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Lelio Souza Jr: 'Nosso desafio era estar presente no dia a dia do médico, e a forma que encontramos de fazer isso foi por meio da inovação' — Foto: Divulgação/Afya
Lelio Souza Jr: 'Nosso desafio era estar presente no dia a dia do médico, e a forma que encontramos de fazer isso foi por meio da inovação' — Foto: Divulgação/Afya

"Um dos grandes desafios do Brasil é a eficiência do modelo de saúde. Hoje, está exaurido. Temos uma inflação médica mais alta que a inflação econômica, além de desperdício de recursos em exames repetidos ou desnecessários", afirma Lelio Souza Jr., VP de Serviços Digitais da Afya, maior grupo de educação médica do país.

Parte desse desafio da indústria está relacionado a uma dor própria da companhia, que é estender o lifetime value (LTV) na relação com seus clientes -- alunos de Medicina e, posteriormente, médicos já formados que buscam especializações. Isso porque as ferramentas que dão ao médico mais eficiência na tomada de decisões têm impacto duplo: para a Afya, na manutenção desse cliente a longo prazo, e para o sistema de saúde, na geração de informações clínicas valiosas, defende o executivo.

"A gente via que o aluno, depois da graduação, ia embora, ou então consumia alguma pós-graduação, mas também não por muito tempo. Nosso desafio era estar presente no dia a dia do médico, e a forma que encontramos de fazer isso foi por meio da inovação, oferecendo soluções digitais que acompanham o profissional pelo resto da vida e trazem maior eficiência à atividade clínica", relata Lelio.

Fundada pelos médicos Nicolau e Rosangela Esteves em 1997, no interior do Tocantins, a empresa abriu capital na Nasdaq, em 2019, e conquistou um cheque de US$ 150 milhões do Softbank em 2021. Hoje se consolida como um grande hub de soluções para médicos, além da própria formação acadêmica. Atualmente, afirma investir cerca de 15% de sua receita no desenvolvimento de inovação, com foco na criação de novos serviços digitais.

300 mil usuários ativos por mês

Uma das soluções mais populares da companhia é o Whitebook, utilizado por mais de 200 mil médicos nos prontos-socorros do Brasil, segundo a empresa. Trata-se de um banco de dados digital com conteúdos sobre doenças, informações sobre medicamentos e calculadoras divididas por especialidade. O app entrou para o portifólio da companhia graças à aquisição da Pebmed, em 2020.

"O comportamento de buscas nessa plataforma também gera informações relevantes para o sistema de saúde. Já identificamos um surto no norte do país provocado pelo consumo de uma mandioca, por meio do crescimento das pesquisas feitas em uma certa época sobre aquele assunto. São dados importantes para o hospital e para o ecossistema como um todo", diz Lelio.

Nesse segmento de soluções digitais para médicos, no qual a empresa entrou em 2020, a Afya tem cerca de 300 mil usuários ativos por mês, entre médicos e estudantes de medicina. Isso significa que 1 em cada 3 médicos do país é usuário de pelo menos uma solução digital da Afya, segundo a empresa.

Aquisições e criação de CVC

A Afya tem um forte histórico de buscar inovação no mercado por meio de aquisições. Desde a sua abertura de capital, fez 20 aquisições, entre instituições de ensino superior e healthtechs.

Foram 11 as healthtechs adquiridas pela empresa: Pebmed, Medphone, iClinic, Medicinae, Medical Harbour, CliqueFarma, Shosp, RX PRO, Além da Medicina, CardioPapers e Glic - esta última uma solução que melhora a aderência no tratamento de diabéticos.

"A solução tem comprovadamente uma redução do índice de hemoglobina aplicado, que mede se aquele paciente está sendo bem tratado ou não. Além do efeito positivo para o ser humano, de melhora da qualidade de vida, também evita que o paciente entre na fase aguda de procedimentos e internação, o que reduz custos para o sistema de saúde", explica Lelio.

No começo do ano passado, a empresa lançou seu fundo de Corporate Venture Capital (CVC). À época, Bruno Scolari, diretor de Inovação da Afya, afirmou que o foco do CVC serão investimentos minoritários e priorizando startups em estágio inicial (seed) e em início de escala (série A), nas áreas de saúde e educação.

O primeiro investimento do fundo, em maio de 2023, foi na Lean, uma plataforma que usa tecnologia e ciência de dados para criar insights para gestão na área da saúde. A empresa não deu detalhes sobre novos investimentos do CVC, mas Lelio afirma que há uma busca ativa por startups que possam ser integradas ao portifólio do grupo.

De olho em novas tecnologias

Para Lelio, o uso da tecnologia na saúde ganha força com o aumento da longevidade do ser humano. "O setor é fascinante. A nossa longevidade aumenta, mas a qualidade de vida ainda não, então a saúde é um terreno fértil de problemas a serem resolvidos", observa o executivo. "A quantidade de pacientes com doenças crônicas está crescendo de forma exponencial, porque a gente está ganhando longevidade. Então, será preciso garantir aderência aos tratamentos, e para isso a tecnologia é uma forte aliada."

Ele aposta na tendência de uso de wearables ("dispositivos vestíveis") para medição de dados de saúde, e no uso de tecnologia para desenvolvimento de medicamentos personalizados. Além disso, a IA deve entrar com força no setor, especialmente no auxílio às decisões médicas. "A IA generativa não vai substituir o médico. Pelo contrário. Vai aumentar a inteligência e a capacidade, dar ao médico mais ferramentas para atuar em prol da saúde do paciente", acredita.

Na vanguarda da transformação

Para Melissa Angelini, diretora de RI e membro do conselho de administração do Ibri (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), no contexto desafiador da saúde e da educação no Brasil, a Afya conseguiu criar uma estratégia sólida para se destacar, focando em tecnologia.

"O cenário de saúde está passando por uma revolução digital, e a Afya está na vanguarda dessa transformação. Com a ascensão das healthtechs, testemunhamos uma convergência única entre tecnologia e medicina, criando oportunidades sem precedentes", observa a analista. "Além disso, eles têm uma estratégia de crescimento por aquisição. Estima-se que ainda tenham um pipeline relevante de transações, tanto voltadas ao ensino como à tecnologia."

Atualmente, o grupo educacional tem 20,8 mil estudantes matriculados em cursos de medicina, com uma fatia de 10% de participação de mercado. A empresa estima chegar em 2028 com 32,8 mil alunos, o que representa 15% do market share.

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