Arquitetura

Por Gustavo Frank


Projeto do escritório de arquitetura alemão Opposite Office criou o Castillo Congresso — Foto: Divulgação
Projeto do escritório de arquitetura alemão Opposite Office criou o Castillo Congresso — Foto: Divulgação

Os ataques durante a invasão à Praça dos Três Poderes, em Brasília, despertaram a atenção do mundo. Obras de arte e grande parte do patrimônio brasileiro foram destruídos durante o ato, cometido por terroristas pró-Bolsonaro e que podem ultrapassar custar R$ 20 milhões em prejuízo. De olhos nesses acontecimentos, o escritório de arquitetura alemão Opposite Office projetou o Castillo Congresso: um muro para transformar o edifício projetado por Oscar Niemeyer em uma "fortaleza para proteger a democracia".

A ideia surgiu do princípio, na opinião de Benedikt Hartl – um dos arquitetos do Opposite Office, de que a arquitetura precisa se tornar mais política. “Tornou-se apenas um serviço”, diz ele em entrevista à Casa Vogue. “Os arquitetos desenham belas fachadas, mas a arquitetura costumava ter um impacto político e social muito maior.”

Antes do projeto no Congresso Nacional, o escritório também criou um mesmo conceito para o Capitólio, após a invasão cometida por apoiadores do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021.

Antes de criarem intervenção para o Brasil, profissionais tinham feito projeto para proteger o capitólio — Foto: Divulgação
Antes de criarem intervenção para o Brasil, profissionais tinham feito projeto para proteger o capitólio — Foto: Divulgação

“Acho que nós arquitetos temos que mudar isso e evoluir mais nas questões políticas e sociais. A divisão e polarização de nossas sociedades ao redor do mundo é uma questão crítica e um desenvolvimento assustador nos últimos anos”, defende Benedikt. “Nossa proposta deve ser entendida metaforicamente e, ao contrário, encorajar o pensamento crítico. Ao construir um muro, obviamente não protegemos nossa democracia, mas devemos trabalhar nas razões pelas quais nossas sociedades estão cada vez mais divididas.”

O projeto “distópico”, como descrito pelo estúdio, é uma parede de 1,5 metro de espessura, feita a partir de tijolos reciclados. Os módulos consistem em diferentes formas geométricas, como círculo, triângulo e linhas retas. “É uma distopia quando vivemos em um mundo onde temos que nos esconder atrás de muros ainda mais altos”, explica o arquiteto. “Acho que é uma questão social sobre como queremos viver.”

Imagem do muro criado para proteger o Congresso Nacional do Brasil — Foto: Divulgação
Imagem do muro criado para proteger o Congresso Nacional do Brasil — Foto: Divulgação

Benedikt cita como exemplo os condomínios fechados na América do Sul, em geral. “Queremos esconder toda a nossa vida atrás de muros ou procuramos soluções sociais para criar uma sociedade mais igualitária que não precisemos esconder a nossa riqueza?”. Para ele, isso se aplica na política. “Quando não encontrarmos soluções políticas para mais igualdade, as pessoas vão se tornar cada vez mais radicais, mais divididas, e então realmente precisamos de muros para manter nossa ordem social.”

“Mas esta não deve ser a nossa reivindicação. Por isso chamo de distopia. Mas na verdade hoje em muitas partes da nossa vida essa distopia se tornou realidade”, complementa.

Estrutura seria feita de tijolo reciclado e a partir de módulos geométricos — Foto: Divulgação
Estrutura seria feita de tijolo reciclado e a partir de módulos geométricos — Foto: Divulgação

Sobre ter projetado uma intervenção em obras criadas pelo brasileiro Oscar Niemeyer, um dos arquitetos mais renomados em todo o mundo, Benedikt diz que o brasileiro “provavelmente também não concordaria com esse projeto”.

“Em geral, tentamos projetar da maneira mais sensível possível, mas também é claro que uma parede sólida, uma parede de proteção, terá uma certa presença”, comenta. “Pelo menos o desenho da parede com formas geométricas é baseado no desenho do Oscar e realmente harmoniza muito bem se você não perguntar a um preservacionista.”

Projeto é dito como "distópico" pelos arquitetos do Opposite Office — Foto: Divulgação
Projeto é dito como "distópico" pelos arquitetos do Opposite Office — Foto: Divulgação

Por fim, quando questionado se acredita que, no futuro, as construções terão que pensar mais na segurança, o arquiteto conclui: “Não acho que seja o futuro, mas o presente. Mas antigamente era bem melhor. Basta olhar para a grande arquitetura brasileira de Lina Bo Bardi ou para a grande arquitetura democrática de Vilanova Artigas.”

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