Decoração

Por Nádia Simonelli


Casa com materiais naturais, madeira e muito design nacional assinada pelo escritório Bernardes Arquitetura — Foto: Fran Parente
Casa com materiais naturais, madeira e muito design nacional assinada pelo escritório Bernardes Arquitetura — Foto: Fran Parente

Nos últimos anos a casa se tornou um oásis em meio ao caos urbano, a decoração ganhou ares minimalistas, a tecnologia trouxe mais praticidade no dia a dia e a cor vermelha até virou um hit momentâneo. Tudo isso moldado pelos eventos que acontecem no mundo e pelos novos comportamentos que surgem a partir deles. Mas, o que será tendência na decoração em 2024? Para descobrir o que vai palpitar nos corações de quem vai reformar ou construir — ou até mesmo dar uma renovada rápida no décor — neste novo ano, falamos com especialistas hábeis em mapear insights e traduzi-los para o universo da arquitetura e design de interiores.

Segundo eles, a decoração deve ser menos padronizada e o novo luxo será pautado ainda mais pela exclusividade. Nesse sentido, os trabalhos manuais ganham importância. A ideia de casa-refúgio vai continuar em alta e isso deve influenciar a escolha de cores e materiais. Já a tecnologia promete ir além do entretenimento e será cada vez mais acessível. Outro aspecto importante são as mudanças climáticas, que pedem urgência na criação de alternativas para levar bem-estar e segurança aos moradores. "O ano de 2024 promete espaços inspiradores, impulsionados pela inovação, sustentabilidade e personalização, onde as tendências buscam não apenas seguir padrões estéticos, mas também incentivar a autoexpressão e a reflexão dos valores pessoais na criação de ambientes ideais para viver", afirma Ale Salles, arquiteto e coordenador da pós-graduação em Design de Interiores Contemporâneo do IED São Paulo. Confira em detalhes 15 tendências do universo da arquitetura e decoração apontadas pelos especialistas!

1. Afeto e ancestralidade

Ancestralidade e itens afetivos decoram a casa do designer Daniel Jorge, em Salvador — Foto: Filippo Bamberghi
Ancestralidade e itens afetivos decoram a casa do designer Daniel Jorge, em Salvador — Foto: Filippo Bamberghi

O desejo por ambientes que revelam autoexpressão e, ao mesmo tempo, transmitem conforto e aconchego aos moradores está ligado ao resgate da ancestralidade e à itens afetivos. "Eu acredito muito mais que a tendência para 2024 está alinhada ao afeto em si do que necessariamente a um estilo específico. Isso porque, ainda sob um efeito pós-pandemia, as pessoas estão buscando dentro de suas casas um refúgio, um lugar com significados para se reconectar", diz a arquiteta Melina Romano. A profissional explica que dentro dessa estética há uma preferência por peças que carregam consigo histórias, misturadas em um ambiente atual.

Essa mistura aparece também no estilo neo-tradicional, que mescla elementos clássicos com toques contemporâneos, elencado por Ale Salles. "Esse visual proporciona sensação de conforto, equilibrando a elegância atemporal com uma sensação de modernidade", afirma.

No estudo de tendências Pinterest Predicts, um estilo batizado de gótico-sertanejo ficou em evidência. Segundo a plataforma, essa decoração é um misto de country e gótico, que mescla referências retrô, clima de faroeste e toques sombrios. Para isso, a geração Z e os boomers devem garimpar peças de antiquário, tapeçarias com franjas e chapéus de cowboy para incluir em suas decorações.

2. Construção sustentável e biofílica

Concreto ciclópico atua como cabeceira, enquanto a taipa de pilão fornece conforto térmico ao quarto em projeto assinado pelo F.Studio, em Botucatu — Foto: Fran Parente
Concreto ciclópico atua como cabeceira, enquanto a taipa de pilão fornece conforto térmico ao quarto em projeto assinado pelo F.Studio, em Botucatu — Foto: Fran Parente

Tema central e essencial em muitas áreas, a sustentabilidade também deve nortear as escolhas para os projetos de arquitetura e interiores em 2024. De acordo com Ale Salles, há uma crescente ênfase no uso de materiais sustentáveis e designs inspirados na natureza, refletindo a preocupação crescente com o tema. "Essa tendência vai se destacar com a ascensão do design biofílico, incorporando elementos naturais como plantas internas, mobiliários de madeira orgânica e paletas de cores terrosas para criar fusões harmoniosas entre espaços internos e externos", explica. Nesse movimento, há ainda a preferência por materiais ecológicos, soluções energéticas eficientes e a reutilização de peças decorativas.

Melina Romano destaca também que o upcycling vai ganhar ainda mais força. "As pessoas estão pensando sobre como a economia circular pode acontecer também dentro de casa. Eu acho que isso é uma tendência além da estética, mas que está muito ligada nesse estilo particular que a casa vem se tornando", afirma Melina. De acordo com o Pinterest Predicts, houve um aumento significativo nas buscas relacionadas ao reaproveitamento e reciclagem de materiais, evidenciando que o que não serve para uma pessoa pode ser o tesouro da outra. Segundo a pesquisa, a geração X e os boomers vão transformar retalhos, madeira e outros materiais reciclados em peças e objetos novos.

3. Escapismo

Apartamento com decoração vibrante assinado por Edoardo e Giulia Anna Milesi, do Estúdio Edoardo Milesi & Archos — Foto: Andrea Ceria
Apartamento com decoração vibrante assinado por Edoardo e Giulia Anna Milesi, do Estúdio Edoardo Milesi & Archos — Foto: Andrea Ceria

É inegável que no mundo há uma busca por coisas alegres e divertidas e isso também se refletirá na decoração em 2024. "Isso vem do escapismo porque os tempos são sombrios e as notícias que viralizam são aterrorizantes", explica Iza Dezon, especialista em tendências e CEO da empresa de consultoria Dezon. Esse desejo de fugir, de criar um mundo paralelo onde tudo é bonito e feliz, explica o sucesso da inteligência artificial, que viralizou nas redes sociais em 2023. "A inteligência artifical trouxe como influência um toque de surrealismo, a preferência por itens lúdicos, nostálgicos e cores bastante saturadas", diz.

4. Luxo discreto

O quiet luxury ficou em alta no ano passado e deve seguir em 2024 — Foto: Helena Clunies-Ross
O quiet luxury ficou em alta no ano passado e deve seguir em 2024 — Foto: Helena Clunies-Ross

Segundo Iza Dezon, vivemos a rebordosa do quiet luxury, um conceito estético de luxo discreto que dominou a cultura pop em 2023 impulsionado pelo lançamento da quarta e última temporada da série Succession, hit da HBO. Assim, tons sutis, como beges, branco, tons de cacau, tabaco, caramelo e muito off white estarão em alta, além de preto e cinza para criar contrastes. "Essa estética casa muito bem com o desejo do brasileiro por coisas com cara de novas", afirma.

5. Artificação

Peças cada vez mais exclusivas serão a saída das marcas de luxo para driblarem a indústria massificada — Foto: Ruy Teixeira
Peças cada vez mais exclusivas serão a saída das marcas de luxo para driblarem a indústria massificada — Foto: Ruy Teixeira

Essa tendência vem de encontro à capacidade de a grande indústria copiar criações de grandes marcas de luxo. "Tenho a sensação de que o mercado está começando a se interessar pela artificação", revela Iza Dezon. Isso quer dizer: elevar o fazer artesanal a um status de prestígio indiscutível. Trata-se de um desejo por objetos que sejam únicos e tratados como arte e isso é possível graças às técnicas feitas à mão. "Desse insight nascem parcerias e coleções de peças limitadas com senso de excelência. O mercado de luxo está fazendo isso para sobreviver às marcas que copiam massivamente, criando algo muito único e exclusivo para que isso seja o valor agregado", explica a especialista.

6. Cores terapêuticas e restauradoras

O quarto do influenciador Michell Lott, decorado com cores amenas e naturais — Foto: André Klotz
O quarto do influenciador Michell Lott, decorado com cores amenas e naturais — Foto: André Klotz

"Existe uma tendência no uso de cores mais suaves para esse ano, incluindo tons de verdes e azuis claros, acompanhado de tons mais naturais como marrom, laranja, terracota, mostarda", revela Nabila Sukrieh, arquiteta e sócia do Estúdio Minke. A profissional conta, ainda, que nos projetos do escritório ela e sua equipe gostam de trabalhar especialmente com a seguinte combinação: tons mais leves e refrescantes unidos a matizes mais quentes e naturais. "Sempre com uma ou duas cores mais potentes para dar mais contraste".

Essa ideia de suavidade é reforçada pela cor do ano de 2024, eleita pela Coloro/WGSN, a Apricot Crush. Trata-se de um tom de laranja refrescante, energético e rejuvenescedor. Cada vez mais as cores vão desempenhar um papel fundamental na composição de ambientes envolventes, que tenham uma atmosfera de alegria e bem-estar. "À medida que lidamos com diversos sentimentos e emoções incertas sobre o futuro, cores quentes e restauradoras como essa serão atraentes e combinarão perfeitamente com a proposta de uma casa com qualidades terapêuticas", analisa Naia Silveira, especialista em tendências na WGSN América Latina. Além disso, os tons médios, inspirados na terra, virão para conectar os moradores à natureza, enquanto os neutros suaves vão compor espaços reconfortantes que acalmam e nutrem.

7. Acabamentos naturais

Triplex em Portugal com assinatura brasileira aposta em materiais naturais e design — Foto: Gui Morelli
Triplex em Portugal com assinatura brasileira aposta em materiais naturais e design — Foto: Gui Morelli

Considerando o cenário das diversas crises mundiais que vivemos atualmente, a casa deve ser projetada para diversas formas de vida e gostos pessoais e, por isso, deve ser feita para durar. "Assim, representando a longevidade, a tendência são materiais atemporais e de alta qualidade, que atravessarão anos e até mesmo gerações", aponta Naia. Por isso, haverá mais consciência nas escolhas de acabamentos. "As pessoas vão querer algo que dure mais tempo e que também poderá ser reciclado no futuro. Por exemplo, um piso de madeira pode ser lixado novamente", explica Melina Romano. A arquiteta ressalta ainda a relevância dos mármores brasileiros rajados, com bastante desenho. "Vem aparecendo muito no mercado e eu acho que há uma tendência forte de se valorizar os fornecedores locais", afirma.

Já Nabila Sukrieh lembra que superfícies com texturas leves ao toque, materiais artesanais e revestimentos com pigmentação natural também estarão em alta. E isso tem um motivo. "A gente passa tanto tempo nesse universo digital em 3D, sem textura e sem cheiro, que eu sinto que a sensorialidade tem sido muito desejada pelas pessoas", explica Iza Dezon.

8. Ambientes multiúso e integrados

Em São Paulo, apartamento de 148 m² tem home office na varanda — Foto: Thiago Travesso
Em São Paulo, apartamento de 148 m² tem home office na varanda — Foto: Thiago Travesso

De acordo com Naia Silveira, este ano os holofotes vão ficar sobre os ambientes que permitam múltiplos usos. "Espaços internos flexíveis que podem fazer a transição para acomodar as necessidades dos moradores ao longo do dia estão crescendo em importância", diz.

Melina Romano destaca o aumento da procura de clientes por uma casa multifuncional. "O que eu vejo hoje é que tem muitas atividades que as pessoas passaram a fazer mais em casa após a pandemia. Com isso, os ambientes começaram a ter mais de uma única função", afirma. Em uma mesma mesa, por exemplo, é possível trabalhar e almoçar durante o dia e, à noite, receber os amigos.

O relatório da WGSN aponta que assentos e móveis que ajudam a criar uma sensação de separação quando desejado, como cadeiras com encostos e laterais altos, estarão em alta, coexistindo em uma área de estar principal. "Pensando numa personalização, independentemente do cômodo, também veremos cantos com uma proposta mais luxuosa, oferecendo uma sensação de hotel em casa, como uma área dedicada à penteadeira ou um espaço de relaxamento aconchegante", completa Naia.

9. Cozinha e área externa em foco

A cozinha é considerada um dos ambientes que vão receber mais atenção nos projetos em 2024 — Foto: Ana Mello
A cozinha é considerada um dos ambientes que vão receber mais atenção nos projetos em 2024 — Foto: Ana Mello

Você já ouviu falar que a cozinha é o ambiente onde todos da casa se reúnem? É por isso que esse espaço será ainda mais valorizado em 2024. "Pela nossa experiência, os ambientes mais priorizados pelos moradores atualmente são as cozinhas, as áreas de lazer e varandas — muitas vezes integradas e com vivências muito similares", explica Nabila Sukrieh. Segundo a arquiteta, isso vem acontecendo porque as pessoas estão usufruindo do seu próprio espaço em todos seus aspectos, buscando mais bem-estar e conexão com a própria casa. "E são nesses ambientes onde acabam passando a maior parte do tempo", diz.

Falando especificamente sobre as cozinhas, o levantamento Pinterest Predicts sinalizou um aumento considerável de pesquisas sobre cores berrantes, mix de estampas, quadros, plantas e pinguim de geladeira na plataforma. Então, a estética kitsch deve voltar com tudo nas cozinhas em 2024. Liderada pela geração X e os boomers, essa tendência promete transformar esse ambiente na estrela da casa, segundo o Pinterest. A especialista Iza Dezon também explica que a cozinha tem se tornado um dos ambientes mais importantes em função do aumento do interesse das pessoas em comerem bem, seja de modo saudável ou indulgente.

10. Casa multiespécie

Casas com pets e plantas compõem as novas famílias e serão destaque em 2024 — Foto: Steph Wilson/ Unsplash
Casas com pets e plantas compõem as novas famílias e serão destaque em 2024 — Foto: Steph Wilson/ Unsplash

"Da mesma forma que há algumas décadas as famílias com mães e pais solo não eram muito comuns, as casas que agora abrigam diversas espécies de seres vivos anunciam o surgimento de famílias não tradicionais, com plantas morando em nossas salas de estar e pets que dormem em nossas camas", afirma Naia Silveira. A pesquisa da WGSN aponta, ainda, que a casa multiespécie atende diversas gerações — de baby boomers e pessoas da geração X, que adotam aves, cães e gatos, já que os filhos se mudaram de casa, aos millennials e à geração Z, que tratam os pets como filhos e as plantas como companheiras.

As casas com pets vão demandar, por exemplo, móveis e objetos com design prático e divertido ao mesmo tempo, assim como peças mais artesanais, como crochês e macramês. Em 2024 vamos nos preocupar mais em incorporar plantas que não sejam tóxicas para aos animais em casa com arranjos domésticos inovadores. "Desde hidropônicos elegantes até displays criativos, como ideias montadas na parede", exemplifica Naia.

Ale Salles explica também que "as soluções de design incluirão mobiliário pet friendly, áreas de descanso específicas para animais, integração de elementos naturais para estimular seus sentidos e espaços funcionais que acomodem as necessidades tanto dos humanos quanto dos animais".

A matilha de Chay Suede e Laura Neiva vive confortavelmente na casa do casal em São Paulo — Foto: Deco Cury
A matilha de Chay Suede e Laura Neiva vive confortavelmente na casa do casal em São Paulo — Foto: Deco Cury

Os estudos de tendências também sinalizam a criação de salas de jantar para cães, pátios para gatos e chuveiros para pets com um interessante apelo estético, mas que também poderão passar por uma limpeza mais pesada quando necessário.

Para se ter uma ideia do potencial dessa tendência, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Pet Brasil junto ao IBGE, chamado Censo Pet, nosso país tem mais de 139 milhões de animais de estimação – 54 milhões de cães, 39,8 milhões de aves, 23,9 milhões de gatos, 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de répteis e pequenos mamíferos.

11. Cortinas de volta

Cortina imponente no apartamento do arquiteto David Bastos — Foto: Fran Parente
Cortina imponente no apartamento do arquiteto David Bastos — Foto: Fran Parente

Consideradas fora de moda durante alguns anos, as cortinas voltam à cena e com um papel que vai além da decoração. "Depois de anos de devoção às janelas, os moradores vão se interessar novamente pelas cortinas, que estão sendo usadas como um recurso indispensável para emoldurar, estilizar e decorar espaços internos", sinaliza Naia Silveira. Além disso, as cortinas serão fundamentais para revitalizar o décor de casas e apartamentos de aluguel — para pessoas que gostariam de fazer uma reforma, mas estão com o orçamento apertado. "As cortinas que dividem os cômodos podem oferecer mais flexibilidade e ocupar menos espaço do que divisórias ou móveis para aqueles que têm espaço limitado. Elas também são uma solução eficaz para criar espaços individuais, o que é fundamental para colegas de quarto e lares com várias gerações", afirma Naia.

De acordo com o estudo da WGSN, as cortinas também serão fundamentais para a economia de energia e o isolamento térmico. E isso será possível graças ao desenvolvimento de novos materiais, capazes de proteger o espaço da temperatura extrema causada pela crise climática e até purificar o ar.

Ale Salles complementa explicando que tecidos leves e fluidos podem ser escolhidos para criar uma atmosfera suave e aconchegante. "Enquanto cortinas inteligentes, controladas por dispositivos de IA, oferecerão conveniências adicionais. É interessante como esse elemento poderá se articular projetualmente como uma membrana fluida e até mesmo, como um elemento interativo entre ambientes", explica.

12. Minimalismo x maximalismo

No Rio de Janeiro, texturas e estampas decoram apartamento de 400 m² — Foto: Wesley Diego Emes
No Rio de Janeiro, texturas e estampas decoram apartamento de 400 m² — Foto: Wesley Diego Emes

Há anos o minimalismo figura como uma tendência forte, que veio como uma espécie de apaziguadora de nossas angústias geradas pelo cotidiano agitado das grandes cidades. Mas, atualmente decorações mais coloridas e pautadas pela mistura de estampas e texturas têm ganhado muitos adeptos. Então, será que o minimalismo, enfim, está cedendo espaço para o maximalismo?

"Acho que existe sim um espaço para o maximalismo e que isso deverá aparecer mais durante esse ano de 2024, ainda que seja um maximalismo sutil", analisa Nabila Sukrieh. A arquiteta afirma isso porque, segundo ela, essa tendência pode ser percebida em alguns detalhes, com elementos mais vivos e colocados de forma que os ambientes ainda sejam muito delicados, mas um pouco mais diferentes e fora da curva.

Na opinião de Naia Silveira, não se pode afirmar categoricamente que o minimalismo está perdendo lugar para o maximalismo, porém, de fato essa estética mais exuberante está ganhando espaço. "O equilíbrio, contudo, continua sempre bem-vindo", aponta. Os dados da WGSN mostram que o maximalismo está crescendo e a estética no design de interiores está se tornando mais expressiva. Mas, ao mesmo tempo, os estilos escandinavo e japonês continuam a ser tendência.

Já Ale Salles, observa que o maximalismo está ganhando espaço nas percepções contemporâneas, trazendo de volta a expressividade e a abundância de elementos decorativos. "Ambientes mais ricos em texturas, cores vibrantes e padrões ousados podem substituir o minimalismo, refletindo uma busca por personalidade e individualidade nos espaços interiores", reflete. Segundo o arquiteto, a mistura de estilos e a exibição de coleções pessoais podem se tornar mais frequentes no design de interiores contemporâneo.

Melina Romano compartilha da mesma opinião e acredita que o maximalismo vem como uma tendência forte. "Atualmente, jovens arquitetos estão se expondo para o mercado de uma forma mais maximalista e eu acho ótimo. É importante a gente ter diversidade e ter um pouco de tudo para todos", diz. Apesar disso, ela acredita que isso não invalida o minimalismo. "Ao contrário, eu acho que num país tão diverso como o nosso, é preciso ter espaço para todos".

13. Natureza indoor

O apartamento repleto de plantas do arquiteto Guto Requena — Foto: Maíra Acayaba
O apartamento repleto de plantas do arquiteto Guto Requena — Foto: Maíra Acayaba

Nos últimos anos a presença da natureza dentro de casas e apartamentos começou a ser apontada como uma tendência de design de interiores e isso vem se fortalecendo com o passar do tempo. "É vital para todos nós. Esperamos que as pessoas percebam isso cada vez mais! As plantas trazem uma sensação de bem-estar, leveza, calma e transformam um imóvel em um lar. Além disso, para nós, a vegetação é peça-chave na decoração. As formas orgânicas e variadas das plantas, o movimento que elas trazem para o espaço, são complementares à arquitetura", explica Nabila Sukrieh.

Sob o olhar de Melina Romano, hoje as pessoas estão buscando mais praticidade para ter a natureza dentro de casa. "Há muitas soluções de vasos diferenciados, hortas e até mesmo iluminação específica para as plantas, já que, eventualmente, há locais internos que não são bem iluminados", explica. Dessa forma, a arquiteta acredita que as empresas estão se movimentando para criarem soluções cada vez mais criativas e práticas para que as pessoas possam incluir cada vez mais plantas no ambiente doméstico. "Em cidades cosmopolitas, como São Paulo, as plantas significam vida e vida é o que as pessoas querem ter dentro de casa", conclui.

14. Tecnologia para além do entretenimento

A sede do Casa Vogue Experience 2023 mostrou como a tecnologia pode estar presente no lar para além da automação residencial — Foto: Filippo Bamberghi
A sede do Casa Vogue Experience 2023 mostrou como a tecnologia pode estar presente no lar para além da automação residencial — Foto: Filippo Bamberghi

Certamente você tem um assistente de IA na sua casa e passou a pedir música para ele. Isso porque as caixinhas de som dotadas de uma persona virtual ganharam popularidade nos últimos anos e devem estar ainda mais presentes nos lares, mas com funções mais ligadas à organização e segurança. "Considerando-se que as novas moradias se tornarão mais conectadas, eficientes e inteligentes na próxima década, a tendência que toma força em 2024, pensando nos assistentes de IA, é que um único produto passe a desempenhar cada vez mais funções", analisa Naia Silveira.

Estes dispositivos tendem a simplificar diversas atividades domésticas em casas hiperconectadas e podem gerenciar a iluminação, temperatura, sistemas de segurança e eletrodomésticos. "Além disso, esses assistentes podem oferecer lembretes para a manutenção da casa, criar agendas automatizadas e até mesmo aprender padrões de comportamento para antecipar as necessidades dos moradores", explica Ale Salles. A Samsung, por exemplo, lançou recentemente a plataforma Samsung Food, que é um assistente pessoal de cozinha que oferece receitas personalizadas e conselhos sobre dieta ao morador, além de gerenciar o estoque de ingredientes e controlar remotamente os eletrodomésticos.

A arquiteta Melina Romano aposta no crescimento da automação residencial, que antes era menos acessível. As novas gerações estão absorvendo melhor a ideia dessa tecnologia, que está evoluindo bastante, e entendendo que isso pode facilitar muito o dia a dia doméstico. "Hoje em dia a automação é uma realidade, inclusive, para projetos de metragens menores, como os estúdios. No meu escritório, a gente consegue colocar em quase 100% dos nossos projetos, independente do tamanho e da complexidade, porque os clientes sempre pedem isso", revela. A profissional explica, ainda, que a automação inclui desde fechaduras eletrônicas até projetos luminotécnicos mais complexos.

Já Iza Dezon acredita que a internet das coisas e a automatização serão como camadas em nossas casas e poderão aparecer, inclusive, embarcadas nas paredes. A especialista reflete sobre a importância dessas tecnologias serem pensadas para irem além do lúdico e incremental, mas que sejam usadas para funções que realmente facilitem a rotina. "Eu estou esperando a inteligência da geladeira, a que fica mudando a música não me interessa. Nós precisamos de uma casa mais segura para nossos pais idosos, para os adolescentes e crianças, para os pets e para os portadores de deficiência visual, por exemplo", explica. Ela afirma, ainda, que esse cenário está ligado ao fato de que as tecnologias, muitas vezes, são desenvolvidas com foco no público masculino. "Em geral, não são os homens que cuidam da casa", reflete.

15. Inteligência artificial x projetos de interiores e arquitetura

Ambiente criado via inteligência artificial — Foto: Atelier Marko Brajovic + Midjourney; Studio Rotolo + Midjourney; Studio Snoop; Visual Citizens e divulgação
Ambiente criado via inteligência artificial — Foto: Atelier Marko Brajovic + Midjourney; Studio Rotolo + Midjourney; Studio Snoop; Visual Citizens e divulgação

A inteligência artificial dominou o debate na internet no último ano e passou a ser usada como recurso para otimizar processos em diversas áreas, inclusive na arquitetura e no design de interiores. Mas, apesar disso, é unanimidade entre os entrevistados que a criatividade humana continua essencial no desenvolvimento de projetos. "É importante ressaltar que a IA, embora represente avanços notáveis em diversas áreas, não substituirá o papel essencial desempenhado pelo design de interiores e pela arquitetura. Enquanto as tecnologias avançam para otimizar processos e oferecer soluções eficientes, a criatividade, sensibilidade estética e compreensão humana, inerentes ao trabalho desses profissionais, permanecerão insubstituíveis", esclarece Ale Salles.

Segundo Iza Dezon, a inteligência artificial pode ser uma ferramenta usada para a co-criação. "Mas ainda não acredito que possa ser usada para criar sem a gente. Sou uma defensora de que a gente precisa investir na nossa criatividade e não na criatividade da IA", defende. Apesar disso, Iza explica que a tecnologia tem potencial em um campo chamado meta-arquitetura (ou arquitetura do metaverso), que é onde os arquitetos desenham espaços virtuais. Já para o mundo tangível, ela afirma que o recurso é uma boa alternativa para a otimização de processos e informações, além do cruzamento de dados. "Pode ajudar para que os profissionais de arquitetura e interiores cheguem a conclusões mais efetivas", diz.

Alinhada a este ponto de vista, Naia Silveira prevê que seja importante que designers e arquitetos invistam em ferramentas de IA generativas. "Elas vão permitir acelerar o processo de ideação o que, inclusive, vai aumentar a produtividade. A IA também vai contribuir para que eles potencializem projetos voltados à sustentabilidade", completa.

Na prática, Melina Romano explica que em seu escritório a inteligência artificial é usada para dar celeridade aos processos. Ela cita como exemplo o uso da tecnologia na área de marketing, em pesquisas e até mesmo para criar imagens de inspiração de modo rápido. "Minha equipe e eu temos muito respeito com a nossa criação, que tem sair das nossas cabeças e das nossas mãos", conclui a arquiteta.

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