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Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert abrem apartamento de 150 m², em São Paulo

Não há canção melhor para a playlist do pied-à-terre de Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert em São Paulo do que Home Is Where the Heart Is na voz de Elvis Presley. Talvez Here, There and Everywhere, escrita por John Lennon e Paul McCartney, seja uma das poucas candidatas com versos à altura. Dizer que o lar de cada um é onde o outro está é o clichê perfeito para o casal, que cria ninhos e filhos em casas que reverberam a química indiscutível dos dois. “Sempre viajei e morei em vários endereços ao mesmo tempo. Depois que encontrei o Rodrigo, que também tem essa alma um pouco itinerante, continuamos com as mudanças de lugar, cidade, casa... Tem até um certo exagero”, recorda a moradora no cenário marcado por objetos afetivos dos pais e raridades do mobiliário moderno brasileiro arrematadas há cerca de duas décadas, como a mesa e as cadeiras de jantar de jacarandá idealizadas por Sergio Rodrigues.

Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, ambos vestindo Osklen e ela de sandália Fendi e joias Tatiana Queiroz, posam na sala de estar com sofá Laguna by Elle e mesa de apoio Brut, da Westwing, com vaso Banquetinho, de Paula Juchem, na Dpot Objeto – na parede, da esq. para a dir., quadros Beverina (2019) e Orquídeas (2015), de Gilda Vogt — Foto: André Klotz

Fica em Lisboa a atual primeira morada da família, onde os gêmeos Francisco e João, de 16 anos, estudam e passam a maior parte do tempo. “Eles ainda não vieram aqui, mas estou louca para que cheguem porque vai virar uma grande bagunça”, prevê. Já a caçula, Maria, de 4 anos, acompanha os pais no apartamento de 150 m², situado em um prédio de 1955 e abraçado por plantas que emolduram a vista na sala de estar. Quem vê os espaços integrados não diz que, antes da reforma comandada pela designer Mariana Kraemer – de quem Fernanda é amiga de longa data –, com projeto arquitetônico de Daniel Fromer, o layout era totalmente compartimentado. A conexão, por ali, foi inegociável, principalmente na cozinha com marcenaria bordô, tom que ganhou aos poucos o coração da dona da casa. “O Rodrigo cozinha e adoramos ficar perto. Faz parte da nossa vida. Talvez seja o ambiente em que mais gostamos de estar.”

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No quarto dos gêmeos Francisco e João, integrado ao living, uma foto antiga do pai de Fernanda jogando basquete, o quadro Sem Título (2012), de Maurício Parra, e um pandeiro repousam sobre aparador da Securit, diante de banco de meditação da MTrancoso, na Westwing – na parede, tinta na cor Areia, da Solum — Foto: André Klotz

Outro ângulo do mesmo ambiente exibe uma das camas de solteiro coberta por tapeçaria Kilim Semnan Antigo, da Botteh, manta e almofadas marroquinas, arandela da Reka Iluminação, mesa lateral Orgânica, da Westwing, sobre tapete Tulu Paquistão, da Botteh, no piso de madeira original restaurado – na parede, tela Sem Título (2004), de Pedro Ferreira — Foto: André Klotz

Fernanda, de macacão Osklen, sandália Fendi e joias Tatiana Queiroz, posa na sala de jantar, composta por mesa e cadeiras assinadas por Sergio Rodrigues, com centro de mesa Ostra, de Camila Martins, e garrafa Texturas, de Nathalia Favaro, ambos na Dpot Objeto, flores da Galeria Botânica e pendente Acítara, do Cris Bertolucci Estúdio – nas paredes, pendurador de pedra (à esq.), de Flavia Madeira, e obra Para Porto Alegre, de Dudi Maia Rosa — Foto: André Klotz

Canto da sala de estar com bandeja Solo, de Ana Neute, na Dpot Objeto, abajur Costume, do Cris Bertolucci Estúdio, e paisagismo assinado pelo Jardineiro Fiel — Foto: André Klotz

Sempre viajei e morei em vários endereços ao mesmo tempo. Depois que encontrei o Rodrigo, que também tem essa alma um pouco itinerante, continuamos com as mudanças de lugar, cidade, casa...”

— Fernanda Lima

Na cozinha, banquetas da Westwing, armário bordô executado pela Securit com vasos de barro do Jardineiro Fiel – sobre a bancada de granilite da Casa Franceza, centro de mesa do Studio Thiago Bicas, regador Lina, de Gilberto Gomes, e caneca Cone, de Cecília Cesário, tudo na Dpot Objeto, e quadro Sem Título (2019), de Rafael Vogt Maia Rosa — Foto: André Klotz

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Além da morada em Portugal e do apartamento na capital paulista, os artistas mantêm uma terceira residência, na Praia de Santo Antônio, na Bahia. Em cada destino, Fernanda expressa seu repertório construído no Brasil e mundo afora. De Porto Alegre a Nova York, de Los Angeles a Marrakech, um relicário de memórias ganha formas: dos primeiros anos de carreira vividos em São Paulo, traz o vaso da HStern adquirido em incontáveis parcelas, item que, na época, prometeu nunca quebrar (o que cumpre até hoje); da viagem recente ao Marrocos, vêm as colchas e almofadas de listras que cobrem as camas dos primogênitos; e, da cidade natal, a gaúcha exibe as obras de Gilda Vogt e Dudi Maia Rosa. “São artistas de uma época em que eu gostaria de ter vivido. É interessante trazer autores do passado que, de repente, mais velhos, são redescobertos pela juventude.”

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Na sala de estar, Rodrigo Hilbert, vestindo Osklen, cuida das plantas que compõem o paisagismo do Jardineiro Fiel, ao lado de poltrona da Westwing, decorada com manta peseira de tricô, de Jacqueline Chiabay, na companhia da escultura Pés, de Evelyn Tannus, ambas na Dpot Objeto – tudo sobre tapete Khorjin Sumak, da Botteh — Foto: André Klotz

No quarto da caçula, Maria, balanço e tapete de amarelinha da Kinder Design, fotografia Fuga de Manhattan (2018), de Dudi Maia Rosa, e cortina da Edy Nunes Decorações — Foto: André Klotz

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As referências familiares, que moldaram quem ela é, também se fazem presentes pelos corredores e estantes. Saudosa, guarda o registro do tempo em que o pai, Cleomar, era cestinha de grandes times brasileiros de basquete, como Fluminense e Grêmio. “Uma fotografia que eu adoro, porque mostra um salto do meu pai com uma garra que define o que ele é para mim e o que me ensinou na vida.” Da mãe, Maria Tereza, herdou o pandeiro, a percussão, o violão e outros instrumentos que eternizam a sonoridade da matriarca. “São objetos que foram chegando após a partida deles.”

No quarto do casal, cabeceira Arco e mesas laterais Maria Alice, da Westwing – sobre elas, escultura Mão P, de Bernardo Krasniansky (à esq.), garrafa e copo Bolas (à dir.), todos na Dpot Objeto, e luminárias da Otsuki Iluminação –, banco vintage de Sergio Rodrigues, no qual se apoia a manta Prió, de Regina Misk, na Dpot Objeto, cortinas da Progetto Persianas e tapete de acervo pessoal — Foto: André Klotz

No tão desejado refúgio paulistano, longe dos meninos e da maioria dos seus pertences, Fernanda se sente “absolutamente em casa”, com as plantas, os garimpos, a iluminação baixa e a intimidade que ela constrói sob cada teto que habita. “Prefiro casa pequena. Tenho a sensação de que os ambientes se tornam mais acolhedores, e quando a família está reunida ficamos no mesmo lugar. É assim que gostamos de estar, bem juntinhos”, confessa. Como cantam Emicida e Vanessa da Mata em Passarinhos, “dispostos a achar um ninho, nem que seja no peito um do outro”. Mais uma para a playlist!