Um só planeta

Por Elizabeth Fazzare*


O design ecológico não é nem de longe só mais um termo da moda– é um movimento. Os arquitetos e designers estão adotando soluções sustentáveis através de todos os tipos de projetos e casas que não são exceção. À medida que as tecnologias avançam, a eficiência energética começa com a arquitetura. Para as novas construções, a escolha de materiais adequados ao clima específico pode ajudar a reduzir o consumo geral de uma casa familiar. Durante as reformas, a instalação de janelas e portas de alto desempenho podem ajudar a manter a temperatura interna consistente, reduzindo a necessidade de sistemas de climatização.

Sala em apartamento assinado pelo arquiteto Thiago Bernardes — Foto: Ruy Teixeira
Sala em apartamento assinado pelo arquiteto Thiago Bernardes — Foto: Ruy Teixeira

No entanto, uma vida ecológica nem sempre requer uma grande transformação física. Especialistas em design concordam que as mudanças com consciência ecológica certamente podem começar pequenas, desde eletrodomésticos que compramos até os tecidos que utilizamos. Uma abordagem prática à sustentabilidade requer uma mentalidade de longevidade – mesmo que você não more na sua casa para sempre, os efeitos da sua concepção e manutenção duram gerações. Use essas dicas em cada cômodo da sua casa para reduzir os impactos ecológicos negativos dentro do lar.

1. Evite as tendências de design para reduzir os resíduos

Embora possa parecer divertido redecorar a casa regularmente, reduzir o consumo de produtos – e consequentemente o lixo – é um princípio importante no design de interiores sustentável. “Evitar as tendências e, em vez disso, olhar para o mundo natural como fonte de inspiração, maximizará a vida útil esteticamente do seu design de interiores”, conta Alicia Storie da empresa de design AdesignStorie, no Reino Unido. “As tendências vêm e vão. No entanto, os interiores com os quais temos uma forte ligação emocional podem passar por esse teste de tempo.”

Banheiro com bancada de granilite em projeto assinado pelo arquiteto Leandro Garcia — Foto: Fran Parente
Banheiro com bancada de granilite em projeto assinado pelo arquiteto Leandro Garcia — Foto: Fran Parente

Se você precisa de uma mudança, vá até uma loja de tecidos ou à sua loja de garimpos favorita. “Considere estofar e retocar móveis antes de comprar novos”, aconselha a designer Laura Hodges, da Baltimore e Washington, DC. “Compre localmente e experimente o mobiliário vintage ou antigo” para apoiar a economia circular.

2. Considere os materiais – e seus ciclos de vida

É tentador comprar mármore da Itália e janelas da Alemanha, mas a energia necessária para o envio desses produtos pode aumentar muito a pegada de carbono geral da sua casa. Em vez disso, opte por produtos locais certificados por terceiros como “madeiras com certificação FSC, roupa de cama, estofados e têxteis com certificação OEKO-TEX e GOTS”, conta o arquiteto e designer de interiores Laurence Carr, de Nova York.

No Rio de Janeiro, apartamento assinado por David Bastos ganha mais dormitórios e décor em tom de areia — Foto: Denilson Machado/MCA Estúdio
No Rio de Janeiro, apartamento assinado por David Bastos ganha mais dormitórios e décor em tom de areia — Foto: Denilson Machado/MCA Estúdio

“Considerar se as peças e os componentes são construídos para durar e se podem ser reutilizados, reaproveitados, retocados ou reciclados é uma parte importante do design de uma casa”, afirma Hodges, que também aconselha a instalação de bancadas de cozinha de cores claras para que o cômodo necessite de menos luzes artificiais fora das horas de luz do dia.

3. Questione os compostos

“Assim como nos acostumamos a questionar de onde vem a nossa comida e o que tem nela, precisamos perguntar o mesmo sobre os nossos tecidos”, fala o designer Chenault James em Louisville, no Kentucky. “A indústria têxtil utiliza uma ampla quantidade de produtos químicos, como corantes, alvejantes e acabamentos, que são prejudiciais ao meio ambiente e aos seres humanos. A tecnologia permitiu a criação de linho ou veludo falso de poliéster de ótima aparência, mas é preciso pensar no fato de que não serão biodegradáveis”.

Na decoração, priorize tecidos ecologicamente corretos — Foto: Rogério Cavalcanti
Na decoração, priorize tecidos ecologicamente corretos — Foto: Rogério Cavalcanti

Em todas as casas, prefiras as fibras naturais como algodão e linho para cortinas e estofados, e escolha tapetes de lã, sisal ou de juta.Tintas e acabamentos não devem conter VOCs– compostos químicos cuja liberação de gás pode danificar órgãos humanos e formar ozônio ao nível do solo. O ozônio troposférico pode desencadear uma série de problemas de saúde, especialmente em crianças, idosos e pessoas de todas as idades que sofrem de doenças pulmonares, como a asma.

4. Escolha os produtos com sabedoria

Cozinha em projeto assinado pelo arquiteto Maurício Arruda — Foto: Ruy Teixeira
Cozinha em projeto assinado pelo arquiteto Maurício Arruda — Foto: Ruy Teixeira

Escolhas pensadas durante as compras podem fazer uma grande diferença para uma casa sustentável. “Na cozinha, você pode colocar uma caixa de compostagem nos armários e utilizar produtos de limpeza biodegradáveis/naturais, roupas de cama orgânicas, toalhas de papel reutilizáveis, embalagens de cera de abelha para alimentos, e potes de silicones reutilizáveis para reduzir os resíduos", afirma Hodges. No banheiro, ela recomenda lencinhos reutilizáveis de maquiagem, escovas de dente de bambu e fio dental recarregável, considerando que os protetores de colchão e travesseiro prolongam a vida útil da roupa de cama.

5. Escolha aparelhos que utilizem menos energia

“A otimização da energia para a eficiência significa utilizar menos recursos em sua vida diária”, explica a arquiteta Monica Sanga, de São Francisco. “Escolher aparelhos energeticamente eficientes e torneiras/louças de baixo fluxo é a solução mais simples”. Em sua própria casa, Sanga optou por uma placa de indução, persianas automatizadas e sensores de luz para reduzir o consumo de gás e eletricidade. Enquanto isso, Hodges projeta banheiros com “luzes de LED, vasos sanitários com descarga dupla, piso aquecido e torneiras arejadas” para economizar no uso de água e energia.

6. Atualize seus sistemas

Banheiro com claraboia assinado pelo escritório HYLA Architects — Foto: Derek Swalwell/Divulgação
Banheiro com claraboia assinado pelo escritório HYLA Architects — Foto: Derek Swalwell/Divulgação

Se você estiver disposto a assumir um projeto maior, examine seus sistemas e faça ajustes. A instalação de um método para capturar e reciclar a água cinza (vinda de qualquer lugar além do banheiro) pode reduzir o uso de água, enquanto os painéis solares– geralmente subsidiados por programas governamentais– minimizam as necessidades do gerador, diz Carr. As bombas de calor são o “novo padrão de substituição de fornos” de Sanga, e ela destaca a importância do aquecimento e resfriamento passivos por meio do isolamento e sombreamento adequados. Uma solução simples são os tratamentos das janelas, que “filtram a luz natural e limitam o consumo de energia da iluminação artificial, bem como isolam a casa do ar frio e do calor do sol”, conta Hodges.

7. Tenha uma educação sustentável

Como qualquer setor nichado da indústria, o mundo do design e dos produtos sustentáveis pode ser opaco e cheio de jargões. Carr sugere que faça seu dever de casa antes de tomar decisões definitivas. “Aprenda sobre as certificações padrão de terceiros e transparência nas indústrias de arquitetura e design para te ajudar a fazer escolhas conscientes ao comprar produtos ou ao avançar com um arquiteto, designer, empreiteiro ou paisagista”, diz ela. “Essas certificações são um forte guia para materiais mais saudáveis e produtos, marcas e serviços confiáveis e de alta fidelidade e confiança.”

Os apartamentos mais visitados na Casa Vogue em 2022 — Foto: Luiza Schreier
Os apartamentos mais visitados na Casa Vogue em 2022 — Foto: Luiza Schreier

Se transformar toda a sua casa de uma vez só é um pouco demais, vá passo a passo. Embora as mudanças maiores e permanentes causem um impacto ambiental maior e mais positivo, “Eu também acredito em passos pequenos quando se trata de sustentabilidade”, diz Hodges. “Em última análise, a escolha mais sustentável é aquela com a qual você pode se comprometer”, completa Sanga.

*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest
Traduzido por Maria Mesquita

 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação
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