Acabar com a burocracia típica do mercado imobiliário: este era o objetivo de Gabriel Braga e André Penha ao criarem o QuintoAndar, em 2012. Sete anos depois, a dupla viu o projeto tornar-se o nono unicórnio brasileiro - e a primeira proptech do país a alcançar esse status.
Apesar de sofrer com o impacto da pandemia, a startup conseguiu continuar crescendo, atingindo um valor superior a US$ 5 bilhões em 2021, após um aporte que captou US$ 120 milhões. Paralelamente aos novos investimentos, o QuintoAndar adquiriu parceiros, aumentou sua oferta de serviços e escolheu o México para iniciar a sua jornada internacional.
Como surgiu o QuintoAndar
A ideia de criar uma startup para eliminar a burocracia do mercado imobiliário surgiu depois que os cofundadores tiveram experiências pessoais frustrantes na tentativa de alugar um imóvel - tanto na visão do inquilino, quanto na do locador.
Gabriel, hoje CEO da startup, levou dias para conseguir fechar o contrato de sua nova moradia em São Paulo, uma vez que não possuía um fiador na cidade. Já André, agora CTO, viu seu apartamento em Campinas (SP) ficar meses fechado enquanto a negociação estava com uma imobiliária - após assumir o processo, o imóvel foi alugado em duas semanas.
Tempos depois, quando os dois estudavam na Universidade de Stanford (Califórnia/EUA), criaram um projeto acadêmico voltado justamente para analisar os problemas do mercado imobiliário brasileiro. A dupla pensou em uma solução baseada em tecnologia para mudar o processo completo de locação, oferecendo uma experiência totalmente digital e que simplificasse a conexão entre locadores e inquilinos.
Um novo lar a apenas alguns cliques
A proposta do QuintoAndar é bem simples: otimizar as transações imobiliárias. Com um registro jurídico que a permite trabalhar na intermediação imobiliária, inicialmente a startup lançou sua plataforma focada apenas no aluguel de imóveis.
Para o locador, a plataforma funciona como uma vitrine na qual ele consegue expor o imóvel que deseja alugar. Para o inquilino, o espaço é um grande catálogo de opções, com filtros que permitem procurar imóveis de acordo com as características desejadas, incluindo localização, número de quartos ou faixa de preço do aluguel.
Mas o grande diferencial do QuintoAndar - que chamou a atenção de investidores e especialistas do setor - é a tecnologia que permite uma experiência personalizada e 100% online. Todos os processos são feitos digitalmente, desde o cadastro do imóvel, passando pela análise de informações de locadores e inquilinos, até a assinatura do contrato.
A única coisa que acontece presencialmente é a visita do usuário interessado ao imóvel que pretende alugar. Além disso, o modelo dispensa a apresentação de fiador ou pagamento de depósito-caução ou seguro-fiança.
O serviço deu certo e, depois de dois anos funcionando apenas em Campinas, a startup passou a atuar também em São Paulo.
Rodadas e aquisições
Ainda em 2012, o QuintoAndar recebeu US$ 1,1 milhão em uma rodada seed. Três anos depois, a startup levantou US$ 6 milhões em uma rodada de investimentos série A. Novos aportes aconteceram em 2016 (série B), com US$ 16 milhões; 2018 (série C), com US$ 70 milhões; 2019 (série D), quando recebeu US$ 250 milhões e se transformou em unicórnio, e em 2021 (série E), com um primeiro valor de US$ 300 milhões e, posteriormente, uma extensão de US$ 120 milhões, totalizando US$ 420 milhões naquele ano.
Empresas como Kaszek, Qualcomm Ventures e Softbank estão entre os principais investidores da startup.
Mesmo com o início da pandemia, em 2020, a empresa superou as dificuldades e fechou o ano com crescimento saudável. Neste ano, adquiriu a SíndicoNet, empresa especializada em conteúdo e marketplace de serviços para condomínios.
Em 2021, o QuintoAndar atingiu um valor de mercado de US$ 5,1 bilhões. Na época, a conquista refletiu uma bem-sucedida expansão realizada no ano anterior, quando a plataforma abraçou, além do aluguel, a compra e venda de imóveis, negociando mais de mil unidades no primeiro ano do serviço. A empresa também passou a atuar em mais três cidades: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Ainda em 2021, a companhia incorporou a imobiliária Casa Mineira, a empresa de crédito imobiliário Atta, a plataforma Velo - um dos maiores serviços de moradia da América Latina -, e o grupo argentino Navent. Em 2022, foi a vez de a startup Noknox, especializada em tecnologia para condomínios, ser adquirida pelo QuintoAndar.
México e IPO
Com os aportes de 2021, a empresa iniciou a sua estratégia de avanço no mercado internacional. O México foi o primeiro país escolhido, ganhando os serviços de aluguel, compra e venda de imóveis no segundo semestre de 2022.
No México, o QuintoAndar ganhou o nome de Benvi. Seis meses depois da estreia, a empresa anunciou que André Penha assumiria como general manager para liderar o desenvolvimento do produto no país.
Já o IPO só deve vir "naturalmente", segundo o CEO, em entrevista anterior a Época NEGÓCIOS. “Nós enxergamos o IPO como uma etapa no desenvolvimento da companhia, que ajuda a amadurecer, a divulgar nossos números e a trazer mais investidores. Não temos uma data para o IPO", disse.