Unicórnios brasileiros: como a CloudWalk conquistou o mercado nacional de pagamentos e agora mira os EUA

Criada por Luis Silva em 2013, a CloudWalk nasceu mirando o mercado de pagamentos, e com a missão de "facilitar a vida do pequeno e médio empreendedor por meio da tecnologia", conta Silva, que também é CEO da empresa.

Com a popularização das maquininhas de pagamento, o desenvolvedor de softwares e empreendedor viu a oportunidade de entrar no nicho oferecendo um serviço que, além de processar os pagamentos, agilizasse o recebimento por parte dos empreendedores.

Para criar tal produto, Silva priorizou o uso de tecnologia avançada, focando desde o início em soluções de inteligência artificial e blockchain para processar os pagamentos de forma mais rápida. O executivo, inclusive, passou uma temporada no Vale do Silício para aprimorar seus conhecimentos e buscar tendências para a fintech.

Em 2018, a CloudWalk foi uma das escolhidas pelo programa global de inovação aberta da Visa, o Visa Everywhere Initiative. Com a aceleração, a empresa avançou no projeto de criação de uma rede inteligente de pagamentos para processar crédito, débito e outros produtos. Na mesma época, a startup recebeu seu primeiro aporte de série A.

Depois de desenvolver 100% dos seus sistemas, e garantir que todos os processos rodassem em nuvem e blockchain, a CloudWalk lançou oficialmente a InfinitePay, em agosto de 2019. A aceitação do produto foi instantânea. Em 24 meses, o crescimento foi superior a 5.000%.

Grande parte do sucesso da InfinitePay vem das promessas iniciais de Silva - que foram cumpridas: a maquininha estreou oferecendo taxas menores que a concorrência e a antecipação dos recebíveis. Na prática, o empreendedor já recebia o dinheiro no dia seguinte.

O crescimento exponencial da plataforma fez a InfinitePay fechar 2023 com mais de 1 milhão de clientes em mais de 5.400 cidades brasileiras. A CloudWalk afirma que já ajudou os parceiros lojistas a economizarem mais de R$ 2,5 bilhões em taxas desde o lançamento da maquininha.

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Para Luis, o grande diferencial que fez a CloudWalk se destacar no mercado - e chamar a atenção dos investidores - é a tecnologia que a companhia aplica em seus produtos. Em um exemplo, a empresa tem utilizado há tempos inteligência artificial para automatizar atividades como atendimento ao cliente, aprimorar sistemas de combate e prevenção a fraudes, e até mesmo na criação das áreas de marketing e comunicação.

"A aplicação de IA desempenha um papel crucial na melhoria da segurança de nossas ferramentas. Por meio de algoritmos avançados que conseguem analisar desde padrões de comportamento até atividades suspeitas em transações em milésimos de segundos, estimamos que nosso sistema antifraude evitou, apenas no ano passado, milhões de dólares em possíveis perdas financeiras", afirma Luis.

De acordo com o CEO, também são essas tecnologias que garantem a possibilidade de manter taxas e valores atrativos - especialmente com a automatização de processos, permitindo a redução de custos com mão-de-obra para a empresa. De acordo com a empresa, quando foi lançada, a InfinitePay tinha um custo de processamento por transação 35 vezes menor do que concorrentes como Cielo, Stone e PagSeguro.

2021 foi um bom ano para as startups brasileiras - seis delas se tornaram unicórnios: MadeiraMadeira, Unico, Nuvemshop, CargoX, Olist e a CloudWalk. A fintech recebeu duas grandes rodadas de investimento com seis meses de diferença - a primeira, no valor de US$ 190 milhões, e a segunda de US$ 150 milhões.

A última rodada da série C foi liderada pelo fundo Coatue, que já investiu em grandes empresas como Uber, Snap e Impossible Foods. Com os aportes, a startup alcançou um valor de mercado de US$ 2,15 bilhões.

Desde então, a empresa segue um caminho estável e de consolidação, com aumento de portfólio, apostando especialmente no InfiniteTap, solução que transforma qualquer smartphone em uma maquininha de pagamento.

Com o mercado nacional consolidado, a estratégia de crescimento da CloudWalk agora se volta para o exterior. Inicialmente, a startup se concentrará nas cidades americanas de Nova York, São Francisco e Austin. O objetivo é levar para o mercado americano - que tem um volume de transações 10 vezes maior do que o brasileiro - o conhecimento adquirido ao longo de uma década oferecendo produtos financeiros no Brasil.

De acordo com o CEO, atualmente, apesar do alto volume de transações nos EUA, uma pessoa pode levar dias para transferir dinheiro ou fazer pagamentos a partir de sua conta bancária. "Acredito que soluções como o Tap to pay, que transforma smartphones em maquininhas, juntamente aos pagamentos instantâneos, podem realmente beneficiar os comerciantes americanos", afirma Silva.

"Nossa ambição é nos tornar uma plataforma de pagamentos global. Para isso, iremos começar a expansão para países de extensões continentais em outras regiões. Os Estados Unidos foi uma escolha natural para que a gente possa repetir o sucesso que teve no Brasil nos últimos anos", conclui.