Redes sociais podem agravar tripofobia, o desconforto causado por imagens de pequenos buracos, indica estudo

Pesquisadores descobriram que as pessoas têm maior probabilidade de serem tripofóbicos e mais sensíveis a pequenos buracos se já tiverem ouvido falar dessa condição antes, e 64% disseram que descobriram o fenômeno na internet


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— Foto: Getty Images

Quando algumas pessoas olham para aglomerados de pequenos buracos, como aqueles vistos em um favo de mel, elas são repentina e inexplicavelmente preenchidas com uma sensação desagradável. Trata-se da tripofobia, que pode estar sendo estimulada também pelas redes sociais. Um estudo publicado na Quarterly Journal of Experimental mostrou que as discussões online sobre a tripofobia podem estar parcialmente na origem deste fenômeno.

Em uma pesquisa com 283 pessoas com idades entre 19 e 22 anos, uma equipe de psicólogos da Universidade de Essex e da Universidade de Suffolk, ambas na Inglaterra, descobriu que 25% dos indivíduos tripofóbicos nunca tinha ouvido falar da doença, sugerindo que realmente existe algum aspecto da condição que é inato. Mas isso não significa que também não exista um elemento de influência do ambiente.

A equipe também descobriu que os entrevistados têm maior probabilidade de serem tripofóbicos e mais sensíveis a pequenos buracos se já tiverem ouvido falar dessa condição antes, e 64% disseram que descobriram o fenômeno na internet ou nas redes sociais.

"No geral, estes resultados sugerem que, embora a ampla presença da tripofobia na internet possa ter contribuído para o aspecto de aprendizagem social do fenômeno, esta não pode ser a única explicação", escrevem os investigadores.

Isso não é muito surpreendente, acrescenta a equipe. Afinal, a aprendizagem social é um componente conhecido de outras fobias, como as de cobras ou aranhas, "nas quais uma pessoa fica exposta à representação e visão da sociedade sobre certos objetos e/ou toma consciência da aversão experimentada por um membro da família", dizem.

Mas as descobertas recentes sugerem que a frequência da tripofobia pode ser influenciada, pelo menos em parte, pela sua grande presença na Internet.

A tripofobia ainda não é uma condição clinicamente reconhecida, destaca reportagem do Science Alert. Foi descrita pela primeira vez na literatura científica por dois psicólogos da Universidade de Essex em 2013, um dos quais, Geoff Cole, também é autor do novo estudo. Desde então, centenas de artigos de notícias foram escritos sobre o assunto, e memes visuais agora estão espalhados pela internet.

Tripofobia é o desconforto causado por pequenos buracos aglomerados — Foto: Ultra999/Flickr/CC BY-SA 2.0

Hoje, porém, os cientistas ainda estão indecisos sobre se a tripofobia é ou não uma condição real, ou se é “um medo agravado pela Internet”, como alguns especulam. Cole, que escreveu o artigo inicial de 2013, e liderou agora outra série de experimentos na Universidade de Essex, descobriu que a tripofobia afeta cerca de 10% das pessoas.

Embora seja verdade que uma experiência negativa com um evento ou objeto possa induzir uma fobia, é improvável que aqueles com tripofobia tenham sido realmente ameaçados por um aglomerado de pequenos buracos.

tripofobia — Foto: Getty Images

Em vez disso, os cientistas sugeriram que o medo ou a sensação de repulsa é um remanescente evolutivo. Faz-nos sentir desconfortáveis ​​porque o padrão se assemelha a infestações de parasitas, doenças infecciosas ou decomposição – todos os quais podem ameaçar a saúde humana.

"Um relato alternativo da tripofobia baseado na Internet é que uma pessoa que não estava previamente ciente da condição pode perceber que é sensível a buracos e então procurar informações através da Internet", descrevem os pesquisadores. "A internet então confirma o que uma pessoa suspeitava anteriormente".

Isto não significa que as redes sociais estejam a induzir a tripofobia por si só, mas sugere que o conteúdo online está a consciencializar as pessoas para sentimentos que podem já existir. Isto, por sua vez, poderia agravá-los.

Vários estudos anteriores de psicologia descobriram que mesmo entre crianças de 4 e 5 anos, as imagens tripofóbicas causam desconforto, mesmo antes de as crianças terem tempo de se familiarizarem com a Internet.

"No geral", concluem os pesquisadores de Essex, "esses dados sugerem que tanto a aprendizagem social quanto a aprendizagem não social contribuem para a tripofobia".

O que é tripofobia?

Segundo informações do hospital Albert Einstein, tripofobia é o medo ou desconforto causado por padrões geométricos específicos, como pequenos buracos ou agrupamentos de objetos pequenos (por exemplo, protuberâncias).

As imagens que muitas pessoas com tripofobia acham perturbadoras geralmente incluem padrões como favos de mel, sementes de girassol, buracos em esponjas, ou mesmo padrões repetitivos em pele humana.

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