“A ecologização da cidade é assunto de todos”, afirma Éric Piolle, prefeito de Grenoble, na França, a capital não oficial dos Alpes franceses. Como um dos primeiros membros do Europe Ecology (Partido Verde) a liderar uma cidade na França, ele fez com que isso acontecesse. Em 2022, a União Europeia nomeou Grenoble como Capital Verde da UE, um prêmio anual concedido a uma cidade que está “liderando o caminho para uma vida urbana ecologicamente correta”. Uma série de parcerias público-privadas e uma forte ênfase na democracia participativa permitiram que Grenoble – com uma população de 160 mil habitantes – se tornasse uma das cidades mais verdes do mundo.
Como prefeito, a abordagem de Piolle à sustentabilidade está enraizada na ciência e é impulsionada pelos cidadãos. Cercada por montanhas, a topografia de Grenoble determina sua necessidade de densidade urbana e, portanto, a cidade é a terceira mais concentrada da França. No entanto, ela também se dedica a fornecer um amplo espaço verde público por meio de um planejamento ambicioso que incentiva hortas urbanas, jardins verticais e programas de plantio de árvores que permitem os cidadãos plantarem árvores doadas por empresas em espaços públicos não utilizados. Esforços de mobilidade suave, como ruas para pedestres no centro da cidade, uma rede próspera de caronas solidárias, “rodovias para bicicletas” e uma escola municipal para educação sobre segurança de bicicletas são outros exemplos. Esses tipos de políticas adotadas pelos cidadãos criam um senso de parceria entre o público e sua liderança, como um objetivo único de melhorar a vida urbana e a agir com consciência climática.
“Para permitir que todos possam não só viver respeitando o meio ambiente, mas também viver melhor, precisamos contar com a pesquisa”, diz Piolle, observando que disponibilizar publicamente as informações mais recentes sobre as alterações climáticas é fundamental para a participação informada dos cidadãos no programa de propostas climáticas da cidade, permitindo a apresentação de planos de ações municipais para melhorar o meio ambiente e oferecendo apoio para implementá-las por meio de parcerias públicas ou público-privadas com empresas. Por exemplo, o fornecedor público de eletricidade, GEG, “produz o equivalente às necessidades de eletricidade verde de todas as famílias de Grenoble”, explica Piolle, permitindo que todas as casas sejam totalmente alimentadas por energia renovável. A cidade também está substituindo seu asfalto por materiais que permitem a infiltração de água, proibiu produtos fitossanitários e está concluindo a renovação energética de edifícios públicos para melhorar o seu desempenho e reduzir os efeitos ambientais.
“A participação dos cidadãos é uma força propulsora para transições ecológicas e sociais”, afirma o presidente da Câmara, algo que ele observa que pode ser visto em comunidades por toda a França. Na convenção climática pública do ano passado em Grenoble, 219 ideias foram apresentadas para mitigar e agir sobre o aquecimento global. A ênfase em soluções climáticas participativas também transformou Grenoble em uma das principais cidades europeias de pesquisa. Quando estudos mostraram que uma média de uma pessoa por ano estava morrendo devido à poluição do ar, o prefeito Piolle criou um programa financiado pelo estado para substituir gratuitamente os aparelhos a lenha por soluções de aquecimento mais saudáveis em todas as casas. O seu governo apoia startups que também estão avançando em soluções ambientalmente corretas, como a Waga Energy, que produz biometano a partir de gás de aterro sanitário e o alimenta diretamente na rede nacional, evitando emissões anuais de 45 mil toneladas de emissões equivalentes de CO2.
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De 2005 a 2016, as emissões de gases com efeito estufa de Grenoble caíram 25%, e Piolle levou essas metas ainda mais longe, com a ambição de reduzi-las em 50% até 2030, 10% acima do valor de referência do Plano Metropolitano Local de Ar e Energia para 2019. A designação da UE para 2022 foi outro motivador para o prefeito e os residentes, e uma oportunidade de ser um exemplo para outras pessoas em todo o mundo. “O ano da Capital Verde permitiu a mobilização geral do território em torno do desafio climático”, afirma Piolle. “Mas agimos de acordo com seus critérios diariamente”.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest
Traduzida por Maria Mesquita