perigosa nos contra-ataques, mostrando que é possível ser superior mesmo adotando uma estilo excessivamente conservador.

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